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Monção: “Que tal juntar o pessoal para fazer uma rotunda com sacos cheios de terra?”

15 Julho, 2020 - 15:07

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O povo está a perder a paciência. Perdeu-se a conta aos acidentes que ocorreram nos últimos anos na Estrada Nacional (EN) 202, em Monção. O chamado cruzamento de S. Pedro é um dos pontos mais negros deste concelho no que toca à sinistralidade rodoviária.

Ao princípio da manhã desta quarta-feira, um morto e dois feridos foi o resultado de nova tragédia. Não ocorreu no “maldito cruzamento”, mas foi lá perto. Na mesma estrada onde já tombaram dezenas de vítimas de outros acidentes.

“Que tal juntar-se o pessoal para fazer uma rotunda provisória com sacos cheios de terra ou areia?”, sugeriu uma internauta num dos comentários à notícia da Rádio Vale do Minho, partilhada no facebook.

“Estão à espera de quê? Prioridade esta rotunda, não pode continuar assim… já deveria existir há muitos anos, em vez de arranjarem estradinhas”, disparou outra utilizadora.

Para trás… uma autêntica passadeira com quilómetros de promessas que o povo não vê hora de serem cumpridas. A mais recente data do passado mês de fevereiro, quando o Governo garantiu ao grupo parlamentar do Bloco de Esquerda (BE) na Assembleia da República que esta rotunda iria ser uma realidade.

“A IP já se encontra a desenvolver um projeto para a melhoria da rede viária do distrito de Viana do Castelo e contemplando  a construção da rotunda na Estrada Nacional 202, dando inicio no segundo semestre do corrente ano”, garantiu o Ministério liderado por Pedro Nuno Santos em resposta escrita aos bloquistas.

 

Quase uma década de pesadelo

 

O dia 25 de fevereiro de 2011 foi trágico para um motociclista. Eram cerca das 19h30 quando, naquele cruzamento, uma colisão entre um ligeiro e um motociclo provocou um ferido grave. 

De acordo com relato feito pela GNR na altura, o acidente deveu-se à falta de cedência de passagem por parte do veiculo ligeiro que foi embater no motociclo.

Minutos mais tarde, e nesse mesmo cruzamento, um condutor de um outro veículo ligeiro atropelou uma mulher que foi transportada para o Hospital de Viana do Castelo.

 

José Emílio Moreira ameaçou cortar a estrada

 

Foi em março de 2013 que a então chamada Estradas de Portugal (EP) admitiu reformular este cruzamento perigoso à entrada de Monção. Tudo porque o então presidente da Câmara, José Emílio Moreira (PS), ameaçou cortar a estrada caso se registasse algum acidente mortal. “Infelizmente, parece que só deste forma é que se resolvem as coisas em Lisboa”, disse na altura o autarca.

A EP esclareceu ainda na altura que, segundo dados oficiais disponibilizados pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), entre 2009 e julho de 2012 “foram registados oito acidentes rodoviários que originaram dois feridos graves e 10 feridos ligeiros”, naquele cruzamento.

 

Uma garantia que mudou sentido de voto do CDS-PP

 

“Mais um acidente no cruzamento de S. Pedro. Até quando?”, escreveu no passado mês de outubro José Luís Alves, antigo vereador pelo CDS-PP na Câmara de Monção, na sua página do Facebook. Foi este autarca que, em fevereiro de 2017, viabilizou em reunião do Executivo Municipal o projeto de execução da Reabilitação da EN 101.

O PSD votou contra. Para António Barbosa, então líder da oposição, o centro histórico da vila era mais importante. Foi então que nessa mesma sessão, o então presidente da Câmara, Augusto Domingues (PS), garantiu ao vereador centrista que a construção da rotunda de S. Pedro começaria nesse mesmo ano. 

José Luís Alves absteve-se na votação, tendo causado espanto total na vereação do PSD. João Garrido, na altura vereador social-democrata, chegou mesmo a levantar os braços a meia altura. Tudo o resto, era silêncio à direita. Três votos contra vindos dos sociais-democratas, abstenção do vereador do CDS-PP, três votos favoráveis dos socialistas. 

O projeto de execução da Reabilitação da EN 101 avançou com o voto de qualidade do presidente da Câmara. A rotunda, essa, não.

 

CDS-PP começou a perder a paciência

 

Em julho desse ano, com as eleições autárquicas a aproximar-se, o CDS-PP começou a perder a paciência. “Quero esclarecer de uma vez por todas o que vai acontecer em relação à rotunda de São Pedro. Vejo que já há obras aqui na vila e não é a melhor altura para as fazer”, disse José Luís Alves em reunião do Executivo.

“Estamos a prejudicar os comerciantes da vila quando era a rotunda de São Pedro que deveria estar a ser feita! Quero que me sejam clarificados os timings para a realização desta rotunda, dado que houve aqui um compromisso assumido entre mim e a Câmara”, recordou o autarca do CDS-PP.

Na resposta ao vereador, o presidente da Câmara, Augusto Domingues, começou por referir que a Vice-Presidente da autarquia, Conceição Soares “teve recentemente uma reunião com a IP. Estamos a «esticar a corda» ao máximo a ver se o Estado paga. Se isso não acontecer, terá de ser o Município a investir”.

Na sequência da explicação dada pelo autarca socialista, a Vice-Presidente acrescentou que “temos o projeto praticamente feito. Queremos agora saber se damos continuidade ao projeto ou se querem eles [IP] fazer o projeto de novo”. “Estamos a pressionar. Tenho ligado constantemente para a Engª. Luísa Cordeiro no sentido de acelerar e fazer-nos chegar essa proposta, mas o facto é que a IP não tem respondido”, lamentou Conceição Soares.

 

PS não desiste… PSD não promete

 

Vieram as eleições autárquicas de 2017. Em Monção o PS perdeu. Os socialistas não desistiram e, logo nas primeiras sessões camarárias – em novembro desse ano – abordaram o assunto. Agora como presidente da Câmara, António Barbosa (PSD) assumiu que é uma prioridade… mas “uma prioridade cara”.

“São 250 mil euros a ‘fazer filhos em mulher alheia’! A obra é na Estrada Nacional, que não é da nossa competência!”, atirou António Barbosa. No entanto, o edil monçanense terminou a deixar um compromisso: “Iremos pressionar, no sentido da IP [Infraestruturas de Portugal] antecipar esse investimento naquele espaço”.

No mês seguinte, em reunião de Câmara e com o Orçamento Municipal para 2018 em cima da mesa, Augusto Domingues voltou a tocar no assunto. “Aquilo é muito perigoso! Já apanhei lá sustos e muita gente me conta também que viveu naquela zona momentos aflitivos”, sublinhou o líder da oposição.

Na resposta, o presidente da Câmara mostrou-se compreensivo, mas não prometeu. Deixou até um recado. “Se a obra é assim tão prioritária, vocês [PS] deveriam ter começado por aí em vez de gastar 600 mil euros na requalificação da EN101. E ainda sobravam 300 mil euros para investir no casco histórico [custo da rotunda ronda os 250 mil euros]”, devolveu António Barbosa.

 

Mesmo sem assento… CDS-PP não desarma

 

Mesmo sem assento no Executivo Municipal, o CDS-PP não perdeu os objetivos de vista. Um ano depois, por alturas da discussão do Orçamento Municipal para 2019, os centristas lembraram a necessidade da rotunda “por forma a combater o elevado índice de sinistralidade que ali se tem verificado”.

Já em Assembleia Municipal, realizada em Novembro do ano passado,  José Emílio Moreira, agora como deputado municipal, voltou a apelar à urgência na construção da rotunda. Na resposta, o presidente da Câmara admitiu que terá de ser feita mas Barbosa não atribui a esta obra a mesma prioridade dada pelos socialistas. O edil social-democrata lembrou que a Infraestruturas de Portugal tem também de assumir responsabilidades nesta matéria.

 

Mais dois acidentes a fechar 2019

 

Garantias? Poucas ou nenhumas. Enquanto isso, no histórico deste cruzamento somam-se os episódios trágicos. No passado mês de outubro, um homem de 60 anos foi atropelado neste local. Seguiu para o Hospital de Braga em estado na altura considerado grave.

Pouco tempo depois, uma jovem de 22 anos ficou ferida após uma colisão rodoviária entre dois veículos ligeiros. Foi transportada para o Hospital de Viana do Castelo com ferimentos considerados leves.

 

[Fotografia: DR]

 

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