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Melgaço: Marquês de Pombal já tinha conhecimento de uma “água para curar chagas”

5 Fevereiro, 2019 - 19:32

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Em finais do século XIX e primeira metade do século XX, Melgaço era conhecido como terra de águas milagrosas. Assistia-se a um autêntico boom dos Balneários Termais e a vila […]

Em finais do século XIX e primeira metade do século XX, Melgaço era conhecido como terra de águas milagrosas. Assistia-se a um autêntico boom dos Balneários Termais e a vila vivia tempos dourados. Famílias abastadas vinham de todo o lado para passar uns dias no Peso. Não faltavam carros das mais prestigiadas marcas a circular nas estradas da vila e senhoras a passear os seus cães, conforme conta a ilustre poetiza melgacense Virgínia Ferreira no seu livro recentemente lançadoMas a fama destas águas curativas do Alto Minho já vinha de trás.  As provas são dadas por Valter Alves, professor de Geografia e entusiasta da história melgacense, no seu blog intitulado Melgaço, entre o Minho e a Serra.

Recuemos mais 100 anos. Lisboa e todo o país tinham sido fortemente afetados pelo terramoto de 1 de novembro de 1755. Dois meses depois, o Secretário de Estado dos Negócios do Reino, Sebastião José de Carvalho e Melo [mais tarde feito Marquês de Pombal], enviou a todas as paróquias do reino um pequeno questionário onde pedia descrições geográficas, históricas, económicas, administrativas e ainda os estragos causados pelo sismo. 

Um dos itens sobre os quais os párocos eram questionados, era a existência ou não nas paróquias de nascentes de águas curativas bem como as suas caraterísticas e prescrições. Em Melgaço, refere Valter Alves, vários párocos fizeram referências a nascentes nas suas memórias paróquias em 1758. Um deles foi o pároco de Castro Laboreiro. Escreveu o sacerdote que na chamada Ribeira do Porto dos Asnos existe uma “água que tem virtude para curar as chagas, e forragem da boca nos meninos lactantes, em que mais comumente se acha este dano”.

 

“Tem a água desta fonte um cheiro de enxofre mas no sabor não tem mau gosto”

 

Por outro lado, o pároco de Penso, também falou ao Marquês de Pombal de uma fonte de nascente junto ao rio Minho que é conhecida há séculos como a Fonte Santa. O sacerdote escreveu nas suas memórias que se lhe cha­ma por tradição antiga a Fonte Santa, tem a água dela várias vir­tudes. Tem a água desta fonte um cheiro de enxofre mas no sabor não tem mau gosto”. Acrescenta o investigador melgacense que o padre atestou ainda que a água emanada desta fonte era indicada “especialmente para queixas de destemperança de fígado, lepra e outras mais queixas que procederam de humores quentes”.

A comprovar a sua descoberta, Valter Alves cita ainda as Memórias Paroquiais de Chaviães, onde o vigário da altura falava de umas águas que nascem nas margens do rio Minho ou emergem no meio deste. O dito sacerdote carateriza essas águas como “salutíferas, medicinais, asidulas por passarem por minerais de ferro e costumam onde nasce, correr pouca água, deixar por cima um lasso prateado com algumas feses douradas”. O vigário fala-nos que estas águas “tem virtude eficaz para curar feridas porque são um conjunto de vá­rias águas e muitas delas são sulfúreas que nascem pela borda do dito rio e outras nasceram no centro dele e pelas áreas de ouro”.

 

“Águas salutíferas, medicinais, asidulas por passarem por minerais de ferro”

 

Ainda em relação às águas do rio Minho, o vigário de Chaviães escreve nas Memórias Paroquiais que “hum célebre médico castelhano, D. Jozé Lavandera fez nelas suas experiências e foi maravilhado dellas, dizendo que tinham a mesma virtude que as de [Prixmoni?], em Inglaterra”. “Como vemos, as crenças nos poderes curativos das águas de diversas nascentes no nosso concelho de Melgaço é muito mais antigo que o conhecimento das virtudes das águas do Peso”, conclui Valter Aves o seu artigo no blog Melgaço, entre o Minho e a Serra.

Localizado num dos mais belos recantos do Norte português, o Parque Termal do Peso ou Estância Termal de Melgaço situa-se na freguesia de Paderne, lugar do Peso, em Melgaço. Têm sido indicadas para o tratamento de diferentes patologias, nomeadamente Diabetes Tipo 1, Diabetes Tipo 2, Dislipidemias, Dispepsia, Duodenites, Colecistites crónicas, Disquinésia biliar, Obstipação, Cólon irritável ou Colite funcional, Lombalgia, Artralgia, Rinite alérgica, Sinusite, Faringite crónica e Bronquite crónica.

 

[Fotografia: Marquês de Pombal / Direitos Reservados]

 

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