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Alto Minho

ENVC: Trabalhadores apelam a boicote de produtos dos Açores

13 Agosto, 2012 - 08:16

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A Comissão de Trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) apelou ao boicote dos produtos dos Açores face ao novo concurso internacional lançado pelo Governo Regional para fretar navios, quando o “Atlântida” continua ancorado.

A Comissão de Trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) apelou ao boicote dos produtos dos Açores face ao novo concurso internacional lançado pelo Governo Regional para fretar navios, quando o “Atlântida” continua ancorado.

“Esses senhores [Governo Regional dos Açores] não precisam de nada do continente. O boicote serve para não andarem a gozar com os impostos dos portugueses”, afirmou hoje António Costa, coordenador da Comissão de Trabalhadores (CT) dos ENVC.

Após rescindir o contrato com os ENVC, por uma diferença de um nó na velocidade máxima do ferryboat “Atlântida”, a Atlânticoline gastou 21 milhões de euros no fretamento de dois navios ao armador grego Hellenic Seaways para as ligações sazonais inter-ilhas, durante três anos, até 2012.

A 06 de agosto, a Atlânticoline lançou um concurso público internacional, de novo para o fretamento de dois navios para transporte de passageiros e viaturas, para as próximas operações, 2013 e 2014, com opção de prorrogação para 2015, por 16,4 milhões de euros.

“Apelava à população de Viana do Castelo e a toda a região do Alto Minho para que não compre nada que venha dos Açores, seja leite, queijo, carne. Deixaram de entrar na empresa 62 milhões de euros, que muita falta nos fazem para começarmos a construir os navios asfalteiros, para a Venezuela”, acrescentou António Costa.

O porta-voz da CT falava no final de um plenário geral que reuniu os 630 trabalhadores da empresa, no qual foi aprovada uma moção defendendo a permanência dos ENVC no setor empresarial do Estado, contra o processo de reprivatização em curso.

Os ENVC concluíram em 2009 a construção do ferryboat “Atlântida”, avaliado em 50 milhões de euros, e apesar da rescisão do contrato – que envolvia ainda a construção do “Anticiclone” -, por decisão do Governo Regional dos Açores, a Empordef sempre admitiu que o destino do navio deveria ser aquele arquipélago.

O “Atlântida” tem capacidade para 750 passageiros e 140 viaturas e uma velocidade máxima de 16 nós.

Já o concurso agora aberto determina que um dos navios deve ter uma velocidade mínima de 28 nós, enquanto a do outro navio deve ser de 19 nós. A lotação mínima exigida é de 600 passageiros e 120 viaturas.

“É tempo de dizer se quem manda neste país é o senhor Carlos César ou senhor Passos Coelho”, sublinhou ainda o coordenador da CT, apelando a uma investigação policial a todo este caso.

“Acho que as entidades competentes deveriam lançar uma investigação séria, minuciosa, que abordasse o caso ‘Atlântida’ desde o tempo em que foi assinado o contrato, a conceção do desenho, até à rejeição dos navios”, reclamou ainda António Costa.

A Empordef, holding do Estado para as indústrias de Defesa, que tutela os ENVC, anunciou hoje que está a “analisar” o contrato lançado pela Atlânticoline, empresa pública detida pelo Governo dos Açores.

Mais dura foi a posição assumida pelo presidente da Câmara de Viana do Castelo, que classificou este concurso como “uma vergonha”.

“Não podemos entender como é que uma empresa do Estado, do mesmo país, efetue este contrato de aluguer para transporte marítimo no valor de dezenas de milhões de euros e não efetue um investimento previsto para aquisição de um navio, desbaratando-se dinheiros públicos, perdidos em três anos de funcionamento dos fretes, quando se poderia ter uma embarcação própria, rentabilizando-se um investimento, apoiando a indústria naval nacional e não recorrendo a importações”, afirmou o socialista José Maria Costa.

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