Foi no dia 7 de fevereiro de 1934 que Monção viu partir o nome maior das letras do concelho.
Nasceu no dia 2 de novembro de 1866, em Monção, como José Rodrigues Vale. Ficou conhecido pelo pseudónimo de João Verde.
Foi secretário da Câmara Municipal de Monção, desde 22 de julho de 1891 até à data do seu falecimento.
A vida literária de João Verde distribuiu-se pela criação poética em verso e em prosa e pelo jornalismo, publicando textos seus nos jornais “Aurora do Lima”, “A Terra Minhota”, “Alto Minho”, “Monsanense” e “Independente”. Em 1901, funda “O Regional” (1901 – 1918).
João Verde estreou-se na poesia com a publicação de “Musa Minhota”, 1887, seguindo-se “N`Aldeia”, 1890.
A sua obra mais conhecida, “Ares da Raia”, foi impressa em Vigo e lançada em 1902. A tiragem foi de 700 exemplares, 500 para Portugal e 200 para a Galiza. Por incluir dois poemas em galego, João Verde foi inscrito, mais tarde, na catedrática Santiago de Compostela como o XV poeta galego. Esta publicação reúne duas dúzias de poemas repartidos por cinco capítulos.
Entre estes, ficou para sempre o emblemático poema que quase todos os monçanenses recitam de cor e salteado, intitulado “Vendo-os assim tão pertinho”.
«Vendo-os assim tão pertinho,
A Galiza mail’o Minho
São como dois namorados
Que o rio traz separados
Quasi desde o nascimento.
Deixalos, pois, namorar
Já que os pais para casar
Lhes não dão consentimento»
Reprodução do poema de João Verde, em azulejo
[Fotografia: DR]
João Verde continua vivo na memória de todos os monçanenses através das reedições em poesia e prosa das suas obras, do busto em bronze e mural com o referido poema , na Avenida General Humberto Delgado, conhecida como Avenida dos Néris, do nome atribuído à principal sala de espetáculos de Monção, Cine Teatro João Verde, bem como na designação da ponte internacional entre Monção e Salvaterra de Miño: Ponte Internacional João Verde/Amador Saavedra.
Dá também nome a uma rua na freguesia de Cambeses, neste concelho.
O poeta faleceu a 7 de fevereiro de 1934, em Monção. Tinha 67 anos.
Dois anos depois, em 1936, a Câmara Municipal de Monção reproduziu em azulejo um poema seu do livro Ares da Raya. Foi colocado na Alameda General Humberto Delgado.
Ainda hoje lá se encontra. Tornou-se num dos principais pontos de visita do concelho.
Comentários: 0
0
0