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Os castelhanos nunca digeriram bem a tareia que levaram em Aljubarrota no dia 14 de Agosto de 1385. Continuavam em guerra aberta com o nosso país e D. João I precisava de aliados. Um ano depois, em 1386, o rei de Portugal firmava com Inglaterra o mais antigo tratado entre dois países europeus: o Tratado de Monção. Foi aí definida a cooperação militar entre as duas nações.
Mas Castela não desarmava. Os dias de hostilidade sucediam-se e a todo o momento podia rebentar um novo conflito. E a generalidade do povo estava cansada de viver nesta situação.
Por forma a aliviar a tensão entre as duas nações, D. João I e D. João de Castela decidiram marcar um encontro. Era necessário um tratado. Foi escolhido o melhor local para ser assinado: Monção. Aconteceu a 23 de novembro de 1389.
De acordo com os historiadores, os dois reis comprometeram-se em Monção a suspender as hostilidades durante três anos. Mas havia condições: cada um dos monarcas tinha de ceder ao outro cidades anteriormente conquistadas.
Castela cedeu a Portugal as localidades de Mértola, Noudar, Olivença (Alentejo), Castelo Melhor, Castelo Mendo e Castelo Rodrigo. Os portugueses cederam apenas duas: Salvaterra do Minho [que passou a Salvaterra de Miño] e Tui [que passou a Tuy].
A paz voltou a reinar nas duas margens do rio Minho. No entanto, conta a História, após a morte de D. João I [em 1433], os castelhanos voltaram à carga. A guerra voltou. Invadiram Trás-os-Montes e tomaram Bragança, Vinhais e Mogadouro. E assim a espadeirada continuou pelos compêndios de História fora.
Segundo tratado de Monção ainda continua por ser recriado
Foi em 2016 que, em Monção, surgiu a iniciativa Ponte do Mouro Medieval. Uma feira medieval onde, durante três dias, o povo recua até ao século XIV e assiste a uma recriação histórica do (primeiro) Tratado de Monção – o tal documento que definiu as condições de cooperação militar entre Portugal e Inglaterra e onde foram estabelecidos os pormenores do casamento entre D. João I e D. Filipa de Lencastre.
No entanto, nunca houve a recriação histórica deste segundo Tratado de Monção, onde foi estabelecida a paz entre Portugal e Castela.
“Ambos os tratados são importantes, mas o primeiro teve provavelmente um impacto maior do que o segundo. No entanto, e tendo em conta o ambiente de guerra que se vivia naqueles tempos, um tratado de paz é sempre importante”, sublinhou o presidente da Câmara de Monção, António Barbosa, à Rádio Vale do Minho.
“Num certame em que se pede que todos os anos seja inovador, a recriação do segundo tratado poderia ser integrada no programa”, disse o autarca. “Nos nossos eventos temos de primar pela novidade. Isto para que todos os anos exista um cunho novo. Algo que motive e faça com que os visitantes voltem a Monção”.
[Fotografia: Ilustrativa / DR]
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