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Ponte de Lima

Secular ‘Mesa dos Quatro Abades’ repete-se no domingo sob incerteza do novo mapa

16 Junho, 2012 - 10:26

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Os autarcas de quatro aldeias de Ponte de Lima reúnem-se no domingo à volta da mesma mesa num encontro secular, com a particularidade de nenhum sair do seu território, agora marcado pela indefinição sobre o futuro das freguesias.

Os autarcas de quatro aldeias de Ponte de Lima reúnem-se no domingo à volta da mesma mesa num encontro secular, com a particularidade de nenhum sair do seu território, agora marcado pela indefinição sobre o futuro das freguesias.

Cada um dos presidentes de junta de freguesia participa na ‘Mesa dos Quatro Abades’ sem sair da ‘sua’ terra, reclamando ao presidente da câmara, conforme ditam as regras, obras para os próximos meses ou expressando preocupações.

Esta tradição remonta ao século VXIII e decorre sobre uma mesa em granito assente num marco divisório que delimita as freguesias de Calheiros, Cepões, Bárrio e Vilar do Monte.

Desta forma, os quatro bancos que a rodeiam estão colocados no território de cada uma das localidades.

Os presidentes de junta aproveitam a presença – obrigatória – do presidente da câmara para lhe apresentar pedidos normalmente relacionados com o arranjo dos centros cívicos, a reparação de caminhos rurais e outras “coisas pequenas”.
Manda igualmente a tradição que o presidente da câmara satisfaça esses pedidos até ao encontro do ano seguinte.

Contudo, destas quatro freguesias, apenas a de Calheiros, com mais de 1.200 habitantes, cumpre os requisitos estipulados pela reorganização administrativa, enquanto que as restantes três já procuram, nesta altura, os seus “parceiros”.

“As freguesias estão divididas, cada uma tem o seu interesse sobre com quem se deve juntar. Por isso, também não sabemos muito bem como será para o futuro, apesar de nos garantirem que a identidade das freguesias será mantida, apesar destas fusões”, explicou à Agência Lusa Francisco Calheiros, da direção da associação criada há vários anos para gerir o interesse das quatro freguesias “unidas” por esta tradição.

“Ainda falta o encontro de 2013, antes das mudanças, mas esse será um tema em cima de mesa, já para este ano”, sublinha.

Depois de apresentados os pedidos e feitas as habituais promessas por parte do presidente da câmara, na ‘Mesa dos Quatro Abades’, segue-se um almoço que não dispensa os tocadores de concertina e cantadores ao desafio.

Os primeiros registos desta tradição datam de 1775 e na altura os abades – que assumiam o papel atual do presidente de junta – sentavam-se, depois de uma manhã de procissão dedicada a S. Sebastião, pedindo proteção contra a fome, em cada um dos bancos correspondentes.

A mesa é ladeada por quatro bancos também em granito, cada um assente no território de cada freguesia, onde os representantes de cada paróquia se sentavam para também debater e resolver os mais diversos assuntos, consultando os fiéis, que se encontravam ao seu redor.

Discutiam também os diversos litígios e problemas que afetavam o povo das quatro localidades.

A tradição foi recuperada por iniciativa das juntas de freguesia em 1988 e realiza-se sempre no terceiro domingo do mês de junho.

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