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Faz esta quarta-feira cinco anos. No dia 27 de maio de 2015, Monção ficou a conhecer um novo prato. Chamava-se Lombelo à S. Jorge. Foi apresentado com grande pompa no Museu do Alvarinho.
Perante dezenas de empresários da restauração do concelho, o novo prato entrou pelas mãos do chefe José Vinagre. Dos ingredientes, para alem do lombelo, destacavam-se ainda as bicas e o arroz caldoso de grelos. A acompanhar, claro está, um vinho Alvarinho da Sub-Região de Monção e Melgaço.
“As pessoas, quando vão aos restaurantes, procuram um determinado sabor caraterístico do estabelecimento. E é isso que devem encontrar no Lombelo à São Jorge“, disse na altura António Condé Pinto, presidente adjunto executivo da Associação Portuguesa de Hotelaria, Restauração e Turismo (APHORT).
A criação foi batizada com um nome de um santo sobejamente conhecido na terra, quanto mais não seja pela dura batalha que todos os anos trava com a Coca. Isto para que, reza a lenda, Monção continue a ter bom vinho e boas colheitas agrícolas. O prato pretende assim homenagear esta figura que representa o Bem na luta contra o Mal.
“Temos um prato que pode estar todo o ano nas vossas cartas [ementas]. Se queremos que seja um prato que de alguma forma represente Monção, o cliente não pode chegar cá e ser informado de que os restaurantes só o fazem na primavera ou no verão”, realçou Condé Pinto.
A economia local era um dos pilares centrais em que assentava esta iniciativa. Logo, continuou o representante da APHORT, “isto só faz sentido se os restaurantes conseguirem ter este prato na sua ementa e ganharem dinheiro com ele. E assim todo o Município vai ganhar se toda a atividade económica funcionar bem”.
Sem grandes segredos e com ingredientes relativamente simples, o então novo Lombelo à São Jorge mostrava-se despido de qualquer pretensiosismo. “É um prato que não vem substituir nada do que está na carta. Os senhores [empresários da restauração] devem olhar para este Lombelo à São Jorge como um prato que vem enriquecer a ementa”, frisou.
Barbosa: “Quando se avança para a promoção de um prato, deveria haver alguma sintonia entre a Câmara Municipal e a restauração”
Os meses foram passando e os restaurantes acabaram por não aderir. O prato nem sequer aparecia pouco nas ementas do concelho. Simplesmente não aparecia.
A Câmara Municipal era, na altura, gerida pelo PS. A liderar a oposição social-democrata estava António Barbosa que, perante estes resultados, não perdoou.
“Isto é mais uma prova de que, quando se avança para a promoção seja de um prato ou de qualquer outro tipo de evento, deveria haver alguma sintonia entre a Câmara Municipal e a restauração”, disse António Barbosa na altura à Rádio Vale do Minho.
“Nós, enquanto força política, nem sequer fomos convidados [para a sessão de apresentação] e nem nos foi dado qualquer conhecimento na altura relativamente a essa matéria”, lamentou o vereador que seria eleito presidente da Câmara menos de dois anos depois.
Augusto Domingues desdramatizou e sublinhou importância do cordeiro
Ouvido também pela Rádio Vale do Minho, o presidente da Câmara de Monção na altura, Augusto Domingues (PS), desdramatizou o cenário.
“Aparentemente, a restauração não agarrou esta ideia lançada. Mas agarrou no Cordeiro à Moda de Monção e também a lampreia. Continua a agarrar o sável e cada vez mais a promoção e venda do vinho Alvarinho”, apontou o edil socialista. “Esses são produtos tradicionais que vejo que são cada vez mais procurados e consumidos”, sublinhou.
Sobre o Lombelo à São Jorge, o autarca socialista rejeitou a ideia de fracasso. Augusto Domingues realçou que “são sempre ideias que lançamos para que a restauração lhes pegue. Lido mal com o fracasso. Gosto mais do sucesso. Quando não dá uma coisa, passo logo para outra”.
A apresentação do Lombelo à São Jorge, ocorrida em maio de 2015, integrou-se na iniciativa Prove Alto Minho, promovida pela CIM Alto Minho, pela APHORT e pelos dez municípios da região.
[Fotografia: Arquivo / Município de Monção]
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