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Fronteiras: “Estamos a definhar! Somos poucos mas somos humanos!”, alertou Barbosa

8 Junho, 2020 - 10:53

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“Estamos a definhar! Somos poucos mas somos humanos!”. O alerta foi deixado esta segunda-feira pelo presidente da Câmara de Monção, António Barbosa, em mais uma ação de protesto com vista à reabertura de mais pontos de fronteira entre o Alto Minho e a Galiza.

A iniciativa, promovida pelo Agrupamento Europeu de Cooperação Transfronteiriça (AECT) Rio Minho, contou com a presença dos autarcas de ambas as margens que – desta vez – se encontraram a meio da ponte internacional que une os municípios de Monção e Salvaterra de Miño.

“Se deixaram de existir eventos de um lado e do outro, que naturalmente absorviam os recursos das nossas autoridades, não se consegue entender como é que não é possível garantir pelo menos mais um ou dois pontos de passagem”, disse Barbosa. “Não estamos a falar de turismo! Estamos a falar da sobrevivência de dois povos”.

 

 

Barbosa: “Não estamos a falar de turismo! Estamos a falar da sobrevivência de dois povos.”

 

 

Taxativo, o presidente da Câmara de Monção dirigiu mensagem a Lisboa e a Madrid. “Aquilo que pedimos, de uma vez por todas, é que haja não uma abertura em termos turísticos mas que as abram para a sobrevivência dos dois lados” ou seja, para trabalhadores transfronteiriços que continuam a ver-se obrigados a fazer dezenas de quilómetros quase todos os dias.

A ação de protesto contou precisamente com a presença de dois trabalhadores de ambos os lados nesta situação. Cecília Puga é cabeleireira em Melgaço, mas mora do lado de lá.

 

 

“Demorei cinco horas a chegar ao trabalho”

 

 

“Estou a seis minutos de casa e agora vejo-me obrigada a fazer 1h30 a duas horas de caminho. Na semana passada cheguei mesmo a demorar cinco horas a chegar ao trabalho porque a senhora da fronteira disse-me que os papéis não serviam”, contou. “Eu só peço simplesmente que me deixem trabalhar!”, desabafou aos jornalistas presentes. “Se acham que é cedo para reabrir as fronteiras a toda a gente, reabram-nas pelo menos para aos trabalhadores”, apelou.

Em sintonia com a cabeleireira galega mostrou-se Vítor Domingues, feirante de Monção. “Isto tem sido uma catástrofe total a nível de vendas! Os espanhóis são os nossos principais clientes e não vemos razões para a reabertura apenas a um de julho”, disse. “Tem sido um desânimo total. Tenho colegas que disseram que não voltam mais até reabrirem a fronteira”, acrescentou.

 

Sanchéz não cede

 

Recorde-se que o Governo espanhol tem-se mantido inflexível na data da reabertura das passagens. Pedro Sanchéz aponta 1 de julho para esta reativação. Entretanto, o presidente da Junta da Galiza, Alberto Nuñes Feijóo, também já apelou à reabertura de mais fronteiras antes do próximo dia 1 de julho.

De acordo com o jornal La Voz de GaliciaFeijóo mostra-se preocupado com a atual situação económica da região. Pretende mais passagens ajudando assim ao trânsito de mercadorias e trabalhadores entre os dois países.

Durante a reunião entre o chefe do Governo com os governantes autonómicos, Feijóo debruçou-se sobretudo sobre o restabelecimento da mobilidade interna e transfronteiriça. Feijóo chegou mesmo a propor a redução do IVA na hotelaria e restauração de 10% para 4% neste e no próximo ano.

controlo das fronteiras terrestres com Espanha está a ser feito desde as 23h00 do dia 16 de março em nove pontos de passagem autorizada, devido à pandemia da COVID-19.

Os pontos de fronteira em funcionamento são Valença-Tuy, Vila Verde da Raia-Verín, Quintanilha-San Vitero, Vilar Formoso-Fuentes de Oñoro, Termas de Monfortinho-Cilleros, Marvão-Valência de Alcântara, Caia-Badajoz, Vila Verde de Ficalho-Rosal de la Frontera e Castro Marim-Ayamonte.

No âmbito do controlo das fronteiras, estão impedidas as deslocações turísticas e de lazer entre os dois países, sendo apenas permitida circulação de transportes de mercadorias e de trabalhadores transfronteiriços.

 

O que é o AECT Rio Minho?

 

O AECT Rio Minho, com sede em Valença, foi criado em 2018 e abrange um total de 26 concelhos: dez da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho e 16 concelhos galegos da província de Pontevedra com ligação ao rio Minho.

Os dois sócios principais do AECT são a CIM Alto Minho e a Deputación de Pontevedra, que aglutinam 10 municípios do Alto Minho, e 16 concelhos da Deputacion Pontevedra, abrangendo mais de três mil quilómetros quadrados de território e 375.995 habitantes.

A criação do AECT Rio Minho foi impulsionada pelas ações de Estratégia de Cooperação Inteligente Transfronteiriça do projeto Smart Minho, que conta com uma dotação de 942.022,47 euros, cofinanciado ao 75% pelo programa INTERREG VA POCTEP, fundos FEDER da União Europeia.

 

Autarcas de ambos os lados unidos pela reabertura de mais pontos de passagem

 

[Fotografia: Rádio Vale do Minho]

 

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