A Refer confirmou ter recusado a proposta alternativa de atravessamento da linha férrea em Vila Praia de Âncora, apresentada pela Câmara de Caminha para tentar resolver o conflito com a população sobre o encerramento da anterior travessia.
“Efetivamente a Câmara Municipal de Caminha submeteu à Refer duas propostas, ambas recusadas porque implicavam a reabertura de um atravessamento de nível, prática que, como referido em anteriores informações, está impedida por lei”, disse à Lusa fonte oficial daquela empresa pública.
“Considerando os interesses do município e das populações, e consciente de que é determinante a estabilização deste processo, a Refer continua no entanto disponível para analisar e viabilizar uma qualquer outra solução de atravessamento desnivelado que venha a ser proposta”, admite ainda a empresa.
A Câmara de Caminha apresentou recentemente à Refer duas propostas de atravessamento da linha ferroviária em Vila Praia de Âncora, que seriam soluções alternativas ao encerramento da denominada “Travessa do Teatro”. Também se comprometeu a assumir a totalidade das despesas e encargos da construção de qualquer uma das propostas, ambas prevendo o transbordo ao nível da linha.
As soluções apresentadas “são semelhantes” às que acontecem noutros pontos do concelho, garantiu hoje a presidente da Câmara de Caminha. Júlia Paula Costa acrescentou que o diferendo atual com a população surgiu porque a empresa pública, “durante mais de 25 anos”, não concretizou o protocolo de encerramento, assinado em 1986, tendo por isso “criado um grave precedente”.
“As pessoas criaram expectativas, a vila desenvolveu-se e até a Câmara investiu milhares de euros na zona, sempre com a passagem aberta. Nunca aceitaremos que a venham agora retirar, passados estes anos todos”, assume autarca, que já pediu a intervenção do Governo neste processo.
Trata-se de um diferendo que se arrasta há quase quatro anos, já que a população não aceita o encerramento da passagem de nível, naquele local, ao trânsito de peões.
A Refer fechou o acesso com um muro em cimento, o qual tem sido sistematicamente derrubado, de forma anónima, pela população, que assim contesta o encerramento da passagem.
Sempre que o muro é destruído, a população volta a utilizar a antiga travessia.
O fecho foi decidido em 1986, num protocolo que envolveu a Câmara de Caminha e a CP. O encerramento ao trânsito automóvel aconteceu dois anos depois, mas a circulação pedonal manteve-se até 2009, ano em que a travessia foi totalmente fechada.
Seguiu-se a contestação da população, inclusive com manifestações no local da travessia, em pleno centro da freguesia e que dá acesso à marginal e a vários equipamentos ali existentes.
Apesar de existir uma outra passagem, a sensivelmente 140 metros de distância, em linha reta, a população alega que, na prática, esse desvio é de centenas de metros, sendo o atravessamento da linha necessário várias vezes ao dia.
Fonte da Refer alertou para os riscos da utilização de “atravessamentos ilegais”, nomeadamente por colocar em causa a segurança dos “infratores e dos próprios passageiros e maquinistas dos comboios”.
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