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Monção

Monção: CDS «finta meio mundo» e viabiliza reabilitação da EN 101

14 Fevereiro, 2017 - 03:23

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Obra voltou à mesa do Executivo. PSD mantém Centro Histórico como prioridade nos investimentos.

O vereador do CDS-PP viabilizou esta segunda-feira, em reunião do Executivo Municipal, o projeto de execução da Reabilitação da EN 101. Em traços gerais, a obra prevê a repavimentação, colocação de separador central, passeios e nova iluminação num troço de 700 metros, que liga a rotunda de Cortes à rotunda de acesso ao centro urbano/ponte internacional. Contas feitas, uma obra cujo valor total ascende aos 556 mil euros (IVA incluído) [1ª de 3 fases].
Mas recuemos no tempo. Há duas semanas, o mesmo projeto tinha sido chumbado pelo PSD e pelo CDS-PP. O presidente da Câmara de Monção prometeu na altura voltar a trazer a obra à mesa do Executivo. Dito e feito. Mas desta vez, a gestão socialista veio mais apetrechada. Fez uma apresentação multimédia onde foi possível aos presentes ficar com uma ideia mais clara do aspeto final daquela intervenção.
Depois daí, tudo se transformou quase que num «replay» da última sessão, com Augusto Domingues a realizar uma nota introdutória onde enalteceu a obra. “Com uma obra destas, esta zona vai ficar muito mais segura. As pessoas vão ter passeio para circular. Os carros vão andar mais devagar. As pessoas que nos visitam pensam que Monção acaba na rotunda de Cortes”, disse Augusto Domingues. “Não entendam isto como teimosia gratuita, mas sim porque acredito!”, justificou o presidente da Câmara à oposição. “Quando me dizem que seria melhor investir noutro lado, isto não nos impede de investir noutro lado, sobretudo no centro histórico”, continuou o edil que garantiu que, no máximo dentro de duas reuniões, “vamos trazer aqui o projeto da Praça da República que neste momento está uma selva! Vamos trazer aqui o projeto para avançarmos imediatamente com essa obra”.
O presidente da Câmara colocou de parte, desde logo, qualquer eleitoralismo e deu até exemplos nacionais. “Que efeito nos vão dar estas obras se elas não vão acabar no mandato? A base eleitoralista seria fazer como Alberto João Jardim, que inaugurava na campanha eleitoral”, lembrou. “Estas obras vão ser inauguradas pelo próximo presidente de Câmara. Isto ainda demora! Não é pelo facto de haver eleições que vou parar”.
Antes da ordem de trabalhos, Augusto Domingues já tinha jogado um trunfo para a mesa. O autarca socialista congratulou-se com os dados do IEFP a apontar Monção como o concelho de toda a região do Minho onde o desemprego mais desceu no espaço de um ano. “Como autarca tenho uma obsessão, que é o emprego. Acho que com esta intervenção o emprego vai aumentar. À margem deste investimento, vão aparecer empresas”, considerou. “Se daqui a 20 anos me encontrarem na rua, dou-vos direito a insultar-me. Não me vou enganar!”, finalizou o presidente da Câmara.

Barbosa: “Centro histórico de Monção encontra-se a definhar”

Se a sensação de «dejá vu» era notória, mais intensa ficou com a posição vinda do PSD. Sem sinal de flexibilidade perante os apelos vindos da esquerda, o vereador António Barbosa voltou a ser taxativo na posição dos sociais-democratas. “Não está em causa a beleza da obra. Todos os investimentos feitos na nossa terra são sempre bem-vindos. Mas a questão aqui é que há visões diferentes do concelho”, começou por sublinhar o líder local do partido. “Nada mudou. O projeto é exatamente o mesmo. A única diferença foi que foi feita uma apresentação [multimédia], mas que para o PSD não é prioridade”, reiterou.
Previsivelmente, a carga do PSD sobre os socialistas começou a aumentar. “Monção tem hoje um equilíbrio financeiro muito melhor do que tinha há três anos porque os partidos à direita de quem governa não permitiram que a Câmara fosse pedir um único cêntimo de empréstimo bancário”, realçou António Barbosa. “Por conta dos partidos da oposição, hoje a Câmara de Monção tem um equilíbrio financeiro que está à vista de toda a gente. Esta Câmara está melhor financeiramente porque o Sr. Presidente ganhou as eleições sem maioria”, disparou o vereador.
Depois deste «ajuste», o voto contra dos sociais-democratas adivinhava-se. António Barbosa passou de seguida à declaração de voto. “Mantém-se por resolver aquilo que é efetivamente prioritário, ou seja, a imediata intervenção no cruzamento de São Pedro (Pousa) através da implementação de uma nova rotunda”, leu o autarca. “As obras de reabilitação entre a Rotunda de Cortes e a Rotunda do Sardinha estavam a desviar fundos municipais no valor de mais de meio milhão de euros, para uma intervenção em Estrada Nacional 101, quando as referidas obras são da responsabilidade da Infraestruturas de Portugal (IP) SA”, continuou. “O centro histórico de Monção encontra-se a definhar, necessitando, este sim, de intervenções de fundo na envolvente da Estação Ferroviária, na Praça da República, na Praça Deu-la-Deu, nos passeios e pavimentos de toda a vila, e, de forma muito urgente, são necessárias operações de reabilitação e regeneração urbanas”, rematou.

“Não queira passar lá para fora aquilo que não é a realidade!”

Uma vez mais embalado na crítica, António Barbosa lembrou as propostas “A” e “B” para o Projeto de Requalificação Urbanística da Avenida D. Afonso III, envolvente da antiga estação da CP. “Abriu uma votação pública [em maio do ano passado]. Hoje continuamos sem saber o resultado da votação. Estamos em Fevereiro de 2017 sem termos uma solução em cima da mesa”, concluiu o vereador do PSD.
Na resposta, o presidente da Câmara acusou os sociais democratas de “incongruência”. A justificar, Augusto Domingues recordou que o PSD se absteve na votação do Orçamento Municipal para 2017. “E no Orçamento está a obra prevista. Foi aprovado na Assembleia Municipal e nós temos que respeitar a Assembleia Municipal”, disse o edil socialista. “O Sr. às vezes tem dificuldade em defender o indefensável!”, atirou o presidente da Câmara a António Barbosa. “Não é verdade que esqueci a envolvente da Estação! A Estação está aí, faz parte da envolvente e vai servir a Banda Musical de Monção. Estamos a comprar casas velhas e a demoli-las para que depois o projeto encaixe na perfeição”, esclareceu. “A reação popular na internet foi 50/50. Uma metade quer o barracão [antigo armazém da CP] e outra metade não o quer”.
Com o debate a subir de tom, António Barbosa deu a réplica. “O Sr. Presidente não queira passar lá para fora aquilo que não é a realidade! Abstenção no Orçamento não significa que eu estou a favor daquilo que lá está. Significa uma coisa muito simples que é a de que deixamos governar”, frisou.

CDS-PP «muda a agulha» e sela futuro de Monção

Com a «arena» ainda a escaldar, tal era a batalha entre PS e PSD, o vereador do CDS-PP [que tinha votado contra a obra da 101 na última reunião] lançou gelo sobre os sociais-democratas. “Reconheço agora que, com esta apresentação [multimédia] que fizeram, incluíram a questão da segurança no projeto. Na passada sessão, o único momento em que se falou de segurança foi quanto eu falei na Rotunda de São Pedro”, recordou José Luís Alves que defendeu também que deveria ser a IP a suportar os custos do pavimento. “A obra é muito necessária. Muito bonita. Mas a prioridade é a Rotunda de São Pedro”, considerou.
Na resposta, o presidente da Câmara foi claro. Assumiu que a construção daquela rotunda começará ainda este ano e que a autarquia não deixará de fazer pressão junto da IP no sentido de custear o asfalto. As palavras agradaram ao CDS-PP e tudo mudou. José Luís Alves anunciou a abstenção, acompanhada da promessa de “voltar à carga” caso a palavra dada por Augusto Domingues não seja cumprida.
No cair do pano, a expressão de espanto da bancada do PSD. Surpreendido, o vereador João Garrido encostou-se na cadeira como se perdesse forças levantando os braços a meia altura. Tudo o resto, era silêncio à direita. Três votos contra vindos dos sociais-democratas, abstenção do vereador do CDS-PP, três votos favoráveis dos socialistas. O projeto de execução da Reabilitação da EN 101 avança com o voto de qualidade do presidente da Câmara.

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