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País

Perfumes: Realidade ou mito? – Conheça toda a história que começa em… 1999!

9 Setembro, 2022 - 16:37

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História reaparece de forma cíclica.

A história tem dado que falar nos últimos dias no Norte do País. Sobretudo em toda a região do Minho. Incontáveis alertas nas redes sociais dão conta de mulheres (e até homens) atacadas e até mesmo raptadas após inalar um perfume que lhes tentam vender.

 

Segundo os relatos, trata-se de uma prática que se tem verificado em parques de estacionamento de espaços comerciais de vários concelhos, nomeadamente Monção, Arcos de Valdevez, Viana do Castelo e até no Baixo Minho como Esposende, Guimarães e Braga.

 

 

Aparece com e-mails em… 1999!

A Rádio Vale do Minho investigou e concluiu que a própria história é ainda mais antiga que as redes sociais. A origem estará nos Estados Unidos da América (EUA), em finais de 1999, conforme refere um documento emitido pela Polícia de San Diego, Califórnia.

 

“Trata-se de um mito urbano que começou no final de 1999 a partir de um relato feito à polícia. E-mails sobre este episódio foram amplamente divulgados pela internet [não havia ainda redes sociais]. Hoje, o básico da história continua só que em vez de água de colónia é usado perfume”, lê-se.

 

A data foi confirmada. No dia 8 de novembro desse ano, a Polícia do Alabama, também nos EUA, emitiu um comunicado onde dá conta de que foi chamada por “uma mulher de 54 anos, que contou que uma mulher negra, desconhecida, lhe teria tentado vender um perfume de 45 dólares por apenas oito, pedindo-lhe, antes, para cheirar uma amostra. Só para ver se gostava. Ela cheirou uma primeira vez e não notou nada de estranho, mas, quando voltou a cheirar, segundo garantiu às autoridades, ficou inconsciente”.

 

Quando acordou, a vítima disse que se encontrava “noutro parque de estacionamento, a quilómetros de distância da ocorrência e tinham-lhe roubado o dinheiro do emprego, que ia levar ao banco, bem como o seu dinheiro pessoal”.

 

Nada foi comprovado.

 

No ano seguinte, a Snopes – uma plataforma de desmistificação de lendas e mitos urbanos, mostrou que um episódio como este dificilmente poderia ser verdadeiro. 

 

 

História renasce em Portugal… em 2016

A história atravessa um oceano inteiro e é em 2016 que encontramos os primeiros registos por cá. Segundo o blogger Pedro Paulos, circulavam nesse ano pelas redes sociais supostos ataques com perfume na zona do Cais do Sodré, em Lisboa.

 

As redes sociais fervilhavam com alertas partilhados vezes sem conta.

 

O blogger decidiu tirar a limpo e consultou a opinião de um então doutorando em Química pela Universidade da Beira Interior e coordenador-geral de uma instituição integrada no Sistema Científico e Tecnológico Nacional.

 

“Para um cenário deste género acontecer, tem de se partir do princípio que a substância teria um grau de difusão, ou volatilidade, elevadíssimo. E, a ser assim, todos ficariam a dormir, tanto quem cheirasse, como quem administrasse”, disse o especialista.

 

No entanto, apontou, há uma situação em que uma pessoa pode cheirar perfume, ou algo indicado como tal, e desmaiar.

 

“Pode acontecer, se essa pessoa tiver um grau de alergia enorme a uma determinada substância e, por via dessa alergia, entrar em estado comatoso”. Mas como é que os assaltantes/raptores iriam adivinhar as alergias das vítimas?

 

O blogger contactou a PSP. A autoridade assegurou-lhe que “estas histórias não são verdadeiras”.

 

 

Seis anos depois… no Minho

Seis anos depois, em 2022, dá-se um novo renascimento. Desta vez por toda a zona do Minho. 

 

Roubos e raptos ocorridos em Monção, Melgaço, Arcos de Valdevez, Viana do Castelo, Braga, Guimarães, Esposende, Vila Verde… e em várias outras localidades. As redes sociais voltam a ferver com milhares de partilhas sobre relatos do género e denúncias já feitas à GNR.

 

 

Alguns exemplos das publicações que estão a viralizar nas redes sociais

 

 

 

PSP considera que são fake news

A Rádio Vale do Minho contactou o Comando Distrital da GNR. Nenhuma ocorrência do género. Outros órgãos de comunicação social fizeram o mesmo e o resultado foi semelhante.

 

O Comando Distrital da PSP de Braga apelou mesmo à população que denuncie imediatamente qualquer situação suspeita relativa a uma alegada venda de perfumes tendo por objectivo raptar mulheres. Resultado? Nada.

 

Esta sexta-feira, o mesmo Comando Distrital da PSP de Braga emitiu novo comunicado onde – definitivamente – considera todos os relatos sobre o tema como fake news.

 

“No seguimento do nosso apelo nas redes sociais e nos OCS, no sentido de comunicarem às Forças de Segurança alguma situação semelhante ao que tem sido noticiado, a PSP informa que até ao momento não obtivemos qualquer confirmação, o que indicia ter-se tratado de mais uma fake news, lê-se.

 

“Para obviar situações semelhantes, solicitamos à população em geral, que com brevidade comunique às polícias as situações potencialmente ilegais que vivenciar, em vez de as publicitar nas redes sociais”, acrescenta a PSP.

 

 

PSP Braga considera que histórias relacionadas com a venda de perfumes são fake news

[Fonte: PSP – Comando Distrital de Braga]

 

 

Entretanto, nas redes sociais, o tema esgota-se lentamente. Tal como aconteceu em 2016. Voltará certamente a adormecer. Só não se sabe quando voltará a despertar. Nem onde.

 

 

[Fotografia: Ilustrativa/DR]

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