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Galiza

Galiza: Tradição quebrada. Não houve pessoas vivas dentro de caixões nesta procissão

29 Julho, 2024 - 17:10

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Santa Marta de Ribarteme.

É um dos rituais mais insólitos na baixa Galiza. Ou era.

 

Este ano não houve pessoas vivas dentro de caixões, segundo conta o jornal ABC.

 

Trata-se da Procissão dos Caixões que todos os anos realiza no dia 29 de julho na aldeia de Santa Marta de Ribarteme, no concelho de As Neves, vizinho galego de Melgaço.

 

Há dois anos, recorde-se, o ambiente foi tenso nesta localidade. O pároco quis acabar com este ritual.

 

No entanto, o sacerdote recuou na decisão e a procissão a realizar-se no ano passado mas com condições: os caixões não puderam entrar na igreja (e nem sequer no ádro) tanto no início como no final. Assim aconteceu.

 

Só que este ano, provavelmente pela primeira vez na história desta Procissão, não houve caixões. Muitas pessoas vivas, mas todas a caminhar. 

 

 

 

[Fotografia: ABC]

 

 

 

Trata-se de uma romaria com mais de 300 anos de história: todos os anos, os habitantes da aldeia de Santa Marta de Ribarteme, na Galiza, desfilavam dentro de caixões abertos para agradecer ou para pedir ajuda a Santa Marta, a sua padroeira.

 

 

Procissão dos Caixões ganhou fama em todo o mundo

[Fotografia: DR]

 

 

 

A imagem de Santa Marta sobressai na procissão. É a padroeira das causas urgentes e impossíveis. Carregam-na homens, mulheres e crianças que querem pedir ajuda ou agradecer por terem ultrapassado situações difíceis.

 

População local lamenta a visão deturpada da procissão

Nas redes sociais há quem defenda esta secular tradição galega e lamente uma má interpretação desta tradição, como é o caso da página Orgullo Galego.

 

“Desde que os jornais internacionais decidiram catalogar isto como uma das festas mais singulares no mundo, fez com que chegassem jornalistas internacionais à procura de sensacionalismo e a dizer que existem pessoas a entrar em caixões para tirar selfies, lamenta-se.

 

 

Ritual realizava-se há séculos nesta aldeia de As Neves

[Fotografia: DR/Via Orgullo Galego]

 

 

“Não faltam também pessoas a reduzir tudo isto a uma simples crença religiosa, sem conseguir entender o papel importante da morte na nossa sociedade”, lê-se. “Mas tudo isto está ligado à nossa cultura”.

 

“A morte faz parte da cultura galega desde tempos imemoriais”, sublinham.

Familiares e amigos carregavam as urnas abertas desde o salão paroquial até à Ermida da Senhora Aparecida, a cerca de 400 metros.

 

A primeira referência histórica a esta romaria, também conhecida como “cortejo dos amortalhados” ou “procissão dos mortos-vivos”, data de 1700.

 

 

 

[Fotografia de capa: Arquivo/jornal Atlántico]

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