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Paredes de Coura

Paredes de Coura: ‘Mãe coragem’ a residir com filho em França não desiste dos sonhos

3 Maio, 2015 - 09:05

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Este domingo assinala-se o Dia da Mãe, e a rádio Vale do Minho ouviu a história de uma mãe courense a viver
em França apenas com o filho. Sem emprego. Mas com muitos sonhos e uma boa dose de audácia.

Foi há pouco mais de ano e meio quando Manuela Cunha, natural de Paredes de Coura, ficou desempregada.
Trabalhava como funcionária numa escola. Aos 37 anos e com um filho de sete a seu cargo, não encontrou alternativa a não ser deixar o país. Partiu rumo a França de mão dada com o pequeno Diogo. Na bagagem, para além do óbvio, levava os sonhos e as responsabilidades de uma mãe. “O Diogo é um miúdo muito corajoso mas claro que sentiu bastantes dificuldades em adaptar-se à nova realidade. Não sabia dizer praticamente nada em francês a não ser ‘obrigado’ ou ‘bom dia’. Passou a conviver com crianças que só falavam francês. Nos primeiros dias chorou um bocado mas depois até acabou por conhecer um menino português na mesma situação e ficou um pouco melhor”, contou a mãe à Vale do Minho a partir dos arredores Paris, onde reside.
Os meses foram passando. Mãe e filho passaram a viver os dias a apoiar-se um ao outro. O azar voltou, no entanto, a bater à porta de Manuela. Novamente sem emprego, a mãe courense pretende agora encontrar trabalho na área que realmente gosta: os recursos humanos. Já o Diogo, agora com nove anos, está com a energia própria da idade. “É difícil ser mãe num cenário destes”, confessou Manuela à Vale do Minho. “Estou praticamente sozinha com ele todos os dias. Gera-se a dinâmica da mãe que tem de fazer papel de mãe e pai ao mesmo tempo. A mãe que tenta educar e o filho que tenta sempre escapar. Tem sido uma luta”, desabafou.
As saudades da família e de Paredes de Coura apertam cada dia mais. As redes sociais ajudam a enganar o vazio, sobretudo ao Diogo que não se cansa de ver fotos da vila e de falar com os amigos que tem na terra que o viu nascer. A família tem apelado várias vezes à filha para regressar. “Às vezes parece-me que as coisas estão a melhorar. Vejo imensos anúncios a dizer que esta e aquela empresa estão a recrutar. Mas depois as pessoas dizem-me que as coisas em Portugal estão mal. Continua a chegar cá muita gente à procura de trabalho e de dinheiro. Para já não volto”, disse.
E enquanto um novo emprego não chega, Manuela sente já o reconhecimento por parte dos amigos. “No princípio diziam que eu era louca”, revelou com uma gargalhada. “Hoje consideram que sou muito corajosa e isso é bom”, rematou.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística divulgados o ano passado, o número de emigrantes portugueses triplicou desde 2009. Foram 54 mil os portugueses que decidiram emigrar por um período igual ou superior a um ano, ou seja, de forma permanente, em 2013. Foram mais do que os registados no ano anterior (cerca de 52 mil). Se olharmos para trás, percebe-se que esse número mais do que triplicou em cinco anos (em 2009, eram 17 mil).

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