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Viana do Castelo

Carta aberta de Marta Paço arrebata a ‘net’: “Temos de parar de olhar para nós como atletas de classe inferior”

10 Março, 2025 - 01:51

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“Mais do que nos preocuparmos com a quantidade de campeonatos, devemos garantir a qualidade de todos eles”.

Marta Paço, tetra campeã de surf adaptado natural de Viana do Castelo, defendeu este domingo que “temos que parar de olhar para o desporto adaptado como algo terapêutico e começar a olhar para ele como uma carreira profissional”.

 

Numa carta aberta divulgada nas redes sociais, em jeito de desabafo, a atleta invisual conta que este fim-de-semana foi até Portimão, no Algarve, para aquele que seria o primeiro campeonato internacional de surf adaptado em Portugal.

 

Só que as condições meteorológicas estragaram tudo.

 

O tempo que seria ocupado a surfar foi ocupado a refletir sobre o futuro do surf adaptado em Portugal.

 

Marta Paço continua firme na defesa de que o surf adaptado merece “mais valor e mais dignidade” do que aquela que atualmente tem no nosso país.

 

“Para que isso aconteça, todos os eventos de surf adaptado devem ser exemplares em estrutura, organização, seriedade e, acima de tudo, comunicação clara, coerente e sincera”, refere.

 

 

 

[crédito fotografia: Marta Paço]

 

 

 

“Temos de parar de olhar para nós, atletas com deficiência, como atletas de classe inferior”

A tetra campeã vai mais longe. Num discurso direto, sem rodeios, mostra o que pretende para a modalidade que pratica.

 

“Temos de parar de olhar para nós, atletas com deficiência, como atletas de classe inferior e começar a ter orgulho naquilo que somos e que fazemos. Antes de lutarmos pelo nosso espaço (muito merecido) nos jogos paralímpicos, devemos começar a ser mais organizados, estruturados e sérios enquanto profissionais que somos e devemos ser”, aponta.

 

“Mais do que nos preocuparmos com a quantidade de campeonatos, devemos garantir a qualidade de todos eles”, defende.

 

Considera a atleta que “antes de ambicionarmos participar nos Jogos Paralímpicos, temos que nos preocupar em criar um (e apenas um) circuito mundial bem-definido, claro, com continuidade, com profissionalismo, coerência, estrutura e dignidade”.

 

“Antes de voarmos, precisamos de uma base sólida, de uma comunidade unida, de federações e organizações envolvidas e de ouvir treinadores, atletas e dirigentes. Só assim será possível evoluir e fazer do parasurfing um desporto verdadeiramente envolvente, competitivo e global”, acredita Marta Paço.

 

Assim, e em jeito de conclusão, a tetra campeã vianense considera que é prioritário “defender, acima dos nossos desejos e interesses pessoais, os interesses do nosso desporto como um todo”.

 

“Talvez tenhamos que repensar e refazer parte do que já conquistamos. Talvez seja difícil para todos mas é indispensável. Da minha parte, continuarei a apoiar todas as iniciativas que conseguir e a lutar pelo parasurfing enquanto desporto”, refere.

 

 

[crédito fotografia: Marta Paço]

 

 

Recorde-se que Marta Paço já tinha deixado esta posição em entrevista à Rádio Vale do Minho no passado mês de novembro.

 

“Acho que em Portugal ainda temos a mentalidade de que os desportos para pessoas com deficiência raramente são competitivos. São sempre numa perspetiva terapêutica, de inserção social”, lamentou aos nossos microfones.

 

“Temos de começar a apostar em levar o desporto adaptado a sério. Tornarmo-nos competitivos por forma a alcançar o nível em que outros países já estão”, defendeu.

 

As palavras da jovem atleta estão a merecer os aplausos dos internautas. A publicação já soma centenas de gostos e de partilhas no facebook.

 

Com 20 anos de idade, Marta Paço é cidadã de mérito de Viana do Castelo. Foi agraciada com este título em 2019 pelo então Presidente da Câmara, José Maria Costa.

 

 

 

[crédito fotografia capa: Marta Paço]

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