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Paredes de Coura

Tiago B. Rodrigues: ‘Todos abrimos uma «Caixa de Brinquedos» que se chama vida’

21 Abril, 2016 - 21:59

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Ministro da Educação esteve em Paredes de Coura. Deu o pontapé de saída ao ‘Realizar: Poesia’ e inaugurou novo espaço para os mais pequenos.

“Ainda bem que trazem a Paredes de Coura um autor algo incompreendido e ainda ofuscado pela sombra de Fernando Pessoa. Ainda bem que tiveram a ousadia de revelar um autor visto por vezes como difícil, mas que é um autor maior e com muita luz na sua obra”. De palavras elogiosas, o Ministro da Educação mostrou-se bastante agradado esta quinta-feira após ter visitado a exposição “Mil anos me separam de amanhã”, uma viagem ao universo de Mário de Sá-Carneiro no centenário da sua morte.
Esta mostra integra o espólio de uma coleção privada, da qual fazem parte exemplares das edições originais dos livros de Mário de Sá-Carneiro, publicados em edição de autor, assim como a sua incontornável correspondência com, entre outros, Fernando Pessoa. “A nossa intenção primordial com esta exposição foi não fazer um roteiro meramente bibliográfico ou biográfico do autor, mas levar o visitante a emergir no universo transversal a toda a sua escrita. Baseamo-nos num poema fundamental da sua obra intitulado «As sete canções de Declínio», sendo que há sete espaços que nos vão introduzindo a diferentes vertentes da sua obra”, explicou aos jornalistas Susana Vassalo, arquiteta responsável pela exposição. A peça central desta mostra é a nota de suicídio deixada a Fernando Pessoa, não só pela efeméride da sua morte, mas acima de tudo pelo seu valor histórico e simbólico únicos. “Aí, o que tentamos é criar o impacto. O visitante passa a ser testemunha dessa despedida”, acrescentou a responsável.
A abertura desta exposição foi o arranque do “Realizar: Poesia”. Uma iniciativa que, durante cinco dias, promete abordar vários espaços da vila e concelho de Paredes deCoura. O Centro Cultural será o palco privilegiado, no entanto terá lugar em outros espaços como o Parque de Estacionamento Subterrâneo de Paredes de Coura, a Reserva Natural de Corno de Bico, o Centro de Estudos Mário Cláudio e intervenções em bares e outros estabelecimentos comerciais da vila.
Em declarações aos jornalistas, o presidente da Câmara de Paredes de Coura defendeu que “a afirmação do território e a dinâmica cultural acabam por ter retorno económico. Quando a cultura e as produções culturais são bem feitas, podem ter a certeza que o retorno económico vem”. Ato contínuo, Vítor Paulo Pereira lembrou que “o Festival de Paredes de Coura é o exemplo mais concreto disto. Mas não só o Festival como também ‘O Mundo ao Contrário’ e estas exposições. Não conseguimos ser competitivos com modelos estafados e que são constantemente copiados”.

“Aprender a brincar é uma coisa muito séria”

O Ministro da Educação precisou apenas de andar escassas dezenas de metros para inaugurar a «Caixa de Brinquedos». Trata-se de um espaço exclusivamente para as crianças poderem brincar e criar construções com as famosas peças multicolores da Lego, e que surge na sequência da já tradicional ‘Arte em Peças’, que todos os anos reúne em Paredes de Coura centenas de fãs da legomania. Este é um espaço que “mostra como a inovação pedagógica pode construir novas dinâmicas de aprendizagem”, disse Tiago Brandão Rodrigues. “Sozinhos podemos fazer muita coisa, mas será sempre menos do que fazemos em comunidade”, sublinhou. “Todos abrimos permanentemente uma «Caixa de Brinquedos» que se chama vida. Vive-se aprendendo e aprender a brincar é uma coisa muito séria”.
Num discurso em que conseguiu entrelaçar os dois espaços inaugurados, Tiago Brandão Rodrigues definiu “um lugar onde todos nós e muitos mais que aqui virão poderão abrir a mesma «caixa de brinquedos» e assim juntar ‘mais legos’ na imensidão de ‘legos’ que nos constroem todos os dias mais um pouco e que fazem com que cada dia jamais seja igual ao que já passou”.
Por sua vez, o autarca de Paredes de Coura considerou que “estas duas inaugurações mostram que esta é a melhor forma de combater o centralismo. Não se combate o centralismo com discursos bacocos mas com ação. Uma terra que pode ser pequena em geografia mostra que pode estar no mapa através de uma série de acontecimentos”. Vítor Paulo Pereira salientou ainda aos jornalistas que “a educação e a cultura não são heranças. Se assim o fossem, não faríamos nada! São construções e, como tal, as autarquias têm o dever de apresentar produtos culturais capazes de estimular os nossos jovens e as nossas crianças”. “Queremos pessoas competitivas do ponto de vista curricular, mas também queremos crianças e jovens dinâmicos do ponto de vista cultural”, concluiu.

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