Os trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) reconheceram um “sentimento preocupação” nos deputados dos vários partidos sobre o futuro da empresa, depois de reuniões que se prolongaram durante nove horas.
“Todos os deputados, de todos os agrupamentos parlamentares, se mostraram preocupados com a situação da empresa e com a falta de esclarecimentos do Governo sobre o futuro e sobre o contrato com a Venezuela, para a construção dos navios asfalteiros”, admitiu à agência Lusa António Costa, o porta-voz da comissão de trabalhadores dos ENVC.
Os representantes dos atuais 625 trabalhadores foram recebidos na Assembleia da República por todos os agrupamentos parlamentares, encontros se prolongaram durante nove horas e que serviram para abordar o futuro da empresa, em processo de reprivatização.
“Todos os deputados, eleitos por Viana ou não, admitiram que o Estado, por estratégia e até para salvaguardar a construção naval militar, deveria manter uma participação na empresa e não alienar a totalidade do capital social”, disse ainda António Costa.
Os trabalhadores deram conta aos deputados da “falta de informação” sobre o futuro da empresa, nomeadamente por aguardarem “há meses” pelo agendamento de uma reunião com o ministro da Defesa e acusaram que a empresa não avança com a aquisição do aço necessário para arrancar com a construção de dois navios para a Venezuela “por falta de liquidez”.
“Os deputados mostraram-se muito céticos em relação a este contrato e comprometeram-se a pedir informação ao Governo”, acrescentou António Costa.
Trata-se de um contrato rubricado em 2011 entre os ENVC e a empresa de petróleos da Venezuela (PDVSA) e que continua por concretizar, apesar das várias renegociações contratuais que já sofreu, devido ao incumprimento da empresa.
“Se perdermos este contrato, ficamos numa situação muito complicada”, admitiu o porta-voz dos trabalhadores.
Os ENVC estão há um ano em processo de reprivatização e, em novembro, foram selecionados, com propostas vinculativas de compra de 95% do capital social da empresa, dois grupos, de capitais russos e brasileiros, para a última fase do negócio.
O processo ficou entretanto parado devido a pedidos de esclarecimento apresentados pela Comissão Europeia ao governo português, alegando dúvidas na atribuição de apoios estatais aos ENVC entre 2006 e 2010.
Comentários: 0
0
0