PUB
Caravelas-portuguesas estão a ser avistadas em praias do norte e centro de Portugal continental. O alerta é dado pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), avisando que deve ser evitado qualquer contacto com a espécie.
“Muito influenciada por ventos e correntes de superfície, a caravela-portuguesa (physalia physalis) é uma espécie comum na costa portuguesa, incluindo Açores e Madeira. É caracterizada por um flutuador em forma de balão, frequentemente de cor azul ou rosada”, refere o IPMA em comunicado.
O IPMA acrescenta que esta espécie é a que exige “mais cautela”, devido aos seus longos tentáculos, que podem chegar aos 30 metros, capazes de provocar fortes queimaduras.
“Deve evitar-se tocar nos organismos, mesmo quando aparentam estar mortos/secos na praia. Em caso de queimadura por contacto com esta espécie, deve ser aplicado vinagre e compressas quentes”, explica.
O IPMA apela ainda a que as pessoas comuniquem qualquer informação sobre avistamento desta ou de outras espécies, de modo a que seja possível, no futuro, “compreender a dinâmica dos organismos gelatinosos” e prevenir as ocorrências.
Alforreca ou medusa?
A Caravela-portuguesa é frequentemente confundida com uma alforreca, mas não o é. O nome científico é Physalia Physalis, pertence ao grupo dos cnidários e na verdade não é sequer “um” animal. A Caravela-portuguesa é um organismo pluricelular, composto de quatro pólipos, ou zooides, distintos – portanto, uma colónia.
Estes quatro pólipos não sobrevivem separados, e só ocorrem juntos, como no caso da Caravela-portuguesa. Os pólipos que compõem a colónia são: um pneumatóforo transformado numa vesícula flutuadora; os dactilozooides, que formam os tentáculos; os gastrozooides que formam os “estômagos” da colónia; e os gonozoides, responsáveis pela reprodução.
Beleza flutuante… mas muito perigosa
A Caravela-portuguesa não nada, ao contrário das alforrecas, mas flutua. Move-se pelos oceanos empurrada pelo vento, e o pólipo que constitui a “cabeça” da colónia mantém-se à tona. O nome comum da Physalia Physalis vem do formato da parte que flutua: parece-se muito com um chapéu usado pelos marinheiros medievais portugueses, ou até com as caravelas usadas, razão pela qual foi apelidada de Caravela-portuguesa.
Além de Caravela-portuguesa – em inglês, Portuguese Man’o’War – também é chamada de Garrafa Azul, devido à coloração azulada que por vezes adquire. As cores da Caravela-portuguesa variam entre o rosa e o azul, sendo muito frequente ocorrerem cores arroxeadas. Estas variações são atribuídas ao ambiente em que se inserem, mas a causa exata é desconhecida.
Veneno semelhande ao da aranha Viúva-negra
As Caravelas-portuguesas são belíssimas, com as suas cores translúcidas e brilhantes, no entanto, não é aconselhável chegar-se perto delas. Isto porque debaixo da carapaça mole escondem-se tentáculos compridos, até 20 metros, que têm cnidócitos venenosos. Estes cnidócitos são células urticantes, recheadas de filamentos que libertam as toxinas da Caravela-portuguesa, quando em contacto com a pele, por exemplo.
O veneno da Caravela-portuguesa é, de certa forma, parecido ao da aranha Viúva-negra, que provoca dores muito fortes, queimaduras que podem ser até de terceiro grau, e em casos mais extremos, reações alérgicas graves acompanhadas de arritmias, náuseas e necrose do tecido. As queimaduras provocadas pelo contacto com os tentáculos provocam cicatrizes, em certos casos, permanentes.
[Fotografia: Caravela-portuguesa/Direitos Reservados]
PUB
Comentários: 0
0
0