É uma tradição tão antiga que se perde nas brumas dos tempos.
Por alturas do dia de São Pedro [que se assinala hoje], a população de Riba de Mouro, em Monção, realiza um cortejo de oferendas ao Pároco local.
Assim aconteceu este sábado.
Um desfile organizado ao pormenor, temático e com figurantes, que percorreu as principais artérias da freguesia.
No entanto, o que torna esta tradição ainda mais única é que, a cada ano, o desfile é organizado por lugares diferentes daquela localidade (conta com mais de uma dezena de lugares).
Este ano calhou a vez ao lugares de Carvalho, Cruz Nova, Freixo e Requeixo.
Dezenas de pessoas e mais de uma dezena de tratores percorreram a freguesia, para grande orgulho do presidente da Junta, José Fernandes.
O Presidente da Câmara e o Vice-Presidente da Câmara, marcaram também presença neste evento. António Barbosa e João Oliveira saudaram a comunidade local pela força que mostra em preservar esta tradição.
[Fotografia: cedida à Rádio Vale do Minho]
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As origens de Riba de Mouro como freguesia, segundo vários historiadores, remontam ao século IX.
Chegou a fazer parte do já extinto concelho de Valadares. A 24 de outubro de 1855, Riba de Mouro é integrada no concelho de Monção.
A jóia de Riba de Mouro
Aquela que é provavelmente a mais preciosa jóia mais emblemáticas desta freguesia é a Branda de Santo António de Val de Poldros.
Trata-se de um conjunto arquitetónico de inestimável valor patrimonial, constituindo um exemplo de povoamento de transumância: povoados de montanha para onde os vigias (brandeiros) levavam o gado durante os meses de verão, descendo novamente às suas povoações de origem, as inverneiras, a partir de setembro.
Durante esse período de veraneio, brandeiros e gado abrigavam-se nas chamadas cardenhas, estruturas pequenas e aparentemente toscas construídas em alvenaria de granito e belíssimas falsas cúpulas de lajes graníticas que subsistem ao longo do tempo.
Branda de Santo António de Val de Poldros, em Riba de Mouro
[Fotografia: DR]
Nas últimas décadas, estas atividades agrícolas e pastoris foram perdendo importância e, com as novas gerações, praticamente abandonadas.
Em paralelo, as construções em Santo António de Val de Poldros foram sendo transformadas em segundas habitações, de lazer e de férias.
Apesar disso, o grande valor patrimonial deste núcleo de povoamento e de muitas das suas construções permanece intacto, revelando-se de grande importância sob o ponto de vista cultural e social e assumindo-se como alavanca turística em zonas de montanha.
Nos dias que correm, as cardenhas deixaram de recolher os pastores ou o gado, contudo, a sua dispersão pela branda releva aspetos ancestrais de ruralidade numa paisagem única de muitos encantos que constitui indubitavelmente uma das maravilhas de Portugal.
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