PUBLICIDADE
3
AVANÇAR

Menu

+

0

0

Destaques
Paredes de Coura

P. Coura: CGTP acusa grupo Kyaia de “tortura psicológica” sobre trabalhadores [c/VÍDEO e FOTOS]

7 Dezembro, 2019 - 14:44

842

0

PUB O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, acusou este sábado, em Paredes de Coura, a administração do grupo Kyaia de “tortura psicológica” sobre os trabalhadores. O líder daquela estrutura sindical […]

PUB

O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, acusou este sábado, em Paredes de Coura, a administração do grupo Kyaia de “tortura psicológica” sobre os trabalhadores. O líder daquela estrutura sindical marcou presença numa manifestação onde participaram dezenas de funcionários daquele grupo em protesto contra o novo horário laboral e alegados cortes salariais.

“Esta é uma situação inadmissível, considerando que neste momento a entidade patronal quer pôr os trabalhadores a trabalhar demais e a receber de menos!”, disse Arménio Carlos aos microfones da Rádio Vale do Minho.

 

Arménio Carlos: “Esta postura do administrador da Kyaia não faz sentido.”

 

“Não se justifica que as pausas dos trabalhadores estejam a ser postas em causa. São necessárias para assegurar a saúde dos trabalhadores. Mas são também importantes para garantir o aumento da produtividade da própria empresa”, lembrou. “Logo, esta postura do administrador da Kyaia não faz sentido”, considera o dirigente frisando que nem Governo nem a Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) “podem ficar indiferentes a uma situação que é ilegal”.

No entanto, ao Jornal de Negócios, o administrador do grupo, Fortunato Frederico, desvalorizou esta contestação. “Temos a consciência tranquila. Estamos a cumprir a lei”, garantiu, a partir da China onde se encontra por razões profissionais.

No entanto, ainda ao mesmo jornal, Fortunato Frederico foi mais longe. “O importante é a gente manter a empresa a trabalhar e a pagar direitinho, como sempre fez, e a compensar os trabalhadores quando a empresa tem lucros”. As declarações não caíram bem tanto entre os trabalhadores como nos sindicatos.

 

Arménio Carlos: “O que interessa é pagar certinho… e melhorzinho!”

 

“O que interessa é pagar certinho… e melhorzinho!”, corrigiu Arménio Carlos. “O que interessa é distribuir melhor a riqueza! Se hoje a Kyaia é uma empresa importante no país, isso decorre muito do papel e da intervenção dos trabalhadores”, sublinhou. “Ficaria bem ao Sr. Fortunato, que foi um homem que veio de baixo e que subiu a pulso, não esquecer as suas origens e respeitar os trabalhadores ao seu serviço”.

Os sindicatos, esses, prometem não baixar os braços. Perante a multidão de trabalhadores, os dirigentes avançaram novas formas de luta caso a administração da Kyaia não ceda. Uma das medidas passa por “ir às lojas da FlyLondon [marca detida pelo grupo], em Lisboa, e denunciar aos clientes as condições em que o calçado é fabricado”.

 

Uma ilusão que se desfez

 

Paula Rodrigues, com 26 anos, chegou à Kyaia há quatro anos. No início tudo parecia correr com normalidade e o ambiente, contou à Rádio Vale do Minho, era saudável. No passado mês de outubro, tudo mudou com as novas imposições vindas de cima: Duas pausas de 10 minutos. Uma de manhã e outra durante a tarde. No entanto, a hora de saída também mudou para 10 minutos mais tarde.

“Há pessoas com 10, 20 e até 30 anos de casa às quais nem sequer foi pedida uma opinião”, lamenta. Mas o “pesadelo” é bem pior. “Como não estamos de acordo com as pausas, não as fazemos. Durante os tais 10 minutos [de manhã e de tarde] que seriam suposto ser de intervalo, nós ficamos nos postos de trabalho a exercer as nossas funções. Como nos querem obrigar a fazer esses horários, desligam-nos as luzes!”, prosseguiu. “Mas nós trabalhamos de luzes apagadas. Sem problema nenhum”.

Como consequência deste comportamento, relatou ainda a funcionária, o ordenado sofreu uma redução. “São-nos descontados esses 20 minutos diários. Há casais e famílias inteiras a trabalhar lá! Toda esta redução no ordenado faz diferença no orçamento lá de casa e também faz, por exemplo, no tempo que temos para ir buscar um filho à escola”, exemplificou a jovem. “A escola não está preocupada nem vai ficar aberta mais tempo para que nós possamos ir buscar as crianças”, atirou.

 

PEV: “Uma falta de ética”

 

Entre as individualidades presentes nesta manifestação, esteve Celina Sousa, deputada na Assembleia Municipal pelo Partido Ecologista Os Verdes (PEV). “É impensável no tempo em que estamos aconteçam ainda estas situações. Apontamos tantas vezes o dedo aos países asiáticos por não tratarem os trabalhadores com ética, quando temos isto à porta de casa”, referiu a autarca.

O grupo Kyaia, considerado o maior na área do calçado a nível nacional, foi fundado em 1984, em Guimarães. Em 1989, deslocaliza-se para o Paquistão e também para Paredes de Coura. É presidido por Fortunato Frederico. Entre outras marcas, é detentor da FlyLondon. Conta atualmente com mais de 600 trabalhadores e um volume de negócios de 55 milhões de euros.

A Rádio Vale do Minho tentou por várias vezes ouvir a administração do grupo Kyaia sobre esta matéria mas sem qualquer êxito.

 

Veja o vídeo da manifestação ocorrida este sábado em Paredes de Coura

 

 

Veja a nossa galeria de fotos

 

PUB

 

 

 

Últimas