[atualizada 26 de junho 15h15 – com correção no nome do lugar organizador]
É uma tradição tão antiga que se perde nas brumas dos tempos. No último fim-de-semana imediatamente ao dia de São Pedro [29 de junho], em Riba de Mouro, Monção, a população realiza um cortejo de oferendas ao Pároco da freguesia.
Um desfile organizado ao pormenor, temático e com figurantes, que percorre as principais artérias desta freguesia com menos de 1.000 habitantes.
No entanto, o que torna esta tradição ainda mais única é que, a cada ano, o desfile é organizado por um lugar diferente desta freguesia (conta com mais de uma dezena de lugares).
Este ano calhou a vez ao lugar de Quintela [e não Pereiro, como inicialmente noticiado]. A Rádio Vale do Minho sabe já que, excecionalmente, será este lugar a realizar o cortejo de 2023.
Veja a galeria de fotos [cedidas à Rádio Vale do Minho]
No total foram cerca de dezena e meia de tratores que este sábado percorreram a freguesia, para grande orgulho do presidente da Junta, José Fernandes, perante o regresso desta tradição suspensa nos últimos dois anos devido á pandemia da COVID-19.
As origens de Riba de Mouro como freguesia, segundo vários historiadores, remontam ao século IX. Chegou a fazer parte do já extinto concelho de Valadares. A 24 de outubro de 1855, Riba de Mouro é integrada no concelho de Monção.
A jóia de Riba de Mouro
Aquela que é provavelmente a mais preciosa jóia mais emblemáticas desta freguesia é a Branda de Santo António de Val de Poldros.
Trata-se de um conjunto arquitetónico de inestimável valor patrimonial, constituindo um exemplo de povoamento de transumância: povoados de montanha para onde os vigias (brandeiros) levavam o gado durante os meses de verão, descendo novamente às suas povoações de origem, as inverneiras, a partir de setembro.
Durante esse período de veraneio, brandeiros e gado abrigavam-se nas chamadas cardenhas, estruturas pequenas e aparentemente toscas construídas em alvenaria de granito e belíssimas falsas cúpulas de lajes graníticas que subsistem ao longo do tempo.
Branda de Santo António de Val de Poldros, em Riba de Mouro
[Fotografia: DR]
Nas últimas décadas, estas atividades agrícolas e pastoris foram perdendo importância e, com as novas gerações, praticamente abandonadas. Em paralelo, as construções em Santo António de Val de Poldros foram sendo transformadas em segundas habitações, de lazer e de férias.
Apesar disso, o grande valor patrimonial deste núcleo de povoamento e de muitas das suas construções permanece intacto, revelando-se de grande importância sob o ponto de vista cultural e social e assumindo-se como alavanca turística em zonas de montanha.
Nos dias que correm, as cardenhas deixaram de recolher os pastores ou o gado, contudo, a sua dispersão pela branda releva aspetos ancestrais de ruralidade numa paisagem única de muitos encantos que constitui indubitavelmente uma das maravilhas de Portugal.
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