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Melgaço: “Ele é um ditador! Quer ser o chefe disto” – Revolta às portas do Lar da Santa Casa

11 Dezembro, 2020 - 16:42

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“Ele é um ditador! Um ditador! Quer ser o chefe disto”. O desabafo foi deixado esta sexta-feira por Aventino Jorge, antigo médico no Lar da Santa Casa da Misericórdia de Melgaço (SCMM). Era um entre a cerca de dezena e meia de manifestantes que se concentraram às portas da instituição numa ação de denúncia contra o Provedor, Jorge Ribeiro, acusado de “repressão” e “perseguição aos trabalhadores”.

Aventino Jorge foi médico do Lar da SCMM durante cerca de 30 anos. A história terminou de uma forma inesperada. Foi despedido… por telefone. “Recebi um telefonema do Sr. Provedor onde ele inventou que eu estava infetado pela COVID-19, quando um dia antes eu tinha feito o teste e deu negativo”, contou o clínico à Rádio Vale do Minho.

Para o médico, “isto foi uma desculpa para colocar aqui uma médica do interesse dele”. No dia seguinte ao telefonema continuou a apresentar-se ao serviço mas levou com nova surpresa. “Fui barrado à entrada. Ele tinha dado ordens expressas para que eu não entrasse nas instalações da SCMM”, prosseguiu Aventino Jorge.

“Ironia das ironias, a tal médica nunca chegou a entrar e este Lar ficou sem médico em plena pandemia”, lamentou o médico que já fazia parte da mobília da casa.

“Por mim passaram quatro provedores. Eram todos pessoas respeitadas e respeitáveis e o contrato foi sempre um cumprimento de mão. Nunca me faltaram com nada, contrariamente a este”, atirou.

Mas a vida nunca deixou de sorrir a Aventino Jorge. Com consultório privado e a exercer numa clínica fora do concelho, o médico garante que os serviços prestados à SCMM eram mais “uma boa ação” que outra coisa. “O ordenado que eu aqui ganhava era irrisório. Puro amor à causa”.

 

 

Uma troca “via SMS”

 

 

Verónica Dias, a trabalhar para a SCMM, é uma das funcionárias descontentes com a postura do Provedor. Ainda bastante jovem, já conta mais de sete anos ao serviço da instituição.

No passado mês de março, contou, uma colaboradora foi despedida. Verónica agiu em defesa da colega e aceitou ser testemunha em Tribunal. Seguiram-se consequências.

“Desde então que tenho sofrido represálias por parte do Sr. Provedor a ponto de me trocar de instituição [do Lar Cantinho dos Avós para o Lar Pereira de Sousa] sem justificação”. Uma troca que, contou, aconteceu “via SMS” enviado por uma das colaboradoras da secretaria.

A jovem sentiu-se de imediato injustiçada. Entrou em depressão. “Se o Sr. Provedor tivesse pedido para eu substituir uma colega, eu viria. No entanto ele fez uma troca: tirou-me de onde eu estava para colocar lá outra colega. Não foi um pedido de ajuda!”, apontou.

Ainda em baixa psiquiátrica, Verónica apela a que as autoridades competentes avaliem esta situação que considera ter sido uma “vingança” por parte de Jorge Ribeiro.

 

 

“Isto é desumano!”

 

 

Na linha da frente do protesto, esteve também Rosa Silva, coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio Escritórios e Serviços de Portugal (CESP).

“Desde o passado mês de fevereiro que estas trabalhadoras estão exaustas com o trabalho. Já fizeram horas a fio sem ser remuneradas e o Sr. Provedor achou por bem colocá-las a fazer 12 horas diárias! Isto é desumano para um trabalho que é duro tanto a nível físico como psicológico”, disse a dirigente à Rádio Vale do Minho.

Previsivelmente, a decisão de Jorge Ribeiro não teve boa recetividade entre as trabalhadores. “O Sr. Provedor decidiu então fazer, à margem da lei, um referendo de SIM ou NÃO questionando as colaboradores sobre se estariam disponíveis para as 12 horas diárias”.

O CESP considera esta situação “insustentável” e exige, assim, “a intervenção imediata das autoridades competentes”. Entre elas a ACT e o Ministério do Trabalho “para pôr fim às ilegalidades que ocorrem na instituição”.

 

 

Grupo de trabalhadoras defende Provedor

 

 

Enquanto a manifestação decorria no exterior do Lar da SCMM, um outro grupo de “diretoras técnicas das várias respostas sociais” surgiu à entrada do edifício. Entregaram um comunicado à Rádio Vale do Minho, em defesa do Provedor.

“Em momento algum, sentimos ou presenciamos qualquer situação que manifestasse perseguição, pressão, incumprimento de lei e repressão aos trabalhadores da instituição”, refere o texto com data desta sexta-feira. Mas sem qualquer assinatura.

“Apesar de, por vezes, haver as naturais ocorrências emergentes do processo de gestão de recursos humanos, o Sr. Provedor pautou sempre a sua atuação pela ponderação e respeito para com os colaboradores envolvidos”, prosseguem. “Entristece-nos constatar que o atual foco para com a nossa instituição, numa altura de particular dificuldade e exigência em que todos deveríamos estar empenhados na defesa da saúde dos nossos utentes e colaboradores (…) passa agora pela dispensa de energia e recursos humanos em tarefas vazias de propósito no que ao atingir da nossa missão diz respeito”, lê-se.

Terminam as “diretoras técnicas” com duas citações. “Resta-nos dizer que percebemos como diz o Papa Francisco que «estamos todos no mesmo barco» e todos os dias aprendemos que «só tem direito a criticar, quem tem coração para ajudar» como tão bem disse Abraham Lincoln”.

Recorde-se que o Provedor da SCMM, Jorge Ribeiro, foi já contactado pela Rádio Vale do Minho a propósito destas acusações mas escusou-se a fazer quaisquer declarações.

 

[Fotografia: Rádio Vale do Minho]

 

 

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