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Autárquicas

Monção: Tsunami socialista transformou praça Deu-la-Deu num pátio

2 Setembro, 2017 - 05:39

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Candidato pelo PS à Câmara Municipal deu comício épico no centro histórico da vila.

“Alguém me disse: «Augusto, põe uma carpa na Praça Deu-la-Deu»! Eu disse que não. Sou um homem de arriscar. Sem carpas. Sem falsas multidões. E agora que venham cá contar”. Foi com estas palavras que o candidato pelo PS à Câmara de Monção abriu esta sexta-feira um discurso que marcaria aquele que é já considerado um dos melhores comícios socialistas dos últimos tempos. Mas já lá vamos…
A multidão começou a tomar conta da praça principal da vila ao final da tarde. A poucos minutos das intervenções políticas, a moldura humana já ultrapassava as fronteiras da zona central do espaço. Mais de mil? Seguramente. Uma onda socialista imensa, com gente de todas as idades. Novos e menos novos agitavam bandeiras e esperavam o grande momento.
O coordenador da concelhia socialista local foi o primeiro a subir ao palco. Manuel José Oliveira recuou até junho e lembrou o momento em que o presidente da Câmara dos Arcos de Valdevez comparou o candidato pelo PSD a Deu-la-Deu Martins, heroína local. Sem rodeios, o dirigente socialista «foi buscar o escadote». Subiu à cúpula do panteão monçanense e trouxe António Barbosa de volta aos mortais. “Alguns dizem-se heróis e sucessores de Deu-la-Deu. Nós não. Nós temos as nossas sucessoras e heroínas que são as nossas avós, as nossas mães, as nossas filhas e as nossas netas. Essas sim! São as nossas heroínas e é com elas que vamos ganhar estas eleições!”. O público rebentou no primeiro longo aplauso da noite. Os socialistas entravam a matar. Espingardas apontadas à direita. As bandeiras agitavam-se e os punhos esquerdos erguiam-se no ar.

“A culpa é tua, Augusto! A causa é tua!”

Com o adversário do PSD «descido à terra», coube aos senhores que se seguiram proceder à demolição. Foi chamado ao palco o presidente da Federação do Partido Socialista de Viana do Castelo. E se à direita se joga com o número cinco, Miguel Alves optou por fixar-se no número três. “Em primeiro lugar, três anos difíceis que esta Câmara enfrentou dado que já não considero que estes últimos meses tenham sido tão complicados. Estiveram em minoria, sempre atacados por quem quis defender apenas um percurso político e a esperança de uma segunda volta onde pudesse haver outro vencedor”, atirou o líder distrital. “Foram três os protagonistas deste caminho: o Augusto, a Conceição e o Paulo. Foram eles que deram tudo! Quantas vezes abdicando da sua família mas sempre na esperança de transformar Monção num concelho melhor”, prosseguiu Miguel Alves. A finalizar, inevitavelmente, o autarca caminhense lembrou os três votos de diferença que separaram PS e PSD nas autárquicas de 2013. Deixou o apelo. Incendiou o povo. “Viva Monção! Viva Augusto!”. O aplauso foi estrondoso.
Foi a vez de José Emílio Moreira dar seguimento à noite socialista. Sem desviar do alvo fixado no início da sessão, o candidato à Assembleia Municipal recordou os tempos em que a Câmara de Monção era gerida pelo PSD… e o que aconteceu depois da viragem à esquerda. “Façam uma análise a todo o concelho e vejam o que era Monção há 20 anos e o que é hoje! As várias infraestruturas que surgiram, o desenvolvimento social e cultural, os equipamentos, o emprego e a atividade económica”, enumerou o antigo presidente da Câmara local. “Isto acontece quando se sabe trabalhar em equipa, quando se ouvem os moçanenses, quando se dialoga, quando se reconhecem erros e sempre com a paixão de servir Monção. Porque Monção está acima de tudo!”. O público respondeu com uma grande ovação para o já histórico socialista do concelho.
Seguiu-se Tiago Brandão Rodrigues, dirigente nacional do partido. “Sempre olhei para esta praça como uma praça enorme. E hoje olho para esta praça e ela parece tão pequena! Olho lá para o fundo e vejo gente… olho para este lado e vejo gente… Parece uma praça diminuta onde não cabemos todos!”, exclamou. Sem o «uniforme» de Ministro, Tiago Brandão Rodrigues não resistiu a puxar algumas memórias. Aumentou o tom e a intensidade. “Foram eles [Augusto Domingues, Conceição Soares e Paulo Esteves] que resolveram o problema da escola! E foram eles que resolveram o problema do emparcelamento!”. Os aplausos despertaram imediatamente. “Foi assim que, à saída do Conselho de Ministros, liguei emocionado para o Augusto e disse: «Companheiro! Conseguimos! O emparcelamento foi aprovado!»”. As lágrimas de emoção notavam-se nos olhos do governante. Teimavam também em querer cair nos olhos de Augusto Domingues. Foi por pouco. “Eu prometi! Tu prometeste e nós conseguimos! A culpa é tua, Augusto!”, gritou Tiago Brandão Rodrigues. “A causa é tua, Augusto!”, gritou novamente. O público foi ao rubro. Foi um dos mais longos aplausos da noite para um discurso que deixou rostos emocionados na plateia. Ato contínuo, um abraço sentido entre o Ministro e o candidato socialista. E as palmas ainda se ouviam, ao som da música épica nas colunas.

Augusto Domingues: “Eu não tenho poder nenhum! O poder é vosso!”

Finalmente o momento chegara. Toda a multidão em pé. As bandeiras completamente desfraldadas. Augusto Domingues foi chamado ao palco e o público repetia incessantemente o nome próprio do candidato. “Augusto! Augusto! Augusto!”. De sorriso no rosto, o atual presidente da Câmara surgiu perante o mar de gente. Descontraído. Triunfante. Cumprimentou o público num efusivo abrir de braços. A multidão respondia. “Assim, sim!”, iniciou o candidato. “Alguém me disse: «Augusto, põe uma carpa na Praça Deu-la-Deu»! Eu disse que não. Sou um homem de arriscar. Sem carpas. Sem falsas multidões. E agora que venham cá contar”. Palmas a perder de vista.
Após habituais agradecimentos, Augusto Domingues começou a jogar os «ases» para a mesa. O fogo cerrado à direita continuava. “Primamos pela qualidade nas listas às juntas. Não pela quantidade. Trabalhei com oito Juntas de Freguesia Independentes e não lhes fiz frente. Fizeram um excelente trabalho e estão aí connosco porque reconhecem a nossa relação”. O primeiro recado ao PSD estava dado. Mas Augusto Domingues, frenético, estava imparável. “Para além disso, tenho lista na freguesia onde nasci. Há quem não se possa gabar disso! Há quem não tenha lista na terra onde nasceu!”. Mais um «mimo» enviado ao PSD, mais concretamente para António Barbosa.
Embalado no discurso, o edil socialista não perdoou outra das ideias vindas dos sociais-democratas. “Há quem ande a afirmar que o poder nos esta a fugir das mãos, mas é mentira. E sabem porquê?”, questionou. Fez uma pausa. “Porque eu não tenho poder nenhum!”, disparou como um trovão. “O poder é vosso! O poder está do vosso lado! O poder está em não deixar entrar para a Câmara gente que não merece!”. A multidão rebentou num aplauso estrondoso. “O poder está no voto das pessoas! Quando muito sou teimoso… sou perseverante! Adoro esta terra! Nasci nesta terra! Amo esta terra! Mas o poder não o tenho… o poder é vosso! O poder é o do vosso voto!”, reiterou ainda com voz intensa. Os aplausos não cessavam. Augusto Domingues percorria o povo com o olhar.

“Eles não pensam no principal… e o principal é Monção!”

Cortadas que estavam «as asas» ao PSD, o candidato socialista montou a passerele e fez desfilar as jóias da gestão socialista. Congratulou-se com uma das autarquias com maior equilíbrio financeiro do país. Seguiram-se as obras realizadas. Entre elas o Centro Cultural do Vale do Mouro, o relvado sintético d Os Raianos, Lar de Podame, Museu do Alvarinho, Torre de Lapela, a demolição de casas para exponenciar a muralha da vila, a sede da Banda Musical de Monção, a 2ª fase da EN 201, acessos ao Minho Park, a requalificação das antigas Termas “e ainda obras a decorrer e as que estão consignadas”, apontou. Fez nova pausa. Deixou para o final a 1ª fase da requalificação da EN 101/202. “Vamos modernizar aquela avenida e à volta dela vão surgir empresas! Olhem que eu tenho razão! Ali vai ser criado emprego! E o mais importante numa comunidade, meus amigos, é o emprego”, defende Augusto Domingues. Foi a deixa perfeita para os menos de 5% de desemprego de que tanto se orgulha.
Enumerou os certames que já fazem parte do coração dos monçanenses. Todos eles: Feira do Alvarinho, Feira da Foda, Festa da Cerveja Artesanal, Feira do 27, Ponte do Mouro Medieval, Feira la de Riba, Feira do Vinho Tinto, Feira Agrícola do Vale do Mouro, Festa do Linho, Feira dos Produtos de Toviscoso. “Até dá suor só em enumerá-las. Nem imaginam o quanto custa fazê-las!”, desabafou. “Mas alguém diz por aí… Monção move-se!”. Nova salva de palmas para o candidato socialista.
Prometeu continuar com as ajudas aos mais idosos. Aos mais carenciados. E garantiu também a continuidade no apoio aos investidores. “O Parque da Lagoa está quase cheio! E com as propostas que tenho já na Câmara, vamos enchê-lo completamente mal o próximo mandato comece”. “E vamos resolver o problema do Minho Park!”, assegurou. “Eles [PSD] esfregam as mãos de contentes sempre que temos uma dificuldade ou algum azar. Sabem porquê? Não pensam no principal… e o principal é Monção!”, desferiu Augusto Domingues. Longa ovação.
O candidato terminou com o previsível apelo ao voto nas próximas eleições autárquicas. Continuando com a intensa iteratividade, lançou a questão. “E sabem em quem vamos votar? Vamos votar em Monção! Porque Monção está acima de tudo!”, gritou Augusto Domingues. Era o lema do Partido Socialista para este sufrágio. “Monção está acima de tudo!”, repetiu a ponto de arrebatar a plateia de tal forma que todos se levantaram. As palmas ecoavam em toda a praça. “Augusto! Augusto! Augusto!”, gritava a multidão. Na cena final, ficou um candidato ora de braços abertos… ora de punhos cerrados a saudar mais de mil pessoas que o empurravam para a maioria absoluta.
Em 2013, para a Câmara Municipal de Monção, o PS obteve 37,96% dos votos. O PSD ficou logo atrás com 37,92%. O CDS-PP alcançou os 17,7%. A CDU não foi além de 1,6%. A taxa de abstenção foi de 41%. As próximas eleições autárquicas realizam-se no dia 1 de outubro.

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