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País: Morreu Mário Soares

7 Janeiro, 2017 - 16:05

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Informação foi dada este sábado pelo Hospital da Cruz Vermelha.

Morreu Mário Soares. A informação foi dada este sábado pelo Hospital da Cruz Vermelha.
Nascido em Lisboa, a 7 de dezembro de 1924, Mário Soares foi co-fundador do Partido Socialista no dia 19 de abril de 1975. O percurso político iniciou-se nos grupos de oposição ao Estado Novo, atividades que levariam o governo de Salazar a deportá-lo para São Tomé, onde permaneceu até o governo de Marcello Caetano lhe permitir o exílio em França.
No processo de transição democrática subsequente ao 25 de abril de 1974 afirmou-se como líder partidário no campo democrático. Foi Ministro de alguns dos governos provisórios. Em seguida foi Primeiro-Ministro dos I, II e IX governos constitucionais, acompanhando o processo de construção de políticas sociais pré-adesão às Comunidades Europeias. Foi Presidente da República durante dois mandatos, entre 1986 e 1996.
Licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em 1951, e em Direito, na Faculdade de Direito da mesma universidade, em 1957. Foi advogado e professor do ensino secundário particular, chegando a dirigir o Colégio Moderno, fundado pelo pai, e no qual lhe sucederam a sua mulher, Maria de Jesus Barroso Soares e, posteriormente, a sua filha, Isabel Barroso Soares, psicóloga, além de professora do colégio.
Como advogado defensor de presos políticos, participou em numerosos julgamentos, realizados no Tribunal Plenário e no Tribunal Militar Especial. Representou, nomeadamente, Álvaro Cunhal quando acusado de crimes políticos, e a família de Humberto Delgado na investigação do seu alegado assassinato. Juntamente com Adelino da Palma Carlos defendeu também a causa dinástica de Maria Pia de Saxe-Coburgo e Bragança. Foi na prisão, embora com registo na 3.ª Conservatória do Registo Civil de Lisboa, que casou por procuração, a 22 de fevereiro de 1949, com Maria Barroso.

Os dez anos pós-presidência da República

O percurso político de Mário Soares depois dos dez anos de Presidência da República foram orientados para a intervenção a nível internacional. Depois de ter assumido, em dezembro de 1995, a presidência da Comissão Mundial Independente Sobre os Oceanos, seria escolhido em setembro de 1997 para a presidência do Comité Promotor do Contrato Mundial da Água.
Também em 1997 assumiu a presidência da Fundação Portugal África — fundada pelo Banco de Fomento e Exterior (posteriormente integrado no Banco Português de Investimento[11]) — e a presidência do Movimento Europeu Internacional, uma ONGD cuja fundação remonta ao pós-Segunda Grande Guerra e que foi impulsionadora da fundação do Conselho da Europa, em 1949[12].
Subsequentemente, em 1999, três anos depois de terminar o seu mandato como Presidente, Mário Soares foi o cabeça-de-lista do PS às eleições europeias de 1999. Uma vez eleito foi logo de seguida candidato a presidente do Parlamento Europeu, mas perdeu a eleição para Nicole Fontaine, a quem não teve pejo em afirmar que tinha «um discurso de dona de casa», no sentido pejorativo do termo. Essa derrota na corrida à presidência do Parlamento Europeu acabou por retirar expetativa à ambição de Soares em desempenhar um cargo importante na política internacional.
Longe da política ativa, sem deixar de assumir como figura de maior referência do PS, Soares surpreendeu o país ao aceitar, em 2005, um regresso à disputa pelo cargo de Presidente da República. Foi assim, aos 81 anos, o segundo candidato anunciado — após Jerónimo de Sousa, candidato apoiado pelo PCP — o que seria um inédito terceiro mandato.
O motivo da sua entrada na corrida era nem mais nem menos do que impedir que José Sócrates, então secretário-geral do PS tivesse de apoiar o candidato Manuel Alegre, após algumas crispações deste histórico do PS com as hostes do seu próprio partido — de resto, Alegre havia sido adversário de Sócrates nas eleições internas do PS em 2004, representando uma corrente ideológica completamente oposta à de Sócrates.
Na eleição presidencial, realizada a 22 de Fevereiro de 2006, Soares obteve apenas o terceiro lugar, com 14% dos votos, ficando inclusive atrás da candidatura (que acabou por não ter apoio partidário) de Manuel Alegre. As eleições foram vencidas com maioria absoluta (e, portanto, à primeira volta) por Aníbal Cavaco Silva.

Dono da «chave» de Lisboa

Em 2007 foi nomeado presidente da Comissão de Liberdade Religiosa. Também preside ao Júri do Prémio Félix Houphouët-Boigny, da UNESCO, desde 2010, é patrono do International Ocean Institute, desde 2009.
No dia 11 de Outubro de 2010 recebeu o Doutoramento Honoris Causa pela Universidade de Lisboa aquando das comemorações do centenário da mesma, coincidindo com as comemorações do centenário da República Portuguesa (5 de Outubro). Com 89 anos é eleito a personalidade do ano 2013 pela imprensa estrangeira, radicada em Portugal.
Em 25 de abril de 2016, o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, entregou a Mário Soares a chave da cidade de Lisboa, a mais alta distinção atribuída pelo município a personalidades com relevância nacional e internacional.
Morreu este este sábado, aos 92 anos, no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa.

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