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Monção

Monção: Adriana, de Tangil, ‘segurou’ mercearia histórica (que foi do avô… e do pai)

11 Janeiro, 2023 - 13:09

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Mercearia histórica em Tangil continua viva e estimada pela população.

Na freguesia de Tangil, em Monção, já ninguém imagina o Largo do Cruzeiro sem a Loja do Lino. Uma mercearia histórica que alcançou no ano passado notáveis 85 anos de existência.

 

É uma casa que fez e faz parte de todos os que ali vivem.

 

Dentro de portas, ainda se respiram os ares de tempos idos. Embora com traços mais modernizados, há uma balança à antiga. Assim como o balcão, todo ele em mármore.

 

Foi em 1937, em pleno Estado Novo, que Manuel Lino abriu um novo estabelecimento naquela freguesia. O nome é hoje recordado como “pessoa emblemática”.

 

Foi presidente da Junta. Um dos responsáveis pela fundação da Casa do Povo e pela abertura do quartel da GNR naquela localidade.

 

 

Manuel Lino, fundador da Loja do Lino

[Fotografia: Loja do Lino]

 

 

Na mercearia, único local onde havia telefone público, para além das conversas eram também sabidas as notícias que chegavam da II Guerra Mundial (1939-1944).

 

 

Loja do Lino surge em 1937, na freguesia de Tangil

[créditos: Loja do Lino]

 

 

 

Os anos foram passando e o negócio foi herdado pelo filho, com o mesmo nome.

 

 

Manuel Lino (filho), liderou a segunda geração na família a tomar conta da loja

[Fotografia: Loja do Lino]

 

 

O tempo também não perdoou. Foi então que, em 2021, Manuel Lino (filho), aos 85 anos de idade, convocou uma reunião de família onde alertou para o facto de que a loja teria de encerrar caso não aparecesse ninguém para tomar as rédeas.

 

Mas houve. Adriana Fernandes, filha do então proprietário, deu um passo em frente e garantiu ao pai que a Loja do Lino continuaria a viver.

 

“Eu já trabalhava na área, mas longe daqui. Foi um risco grande mas acho que foi também um ato de coragem”, disse-nos a atual proprietária.

 

 

 

Uma nova era

Com vontade, Adriana Fernandes subiu para o leme do negócio de família. Fez obras e remodelou totalmente a loja, sem retirar o traço original. Ampliou o interior e na fachada faz questão de ostentar a data da fundação da casa.

 

A renovada imagem passou a incluir um logótipo com a imagem do pai – Manuel Lino (filho).

 

 

Em agosto de 2021, a Loja do Lino aparece totalmente renovada pelas mãos de Adriana Fernandes

[Fotografia: Loja do Lino]

 

 

 

De 30 metros quadrados, o espaço passou para 50. “Foi tudo remodelado. Do chão, passando pelas paredes até ao teto. Até os produtos são novos”, disse com um sorriso.

 

 

 

Com imagem renovada, a Loja do Lino é hoje dirigida pela neta do fundador

 

 

Otimista, Adriana adivinha bons ventos para o comércio tradicional. Sobretudo nas freguesias mais distantes do centro dos concelhos.

 

“A população está cada vez mais envelhecida. Os mais novos, que outrora procuravam as grandes superfícies, optam agora por um comércio mais próximo”, contou a gerente que até leva as compras ao domicílio.

 

Em suma, 85 anos depois, a Loja do Lino continua incrivelmente com a mesma essência com que nasceu. Por lá passaram e continuam a passar gerações que “não aparecem só para comprar mas também para dois dedos de conversa”.

 

Com mestrado em bioquímica alimentar e formada na Universidade de Aveiro, Adriana Fernandes mostra-se feliz com o regresso a terra e por estar a fazer algo que realmente gosta.

 

Não se arrepende da decisão que tomou, da garantia que deu ao seu pai. “O gosto de estar aqui supera o gosto de estar onde quer que seja”, concluiu.

 

 

 

[Fotografias capa: Loja do Lino | Rádio Vale do Minho]

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