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Valença

Valença: Esta loja tem 126 anos (e o Sr. José Manuel trabalha lá há mais de 60!)

9 Fevereiro, 2024 - 00:03

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Loja fundada em 1898. Vai ser agraciada com Medalha de Mérito do Município.

Em Valença, muito provavelmente, não há quem não conheça a Casa Toga. É tão antiga, que a origem remonta aos tempos da monarquia.

 

Quem entra, nunca fica indiferente ao imponente quadro ao centro do estabelecimento: «Casa Toga desde 1898», lê-se.

 

 

 

[Fotografia: Rádio Vale do Minho]

 

 

 

Lá dentro, os visitantes encontram tudo. Ou quase. Desde lembranças de Valença, passando pelos vinhos até aos inovadores produtos em cortiça, nomeadamente malas de senhora ou chapéus.

 

Por trás do balcão atende-nos o Sr. José Manuel Sousa, sorridente e de uma prontidão extrema.

 

“Há quase 61 anos que aqui trabalho. Completo-os no próximo dia 1 de agosto”, revelou desde logo o veterano funcionário.

 

 

 

[Fotografia: Rádio Vale do Minho]

 

 

 

A origem

O emblemático estabelecimento foi fundado por António Peres Toga que deu nome à casa. Seguiram-se mais quatro gerências diferentes: entre 1943 e 1965. De 1965 até 2000. De 2000 até 2009… e deste último ano até à atualidade.

 

A Casa Toga é hoje explorada pela empresária Maria José Alves.

 

“Vim para aqui com 10 anos e nove meses”, recordou o Sr. José Manuel com um sorriso. Tempos em que o trabalho infantil estava ainda longe do olhar das autoridades e dos políticos.

 

Fez apenas um intervalo para combater em Angola, na guerra do Ultramar. Voltou e seguiu no mesmo emprego.

 

 

 

[Fotografia: Rádio Vale do Minho]

 

 

 

 

O que não houvesse aqui não havia em Valença”

No geral, a Casa Toga permanece quase toda no mesmo registo com o qual foi fundada.

 

No entanto, há produtos que antigamente se vendiam e que hoje já não fazem parte da montra.

 

“Aqui chegaram a vender-se livros e tecidos. Foi também papelaria. Vendiam-se botões, agulhas e alfinetes. Tinha de tudo! O que não houvesse aqui não havia em Valença”, lembrou o funcionário.

 

Foram-se os livros e os alfinetes, mas as prateleiras e toda a traça permanece igual. A Casa Toga resiste estoicamente contra o tempo.

 

“O que nos vai valendo é o turismo. É por isso que aqui temos muitos produtos virados essencialmente para isso. De março a setembro entram aqui muitos peregrinos de Santiago de diversas nacionalidades, mas são os galegos quem mais nos mantém”, admitiu.

 

Questionado sobre qual o produto que mais se vende, o funcionário apontou imediatamente as cortiças. Das malas de senhora, passando pelos chapéus aos pequenos souvenirs… são um êxito.

 

 

 

 

[Fotografia: Rádio Vale do Minho]

 

 

 

 

Presidente da Argentina entrou… e voltou

Pela Casa Toga já passaram, evidentemente, muitos milhares de pessoas ao longo de mais de um século de história.

 

Entre as mais famosas, o Sr. José Manuel não esquece a visita do então Presidente da Argentina, Raúl Alfonsin. Aconteceu “no final da década de 80”.

 

“Era um homem espetacular. Uma pessoa muito simples! Quando entram aqui agentinos falo-lhes sempre dele e nunca houve nenhum que me dissesse mal. Toda a gente gostava daquele homem”, recorda em tom nostálgico.

 

 

 

Raúl Alfonsin, uma das individualidades mais ilustres que passou pela Casa Toga

[Fotografia: DR]

 

 

Passados uns “três a quatro anos”, Raúl Alfonsin regressou a Valença. Tornou a entrar na Casa Toga. “Gostou muito”, disse o funcionário.

 

 

 

[Fotografia: Rádio Vale do Minho]

 

 

 

Uma medalha “merecida”

No próximo dia 18 de fevereiro, a Casa Toga vai ser reconhecida e agraciada com a Medalha de Mérito do Município de Valença durante a Sessão Solene do Feriado Municipal.

 

“É justo e já era tempo. Sinto todo o orgulho”, diz o Sr. José Manuel sorridente.

 

Do alto dos seus 71 anos e a transbordar saúde e lucidez, o funcionário não disfarça a paixão pelo local onde sempre trabalhou. 

 

Reformou-se em 2017. E mesmo assim não abandonou as paredes que lhe trazem tantas memórias.

 

“É a minha segunda casa. Estarei aqui até quando puder”, concluiu.

 

 

 

[Fotografia capa: Rádio Vale do Minho]

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