Um dos elementos da comissão executiva da “Prótoiro” vai participar às autoridades policiais as ameaças à integridade física que afirma ter recebido nas últimas horas por aquela federação pretender realizar, domingo, uma tourada em Viana do Castelo.
“Algumas ameaças, por via eletrónica, são dirigidas em geral aos três elementos da comissão executiva da Prótoiro, avisando-nos que teremos consequências se realizarmos a corrida em Viana. Depois há outras, e só da parte da manhã de terça-feira foram seis, dirigidas a mim, ameaçando-me diretamente”, afirmou hoje José do Carmo Reis.
Aquele dirigente da “Prótoiro” afirma que todas as ameaças, “à integridade fisica e desejando a minha morte”, estão “devidamente documentadas” e “serão alvo de uma participação policial que já está a ser preparada”, garantindo que a sua proveniência está identificada.
“Neste momento estamos a caminho de Viana do Castelo para realizar o espetáculo. O problema é que falamos de elementos verdadeiramente terroristas e um dos nossos receios é a vandalização do espaço que vamos montar”, admitiu ainda José do Carmo Reis.
A corrida de touros, a primeira em quatro anos, está agendada para 19 de agosto, domingo, na cidade que em 2009 se declarou, por decisão da maioria socialista, “antitouradas”.
“Não estou preocupado. Estamos a preparar um espetáculo que é legal e que está autorizado, mas não as deixarei de participar porque não são aceitáveis num Estado como o nosso”, afirmou ainda.
A arena amovível será instalada a partir de quarta-feira em terrenos agrícolas da freguesia da Areosa, em Viana do Castelo, e terá capacidade para 3.300 lugares.
A organização pertence à “Prótoiro”, federação que reúne as várias associações do setor tauromáquico em Portugal e que anunciou pretender “acabar com o regime de censura cultural” que diz existir no concelho há mais de três anos.
Entretanto, a Câmara deduziu esta semana oposição à decisão do Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga (TAFB), que autorizou a instalação da arena, alegando violação do Plano Diretor Municipal (PDM) se isso se concretizar.
O presidente da autarquia, José Maria Costa, afirma estar “seguro de que não haverá tourada” em Viana do Castelo, apesar da suspensão do indeferimento da autarquia à instalação da arena, pelo TAFB, depois de uma providência cautelar interposta pela “Prótoiro”.
Segundo a oposição deduzida pelo município com regime de urgência, a instalação do recinto no local previsto, uma zona de emparcelamento agrícola junto à costa, configura um “desrespeito pelo ambiente e pelo ordenamento do território” e por isso o pedido foi indeferido a 02 de agosto.
Os terrenos em causa estão classificados como Reserva Agrícola Nacional (RAN) e Reserva Ecológica Nacional (REN) e como tal não podem receber qualquer instalação do género, à luz do PDM, aprovado em 2008.
Segundo a direção da “Prótoiro”, a decisão do tribunal, de permitir a instalação da arena – o evento em si já está licenciado pela Inspeção-Geral das Atividades Culturais e Sociedade Portuguesa de Autores -, foi tomada “já com conhecimento” dos motivos invocados pelo município para o indeferimento.
Comentários: 0
0
0