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Alto Minho

PCP acusa Governo de ter escolhido “sangrar” Estaleiros de Viana para os “vender ao desbarato”

18 Outubro, 2012 - 08:14

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O PCP acusou ontem o Governo de ter optado por “sangrar” os Estaleiros de Viana do Castelo para os “vender ao desbarato”, tendo o ministro da Defesa respondido que a reprivatização salvará os postos de trabalho e a empresa.

O PCP acusou ontem o Governo de ter optado por “sangrar” os Estaleiros de Viana do Castelo para os “vender ao desbarato”, tendo o ministro da Defesa respondido que a reprivatização salvará os postos de trabalho e a empresa.

O debate ocorreu hoje no plenário da Assembleia da República, durante a apreciação parlamentar do decreto do Governo que determina a privatização dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC), a pedido do PCP.

O deputado comunista Honório Novo enumerou uma série de contratos assinados entre o Estado e os estaleiros para a construção de 16 a 19 navios, ao longo dos últimos 13 anos, tendo sublinhado que só foram feitos dois. E falou ainda do caso do Atlântida, encomendado pelos Açores para transporte entre ilhas, mas que depois foi recusado, estando neste momento “a apodrecer”.

Para o deputado do PCP, os responsáveis pela “apregoada situação” da empresa, com que o Governo “justifica a privatização” do ENVC são, por isso os Governos de Durão Barroso, Santana Lopes, José Sócrates e Passos Coelho, “que não cumpriram minimamente estes contratos”.

“Há mais de um ano que o contrato para a construção de dois asfalteiros para a Venezuela não avança. Há mais de um ano que 600 trabalhadores esperam trabalho numa posição absolutamente indigna, porque o seu Governo preferiu meter mais 600 milhões de euros no BPN em 2011 e vai meter este ano 600 milhões de euros novamente no BPN e não teve vontade política de arranjar 10 ou 15 milhões de euros para avançar com a construção”, disse Honório Novo, dirigindo-se ao ministro Aguiar-Branco.

Na resposta, Aguiar-Branco respondeu que o “último ano” não foi “perdido”, porque permitiu “encontrar interessados sérios” na privatização dos estaleiros que “vão permitir desenvolver este processo até à última gota, na tentativa de salvar os postos de trabalho que estavam em causa por causa do Partido Socialista”.

O ministro referia-se ao plano de reestruturação dos ENVC que existia quando este Governo tomou posse e que previa o despedimento de cerca de metade dos trabalhadores da empresa.

Para Aguiar-Branco, o PS deveria “ter pudor” em falar sobre os estaleiros, depois de os ter deixado “como deixou o país, à beira da bancarrota e sem nenhuma solução”, acrescentando que se tivesse avançado aquele plano de reestruturação, hoje não haveria trabalhadores dos ENVC nas galerias da Assembleia.

As dezenas de trabalhadores dos estaleiros que estiveram hoje nas galerias da Assembleia assistiram ao debate em silêncio, mas no final, antes de saírem, permaneceram alguns momentos de pé, de costas voltadas para o plenário dos deputados.

Durante o debate, PS, BE e Verdes disseram também discordar da reprivatização dos estaleiros, defendendo antes a adoção de um novo modelo de gestão, no caso dos socialistas, e a nomeação de “gestores credíveis”, no caso dos ecologistas e do Bloco.

O deputado Jorge Fão assumiu que o PS também tem a sua “quota de responsabilidade” na situação a que a empresa chegou. Mas para os socialistas, o último ano foi porém “um fracasso” e “totalmente perdido”, destacando que não foi assinado qualquer contrato ou iniciada a construção de navios encomendados e só serviu para preparar a “privatização total a todo o custo”.

Já Carlos Abreu Amorim, do PSD, acusou o PCP de “preconceito ideológico insuperável” e de estar contra “toda e qualquer privatização”, sublinhando que os ENVC foram nacionalizados em 1975 e os resultados das sucessivas gestões públicas “estão à vista”.

Também para o CDS, o PCP tem uma “teoria maniqueísta relativamente à economia” e “tudo o que é público é bom, mesmo que o resultado seja a falência e o desemprego”, como disse o deputado Abel Batista.

Já após o final do debate, Carlos Abreu Amorim e Honório Novo protagonizaram uma discussão acesa, em que o deputado comunista afirmou que “preconceito ideológico” é apresentar a privatização como “única solução”, acusando o social-democrata de revelar preconceitos e de ficar sempre “à beira de um ataque de nervos” em relação “a tudo aquilo que cheire a democracia e a defesa do setor publico”.

Amorim pediu à mesa da Assembleia para defender a sua honra e disse que o único problema que pode ter no entendimento da democracia é em relação ao regime da Coreia da Norte.

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