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Valença

Valença: Um Património de Feira que orgulha o Norte e a Galiza – Veja as FOTOS

1 Novembro, 2023 - 12:14

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Feira dos Santos de Cerdal.

O dia amanheceu sem chuva em Cerdal, Valença.

 

Na secular Feira dos Santos, que está a ter lugar esta quarta e quinta-feira, as centenas de feirantes cedo começaram os pregões.

 

“A cinco euros, menina! Tudo de boa qualidade”, ouvia-se pelos corredores de um evento que, incrivelmente, já conta com mais de 300 anos.

 

No entanto, notou-se um arranque a meio gás. Menos pessoas que o habitual.

 

“É a manifestação!”, dizia-se pelas tendas. A resposta estava certa.

 

Naquele momento a A3, no sentido Valença/Porto e em direção à saída para S. Pedro da Torre, começava já a entupir com a marcha lenta de condutores em protesto contra o aumento do Imposto Universal de Circulação (IUC) previsto para 2024.

 

Mas ainda foram muitos os que escaparam. Madrugaram. Chegaram primeiro.

 

 

 

[Fotografia: Rádio Vale do Minho]

 

 

 

“Esta elevação a Património Imaterial vai ser bom!”

Embora já marcada pelo protesto dos condutores, a edição deste ano da Feira dos Santos tem um sabor especial: o evento foi recentemente inscrito no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial (INPCI), aguardando agora a publicação em Diário da República.

 

No entanto, dentro desta feira que é já património, há também tendas que são um autêntico património. É o caso da Tasca Américo Cachadinha.

 

“Eu já faço esta feira há uns 20 anos, mas o meu sogro começou com isto há mais de 70 anos”, contou à Rádio Vale do Minho, Luís Nunes, proprietário e natural de Ponte de Lima.

 

A decoração da tenda é inconfundível. Tornou-se mesmo uma imagem de marca. Mesas dispostas em ambiente de arraial e fileiras de lâmpadas no teto.

 

Só faltaram este ano os tradicionais lenços do Alto Minho a acompanhar a iluminação. “Decidimos não os colocar por causa do vento”, explicou Luís Nunes.

 

 

Luís Nunes, proprietário da veterana tenda Américo Cachadinha

[Fotografia: Rádio Vale do Minho]

 

 

[Fotografia: Rádio Vale do Minho]

 

 

A cada edição, são centenas que se sentam àquelas mesas para saborear os petiscos e os famosos grelhados da casa. Este ano com o sabor especial da elevação a Património Imaterial.

 

“Acredito que vá ser bom. Vamos ver. O custo de vida aumentou e o que nos vai valendo são os galegos”, admitiu.

 

 

[Fotografia: Rádio Vale do Minho]

 

 

 

“Galegos têm mais poder de compra”

Mais à frente, Carlos Pinto, de Santa Maria da Feira, também mostrou esperança com esta elevação a Património Imaterial.

 

“Faço esta feira há sete anos. Penso será bom para este evento”, disse o vendedor ambulante que gere uma banca de vendas de enchidos e queijos.

 

“Este ano as condições económicas não são as melhores, mas acreditamos nos galegos. São os que mais nos fazem cá vir. Têm mais poder de compra”, apontou Carlos Pinto.

 

Um dos produtos que mais vende, contou, é um queijo de cabra fabricado no concelho de Sabugal, distrito da Guarda. “Os espanhóis adoram!”, exclamou.

 

 

 

[Fotografia: Rádio Vale do Minho]

 

 

 

De uma antiguidade impressionante

A Feira dos Santos de Cerdal, em Valença, é um evento seguramente com mais de 300 anos. No entanto, a primeira edição, segundo a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), pode até remontar aos tempos do rei Filipe IV de Espanha, que reinou naquele país entre 1621 e 1665. 

 

Ou seja, esta feira pode até ter mais de 400 anos. 

 

Lisboa tremeu violentamente no dia 1 de Novembro de 1755. Nesse dia, as pessoas por cá nem terão dado conta da real dimensão da tragédia na capital. Muito provavelmente, terá sido dia de mais uma feira em Cerdal: a Feira dos Santos.

 

Tanto tempo, tanta história e tanta tradição concentrada num só ponto só podiam ter um destino: a elevação a Património Cultural Imaterial.

 

 

 

[Fotografia: Rádio Vale do Minho]

 

 

 

Mas o que tem esta feira de tão especial?

É conhecida por ser a mãe de todas as feiras do Noroeste Peninsular. Atrai milhares de pessoas vindas do Norte de Portugal e da Galiza. Se está a pensar ir, vá cedo. A autoestrada A3 fica literalmente entupida às primeiras horas da manhã.

 

Lá dentro, são mais de 400 tendas onde se vende de tudo. Ou quase.

 

O vestuário, as louças, o calçado, as tasquinhas, o gado bovino, caprino e ovino, os produtos do campo, as maquinarias agrícolas, as diversões e uma infinidade de outros atrativos prometem fazer as delícias dos visitantes.

 

 

 

Veja a galeria de fotos [Rádio Vale do Minho]

 

 

 

O dia 1 de novembro (Dia dos Santos) é o dia principal e o 2 de novembro está destinado à “Feira das Trocas”.

 

Uma das marcas da feira são os frutos da época, sobretudo os famosos Pericos dos Santos. Os pericos, uma “pequena pera”, são típicos de Valença e tem no concelho, para além da sua origem, as maiores áreas de produção.

 

Manda a tradição que nas noites de 31 de outubro e 1 de novembro, a Feira dos Santos é o destino para provar os vinhos novos e saborear os petiscos locais como os rojões, as moelas, as bifanas e o bacalhau, entre muitas outras iguarias. Nas tasquinhas anima-se a noite, ao som das concertinas e soltam-se as mais engraçadas cantigas de desgarrada.

 

Na Pista das Corridas os ginetes mostram a beleza do nosso cavalo, o Garrano. As corridas de cavalos, em passo travado, decorrem no dia 1, a partir das 14h30.

 

 

 

[Fotografias capa: Rádio Vale do Minho]

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