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A Ponte Internacional Valença/Tui celebra esta quarta-feira 134 anos de existência. Começou a ser construída a 15 de novembro de 1882. Foi projetada pelo arquitecto espanhol Pelayo Mancebo, tendo os custos de construção sido divididos entre os governos Português e Espanhol. A obra foi dada como concluída a 10 de outubro de 1884. No entanto, a ponte só seria inaugurada quase dois anos mais tarde. Mas porquê?
Um surto de cólera ameaçava a Europa nesse ano. Começava a ganhar proporções cada vez maiores. O país vizinho estava já a ser seriamente afetado.
O terror voltou a instalar-se entre o povo. Ainda não tinham sido curadas a feridas deixadas pela pandemia da mesma doença que tinha afetado o país em 1833 e cujo número real de vítimas nunca chegou a ser apurado.
O Ministério do Reino não perde tempo. Envia de imediato aos Governadores Civis “desinfetantes e repete-lhes os procedimentos a seguir, desde o isolamento militar do local, se confirmada a suspeita de cólera, ao uso de água fervida, à limitação de toda a atividade económica que implicasse comunicação de bens e pessoas entre Portugal e Espanha”, conforme refere a historiadora Laurinda Abreu, em A luta contra as invasões epidémicas em Portugal: políticas e agentes, séculos XVI-XIX.
Entra em atividade um enorme cordão sanitário de fronteira. Valença dispara o alerta vermelho. A ponte estava prestes a ser inaugurada e as passagens entre os dois países pelo rio Minho eram ainda feitas de barco.
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Situação só voltou a normalizar no ano seguinte
Os primeiros meses de 1886 trouxeram a normalidade ao Vale do Minho e, consequentemente, ao resto do país. As populações regressaram às suas lides no rio Minho. Os lazaretos foram sendo encerrados. “Os cordões sanitários iam sendo levantados mas mantendo o serviço telegráfico, não fosse registar-se algum recrudescimento da epidemia”.
A 25 de março desse ano foi finalmente inaugurada a ponte internacional. Estava pronta desde 10 de outubro de 1884.
Vários especialistas apontam que, durante o século XIX, a epidemia de cólera em Portugal fez mais de 40 mil mortos. É causada por uma infecção no intestino provocada pela bactéria vibrio cholerae. A bactéria faz com que as células que revestem o intestino produzam uma grande quantidade de fluidos que causam diarreia e vómitos.
Ponte mantém praticamente o traçado original
Na atualidade, a ponte mantém praticamente o traçado original. É composta por uma superstrutura em viga metálica, de treliça de rótula múltipla, com cinco tramos contínuos. Com 318 metros de comprimento, cruza o rio Minho, tendo dois tabuleiros, um superior para a via férrea, e um inferior para uso rodoviário. É propriedade conjunta das empresas Rede Ferroviária Nacional, Infraestruturas de Portugal e Dirección General de Carreteras.
De referir que uma das maiores intervenções feitas nesta ponte foi realizada em finais de 2011. A Rede Ferroviária Nacional adjudicou à empresa Teixeira Duarte uma empreitada para a reabilitação e reforço das fundações, num prazo de 365 dias, e pelo valor de 3,5 milhões de euros.
Os objectivos desta intervenção eram garantir que a infraestrutura iria ficar com uma resistência longitudinal necessária para as obras, prevenir que futuros trabalhos de infraescavação colocassem em risco a estabilidade das fundações.
Consistiu, assim, na reabilitação de quatro pilares e de alvenarias, substituição de todos os aparelhos de apoio, reabilitação e reforço dos encontros, e instalação de equipamentos de controlo dos movimentos longitudinais. Esta intervenção foi considerada de rotina, sendo uma das obras que são efectuadas periodicamente, com um intervalo de cerca de 50 anos.
[Fotografia e imagens: Direitos Reservados]
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