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Autárquicas

Valença: Candidata do PS denuncia irregularidades na Câmara e incendeia Autárquicas

22 Julho, 2017 - 07:51

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Anabela Rodrigues não poupou críticas à gestão social-democrata na autarquia de Valença.

Perto de 400 militantes e simpatizantes do PS marcaram presença esta sexta-feira no jantar de apresentação pública da candidatura de Anabela Rodrigues, a primeira mulher na corrida à Câmara de Valença desde sempre. Um salão de festas de um restaurante cheio. Bandeiras. Muitos vivas ao partido e uma candidata serena. Tranquila. Prontíssima a mostrar que a esquerda valenciana ainda tem uma palavra a dizer. Ou duas. Mas já lá vamos.
O primeiro a discursar foi o presidente da Federação Distrital do PS de Viana do Castelo. Previsivelmente, Miguel Alves não poupou elogios à candidata socialista. Louvou a coragem de Anabela Rodrigues e mostrou-se muito confiante na reconquista socialista da Câmara de Valença. “Se nós soubermos estar juntos neste projeto, este não vai ser só um projeto de esperança. Passa a ser um projeto de vitória para o PS e para Anabela Rodrigues”, disse o dirigente socialista. Os primeiros aplausos começavam a ecoar em toda a sala.
Seguiu-se José Manuel Carpinteira, mandatário da candidatura socialista valenciana. “Conheço a Anabela há muitos anos. Pela sua forma de ser, pela sua energia contagiante, pela sua inteligência e pela sua coragem merece todo o nosso apoio”, sublinhou o também deputado na Assembleia da República. “Confio nas qualidades e nas competências da Anabela para gerir a autarquia de Valença. Está acompanhada de gente muito competente. Basta olhar para perceber a qualidade da lista do PS neste concelho”. Enorme aplauso. “É também a primeira mulher candidata à presidência da Câmara de Valença e isso merece também o nosso empenho. Todas estas pessoas têm provas dadas. Já deram muito por Valença”, realçou Carpinteira.
Chegou depois a vez do candidato à presidência da Assembleia Municipal. As palmas subiram de tom para Vítor Oliveira. As bandeiras agitaram-se mais. Ecoava no ar o tema “Conquest of Paradise”, a puxar memórias para o esmagador triunfo de António Guterres em 1995 colocando ponto final a 16 anos de Governo PSD liderado por Cavaco Silva. “Esta é uma lista que é de todos. Uma lista que assenta no pluralismo, na liberdade de expressão, na igualdade de género e sobretudo na ausência de segregações”, explicou desde logo o candidato. Do bolso retirou duas ideias base: descentralizar a Assembleia Municipal com sessões nas várias freguesias e transmiti-las em direto, pela internet. “Assumo este lugar porque estou cansado! Mas não estou cansado das 12 horas de trabalho diárias nem das noites mal dormidas. Estou cansado é de ver Valença estagnada! Cansado de ver Valença a regredir!”, lamentou. “A segunda cidade do distrito está a ser ultrapassada em muitos aspetos pelas vilas limítrofes! Observem: a cidade é ultrapassada pela vila!”, alertou Vítor Oliveira. “Observemos os últimos oito anos de governação social-democrata em Valença e apenas vermos a conclusão de projetos que o PS lançou”.

Pedro Nuno Santos: “Câmara Municipal falhou em toda a linha!”

O Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares marcou também presença neste jantar. Pedro Nuno Santos acabou por ser um dos maiores críticos da noite à governação de direita do atual presidente da Câmara de Valença. “Temos uma candidata que nos deve orgulhar a todos. É uma mulher lutadora, dinâmica, enérgica. Mas é ao mesmo tempo uma mulher ponderada, dialogante e que sabe ouvir”, disse. “É a presidente de Câmara que Valença precisa para o concelho voltar a estar num mapa de onde nunca devia ter saído. Há oito anos que Valença está a marcar passo! Não por falta de condições ou de potencialidades, mas porque a Câmara Municipal [PSD] se revelou incapaz de liderar um dos concelhos mais dinâmicos do distrito de Viana do Castelo. Falhou em toda a linha!”, disparou o governante.
Sem palavras brandas, Pedro Nuno Santos sublinhou que “não basta ser simpático. É preciso ter capacidade para liderar uma Câmara Municipal como esta”. “Valença tem perdido na comparação com concelhos vizinhos de menor dimensão. Valença tem grande potencial turístico mas não o aproveita por incompetência da Câmara Municipal e não por incompetência dos valencianos”, continuou.
A concluir, o Secretário de Estado garantiu que “um concelho só tem futuro quando tem a capacidade de atrair investimento, desenvolvimento e de fixar população”. No entanto, “a verdade é que temos uma Câmara Municipal em Valença que não só não consegue atrair investimento como perde importantes empresas do seu concelho para concelhos vizinhos! Esta é a incapacidade de uma autarquia em proteger a indústria que se fixou neste concelho”.

Faturas de leitão e jantares de 200 euros em Paris

Chegou então a vez da estrela da noite. De baterias apontadas à direita, Anabela Rodrigues não perdoou. “[Em oito anos] o PSD não tem nada para mostrar. Não há trabalho! Não há obra! Temos assistido apenas a uma política populista da festa e da festinha. Uma política municipal feita em cima do joelho sem qualquer sentido estratégico”, apontou. “Valença está à deriva! Oito anos sem ideias e sem projetos. Onde está o anunciado Hospital Privado? Onde está o anunciado e megalómano aquaparque? Onde está o anunciado hotel no Mosteiro de Ganfei? Nem sequer conseguiram terminar as obras iniciadas pelo Dr. José Luís Serra [último presidente de Câmara socialista]”.
Foi então que a candidata socialista fez «zoom» e apontou ao atual vereador do Turismo, Desporto e Cultura, José Monte. “Com tantos carros que a Câmara tem, diz deslocar-se em carro particular. Apresenta as despesas e aumenta assim de forma muito generosa o valor mensal que recebe da Câmara. Só em maio deste ano, foram 878 euros em quilómetros que acresceu ao seu salário. O senhor vereador até mete despesas para ir a Tui ou a Fontoura”, revelou Anabela Rodrigues. Mas as críticas a este autarca não ficaram por aqui. “Em 2016, em média, gastou perto de mil euros por mês em deslocações, hotéis, almoços e jantaradas com o fundo de maneio. Entre as faturas estão algumas de leitão na Bairrada, jantares de 200 euros em Paris e hotéis de luxo. É caso para dizer que o senhor vereador levou muito a sério as funções de vereador do Turismo! Achou que isso significava que ele próprio fizesse turismo a tempo inteiro”, disparou a candidata do PS. O público explodiu num estrondoso aplauso.
“Foram 69 mil euros de seguros da Câmara atribuídos à MAPFRE por ajuste direto sem consultar outros orçamentos. Sabem quem é o mediador da MAPFRE em Valença? É o Sr. Presidente da Assembleia Municipal, também do PSD”. Anabela Rodrigues estava implacável. De fogo cerrado sobre a direita, garantiu ainda que “há concursos públicos de empreitadas nesta Câmara que abrem e fecham no mesmo dia. Em 2015, o Índice de Transparência Municipal foi de zero no que diz respeito ao parâmetro da contração pública”.
“É necessário lutar contra a podridão do poder autárquico!”, exclamou a candidata do PS. “Onde predominam o caciquismo, o compadrio, as negociatas, os esquemas, os favorecimentos aos amigos e familiares”.

“Valença precisa de ser renovada”

Sobre o futuro, Anabela Rodrigues entende que “Valença precisa de ser renovada”. A candidata promete divulgar o programa eleitoral em tempo oportuno mas adiantou alguns objetivos do PS para o concelho. “Queremos uma Câmara de portas abertas e com uma gestão absolutamente transparente. Vamos criar um gabinete de planeamento, projetos e candidaturas com técnicos competentes para, de forma estatégica e planeada, podermos fazer candidaturas a financiamentos que possam surgir”, garantiu.
Os socialistas pretendem também “um concelho mais empreendedor”. Querem “atrair mais investimento. Mais emprego para todos. Apostar num ensino qualificado e ajustado às ofertas de emprego”. “De que serve atrair empresas cuja oferta de trabalho é precária, quando deixam sair de Valença empresas enraizadas?”, questionou Anabela Rodrigues. Mais um longo aplauso para a candidata do PS.
No campo da cultura, os socialistas querem melhorar a oferta existente. “Uma oferta atrativa não só para quem cá vive, mas que atraia mais gente ao nosso concelho”, referiu. Há também a intenção de apostar no turismo, promover o comércio e criar um gabinete da juventude. “Queremos mais proteção social para os idosos. Vamos comparticipar vacinas não incluídas no programa de vacinação. Vamos criar um Cartão Municipal de Famílias Numerosas. Apoiaremos as nossas escolas e vamos aumentar o apoio aos nossos clubes desportivos para que os jovens possam praticar desporto em condições dignas”.
A candidata assumiu ainda o compromisso em reforçar o apoio às Juntas de Freguesia. Alertou para a necessidade de um Serviço de Urgência 24 horas por dia. “Vamos também desenvolver esforços para criar uma equipa de intervenção permanente nos Bombeiros para prestar socorro à população. Esta equipa custará à Câmara cerca de 30 mil euros. Mas só com as ajudas de custo ao vereador José Monte já conseguimos uma boa parte desse valor”, concluiu Anabela Rodrigues com a assistência a brindar a candidata com mais um caloroso aplauso. “Tudo faremos para voltar a colocar Valença no mapa de Portugal como um concelho atrativo e progressista”, assegurou.
Nas autárquicas de 2013, o PSD venceu a corrida à Câmara de Valença com 58,1% dos votos. O PS ficou-se pelos 33,7%. Mais atrás, a CDU não foi além dos 4%. A taxa de abstenção foi de 40%. As próximas eleições autárquicas estão agendadas para 1 de outubro.

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