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Monção

Monção: Palavras de fotógrafo sobre o Desfile do Traje estão a emocionar monçanenses

26 Setembro, 2022 - 13:29

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Fotógrafo marcou presença no Desfile Nacional do Traje Popular Português.

“Não sei se vos agradeça se vos maldiga. O que fizesteis na noite passada [sábado] foi demasiado grande para conter por entre as muralhas de Monção”. As palavras são de Abel Cunha, reputado fotógrafo nacional, sobejamente conhecido no Alto Minho.

 

É natural de Estarreja, distrito de Aveiro. Tem feito uma carreira particularmente dedicada à fotografia de carácter humanista e focado nas áreas da etnografia e folclore.

 

Marcou presença em Monção, na noite do passado sábado, para assistir e registar a 25ª edição do Desfile Nacional do Traje Popular Português. 

 

Solitário, e de poucas palavras, cumpria com aquilo que mais gosta de fazer. O nome e os cabelos brancos da experiência impunham respeito perante os outros profissionais da área.

 

Aquilo que Monção não esperava mesmo foram as palavras partilhadas pelo fotógrafo nas redes sociais.

 

“Nem sei bem como dizer-vos das emoções que ontem [sábado] vivi em Monção no XXV desfile do traje popular português e nem sequer do como e quanto a etnografia me consegue ainda surpreender. Quantas vezes me revi, quantas revivi um passado sempre mais distante guardado a sete chaves num baú de memórias que se me tornaram num aperto de garganta e saíram em forma de lágrimas numa maré de sentimentos à solta incontíveis por paredes velhas e esburacadas”, escreveu Abel Cunha na sua página do Facebook.

 

“Como se fora um sonho voltei, pé ligeiro, a percorrer com toda aquela canalha à solta, descalço e fisga no bolso, o pó dos meus caminhos, pareceu-me ter ouvido meu pai cantando aos bois que rasgam a terra, voltei à pouca e magra lavoura caseira, à ternura de chibinha recém-nascida que pude voltar a acarinhar, chorei com uma amiga na partilha das marcas que a vida nos vai deixando, tornei às festas que me alegraram os dias, ao badalo fúnebre que anunciava o dó”, prosseguiu.

 

 

“Deixasteis de saber representar o nosso passado e passasteis a vivê-lo à volta da fonte de Danaide”

Visivelmente deslumbrado com o evento, Abel Cunha lançou um profundo agradecimento aos participantes.

 

“Aos grupos que em Monção viraram a vida do avesso, e me levaram a alma de volta a outros dias só poderei dizer que sois ladrões dos meus melhores e também piores momentos vividos e que vos tornasteis finos e cínicos manipuladores de sentimentos. Deixasteis de saber representar o nosso passado e passasteis a vivê-lo à volta da fonte de Danaide e eu, não sei se vos agradeça se vos maldiga. O que fizesteis na noite passada foi demasiado grande para conter por entre as muralhas de Monção”, afirmou.

 

“Ao staff da FFP [Federação do Folclore Português] que pôs de pé tamanho evento, apenas posso dizer a mesma coisa. Trazer de volta um povo ao seu passado, não cabe em estreitas fronteiras e se há cultura que mereça tal mérito é seguramente toda aquela que vagueou por entre recordatórios de antigas memórias que tal como fantasmas, de vez em quando nos aparecem a lembrar o quem somos, e o donde viemos”, concluiu.

 

Abel Cunha, segundo currículo divulgado pelo Blogue do Minho, completou o curso profissional da Associação Portuguesa de Arte Fotográfica bem como o curso ministrado pelo New York Institute of Photography.

 

Integra o colectivo Fio de Luz entidade dedicada à fotografia de eventos sociais.

 

Já expôs os seus trabalhos em prestigiados locais como a FNAC de Santa Catarina, no Porto, e no Instituto Camões, em Lisboa.

 

 

 

 

[Fotografias capa: Abel Cunha]

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