Os trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) anunciaram que vão pedir uma reunião ao presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, como forma de contestar o anunciado “encerramento” da empresa.
“Vamos chamar à atenção para o nosso problema. Não pode ser uma multa da Comissão Europeia que coloca em causa uma empresa com quase 70 anos”, disse António Costa, porta-voz da Comissão de Trabalhadores (CT) dos estaleiros.
Descrevendo o anúncio de “liquidação” da empresa por parte do Governo como um “bom murro no estômago”, os trabalhadores da empresa reuniram-se hoje, em plenário extraordinário, pouco depois dos responsáveis da CT terem sido recebidos pelo ministro da Defesa Nacional, em reunião realizada no Porto.
José Pedro Aguiar-Branco confirmou aos trabalhadores o cenário de “liquidação” dos ENVC e o lançamento de um concurso público internacional para subconcessão dos terrenos ocupados pela empresa, podendo o vencedor assumir uma parte ou a totalidade dos 620 atuais funcionários.
“Estamos a falar do encerramento premeditado da empresa. É uma forma diplomática de o fazer. Mas nós estamos aqui para lutar pelos estaleiros, uma empresa que custou muitas vidas para criar”, afirmou António Costa.
O Governo decidiu, na quinta-feira, em Conselho de Ministros, “encerrar definitivamente” o processo de reprivatização dos ENVC, face à publicação oficial da investigação lançada pela Comissão Europeia às ajudas estatais, de 181 milhões de euros, concedidas à empresa desde 2006.
Segundo o entendimento de Portugal, explicou à Lusa fonte governamental, a Comissão Europeia defende a devolução dos apoios públicos concedidos à empresa, por alegadamente terem colocado em causa as regras comunitárias da concorrência, ou, em alternativa, o seu encerramento, para que nenhuma entidade utilize futuramente esses benefícios, como poderia acontecer no anterior cenário de reprivatização.
Os trabalhadores não aceitam o cenário de liquidação e já pediram à população de Viana do Castelo para se mobilizar em defesa dos estaleiros e vão ainda solicitar reuniões a vários responsáveis, além de Durão Barroso, como o Presidente da República.
Ao primeiro-ministro, os trabalhadores vão pedir a realização de uma auditoria financeira às contas da empresa.
“Se são precisos 180 milhões de euros, a gestão danosa dos últimos 15 a 20 anos na empresa já representou muito mais do que isso. Exigimos a responsabilização das administrações que nos levaram a esta situação ou milhões de euros nas contrapartidas dos submarinos que lesaram a nossa empresa”, disse ainda o porta-voz dos trabalhadores.
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