Cerca de 400 operacionais de todo o país vão iniciar dentro de poucas horas a terceira madrugada de batalha contra aquele que é já considerado o maior incêndio dos últimos anos na região. Em plena Serra d’Arga, Caminha, quatro centenas de operacionais mergulham na noite apoiados por 129 viaturas.
Esta segunda-feira, recorde-se, o presidente da Câmara Municipal de Caminha mostrou-se visivelmente desolado aos microfones da rádio Vale do Minho. “Olhando para a Serra d’Arga, que é magnífica, e que hoje tem um tapete negro que a cobre, obriga-nos a ter de perceber o que aconteceu nestes três dias”, disse o edil.
Optimista, Miguel Alves acredita que o fogo vai ficar dominado esta terça-feira. “Aquilo que está a ser atacado, está sê-lo para resolvermos o problema”. O presidente da Câmara tem consciência que “as coisas podem também correr mal. Estamos numa zona de orografia difícil, de escarpa muito acentuada. Há sempre uma parte menos controlável mas estamos a trabalhar para poder resolver este incêndio o mais rapidamente possível”, garantiu.
No histórico deste incêndio de proporções gigantescas contam-se já freguesias ameaçadas, populações evacuadas por precaução e milhares de hectares de floresta destruídos. A ignição aconteceu no passado sábado em Candemil, Vila Nova de Cerveira. Desde então tem devorado tudo por onde passa. “Em linha reta, posso dizer-lhe que do foco inicial até à cabeça do incêndio são 10 quilómetros”, dizia ao final deste domingo à Vale do Minho o Comandante dos Bombeiros Voluntários de Vila Nova de Cerveira, António Machado. Um dia depois, a distância será bem maior.
Os soldados da paz tudo fazem para que o fogo não chegue às habitações. Um fogo que a Proteção Civil rotula de “extremo e muito imprevisível”. O cansaço começa a fazer-se sentir. “Para já há a lamentar dois bombeiros de Vila Nova de Cerveira feridos com um golpe de vento. Um deles sofreu um entorse e outro ficou com queimaduras ligeiras na cara”, contava na altura o comandante à Vale do Minho. Os dois soldados da paz foram imediatamente assistidos pelo INEM. “Foram transportados para o Hospital de Viana e já tiveram alta. Encontram-se bem e já estão em casa”.
Embora as ameaças já tenham sido mais que muitas, o fogo não fez para já quaisquer danos nas casas por onde tem passado. “As pessoas têm dado um auxílio precioso aos bombeiros”, elogiou o comandante cerveirense. No entanto, António Machado apela aos populares que a maior ajuda são “água e alimentos aos homens que estão no terreno. As pessoas não devem enfrentar as chamas”, alertou.
Monção vive “situação crítica”
O presidente da Câmara de Monção mostrou-se ao final da tarde desta segunda-feira muito preocupado com o cenário vivido no incêndio que deflagrou em Messegães e que já lavra há quase 48 horas. O fogo, que já alcançou Melgaço, continua a ameaçar várias freguesias monçanenses, nomeadamente Badim, Sá e Riba de Mouro. “Estou a receber telefonemas aflitivos de presidentes de Junta. Há momentos ligou-me o presidente de Junta de Riba de Mouro a dizer que há o perigo de um pinhal arder. Mas é pinhal, não são casas. Ligou-me também o [presidente de Junta] de Segude a dizer que junto ao campo de futebol existem algumas residências que estão a ser ameaçadas com um novo reacendimento”, contou Augusto Domingues à rádio Vale do Minho. “Acabei também de receber um telefonema de Tangil com a possibilidade de que, se o fogo passar a estrada na ponte nova, poderão ter de evacuar a freguesia”.
Prestes a iniciar também a terceira noite de combate às chamas, estão no terreno 236 homens com 77 viaturas. O autarca monçanense apela sobretudo à calma. Augusto Domingues pede às populações que evitem o pânico e que obedeçam às orientações dos bombeiros e Proteção Civil. “Seguir as regras de quem sabe. Se pedirem para evacuar, evacuem. A vida humana é o mais importante”, sublinhou.
[Foto: Facebook Cerveira…]
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