O presidente da Câmara de Paredes de Coura mostrou-se esta terça-feira muito satisfeito com o anúncio da reativação do Tribunal local. De acordo com a garantia dada pela Ministra da Justiça, Viana do Castelo está entre os cinco distritos a beneficiar das transformações, que vão avançar de forma faseada. “Vemos a reabertura do Tribunal de Paredes de Coura com normalidade. Faz-se justiça ao nosso dinamismo cultural e ao nosso dinamismo económico”, disse Vítor Paulo Pereira à Rádio Vale do Minho. “Quem consegue captar investimento, fixar pessoas no território, criar emprego e riqueza… só nos faltava agora não reabrirem o tribunal!”, atirou o edil socialista.
Em Paredes de Coura, sublinhe-se, a esperança nunca morreu. A luta esteve sempre acesa tanto na autarquia como no povo. Um dos episódios mais recentes remonta à sessão da Assembleia Municipal courense realizada em dezembro último. “Defenderemos os nossos interesses até às últimas consequências. Seja em relação ao Tribunal, seja em relação à auto-estrada”, garantiu na altura o presidente da Câmara.
Mas muitos outros momentos foram vividos nesta vila pacata. Sossegada até demais para merecer horas de tanta agitação. Ninguém esquece aquele final de agosto de 2014 quando militares esvaziaram o Tribunal. “Este Governo [liderado por Passos Coelho] não acredita nas terras mais pequenas. O líder parlamentar do PSD disse há dias que foi despejado muito dinheiro no interior. Disse que o interior já não tem solução. No entanto, eles esquecem-se que parte das elites do nosso país são provenientes do interior. Ao contrário do que eles pensam, o interior tem futuro! Tem massa crítica e tem pessoas inteligentes!”, atirava Vítor Paulo Pereira na altura. “As terras do interior esforçam-se por captar investimento. Estão a tentar dar a volta à crise e a tentar criar postos de trabalho. E um dos prémios que este Governo nos deu foi fechar-nos o tribunal”, lamentava.
António Costa cumpriu
Não foi apenas uma. Por duas vezes o atual Primeiro Ministro mostrou aos microfones da Rádio Vale do Minho a intenção clara de reabrir o Tribunal de Paredes de Coura. “A justiça deve ser feita no local onde os factos ocorreram”, dizia-nos António Costa em 2014. “Quando fui Ministro da Justiça empenhei-me em melhorar a proximidade dos serviços de Justiça. É importante que sejam prestados o mais próximo possível das pessoas”, recordou. “É possível racionalizar o funcionamento do sistema garantindo algo que é importante para o próprio funcionamento da Justiça: que ela seja administrada no local onde os factos ocorreram. É importante para restabelecer a própria paz social que é uma das grandes funções da Justiça”.
Um ano depois, António Costa encontrou-se com a Rádio Vale do Minho precisamente no mesmo local onde nos falara um ano antes: às portas do restaurante «Abrigo do Taboão». Desta vez em pré-campanha eleitoral para as legislativas. . “Está previsto que o Conselho Superior de Magistratura conclua a avaliação desta reforma e que em função disso façam alterações. Mas, independentemente da revisão do mapa judicial, há um princípio fundamental que deve ser estabelecido: em cada concelho devem ser feitos os julgamentos que dizem respeito à vida das pessoas nesses concelhos”, defendeu. “Mesmo nos concelhos onde anteriormente não existiam comarcas devem existir julgamentos. Para haver julgamentos precisamos de uma sala que tenha dignidade, segurança e condições. Não conheço nenhum concelho do país que não tenha estas condições. A justiça serve para restabelecer a paz social. Deve ser feita onde essa paz social foi quebrada”.
Podia ter sido mera propaganda eleitoral. Podia, mas não foi. “O nosso atual Primeiro Ministro e a nossa Ministra da Justiça honraram a palavra dada. E assim só reforça a credibilidade no exercício das funções públicas”, realçou Vítor Paulo Pereira à Rádio Vale do Minho. “É uma forma de agradecer o trabalho da autarquia e ao povo de Paredes de Coura que também muito trabalha”, concluiu o autarca courense.
Comentários: 0
0
0