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Os dois muros paralelos seculares encontrados durante os trabalhos que decorrem na Rua 25 de Abril, em Monção, vão tornar-se num marco histórico visitável. A decisão foi revelada esta quinta-feira, em reunião do Executivo Municipal, pelo vereador das Obras e Urbanismo, Duarte Amoedo.
De acordo com a explicação do autarca, a parte superior vai ser coberta em forma de arco com aço corten. A imponência promete não deixar ninguém indiferente. “Será um espaço fechado. Terá um portão com grade em ferro à moda antiga na parte voltada para a rua. Tanto o exterior como o interior serão iluminados para que tanto de dia como de noite, quem circula no passeio possa ver todo aquele monumento”, explicou Duarte Amoedo à Rádio Vale do Minho.
Descobertas nos primeiros meses deste ano, as duas paredes em pedra acabaram por provocar uma paragem na intervenção prevista para aquela artéria. Estiveram no local técnicos da Direção Regional de Cultura do Norte a avaliar a relevância do achado. O relatório final acabou por não obrigar a Câmara a preservar aquelas edificações. No entanto, o Executivo Municipal liderado por António Barbosa acabou por mantê-las e integrá-las no projeto inicial.
Construídos entre os séculos XIII ou XIV, os muros “serão o que restou daquilo que provavelmente terá sido uma passagem com uma abóbada”, tinha já explicado Duarte Amoedo à Rádio Vale do Minho. Nos primeiros anos do século XX, com a chegada do comboio a Monção, um troço da muralha teve de ser removido dando origem à ponte ferroviária ainda existente, mas desativada. “Com os trabalhos que decorreram nessa altura, a abóbada terá sido demolida”.
Mas a intervenção neste achado histórico pode não terminar por aqui. “Quando fizermos a intervenção na parte superior da muralha, escavaremos e o monumento poderá tornar-se uma passagem para o baluarte da Cova do Cão”, retornando assim -muito provavelmente – às funções para as quais foi construído.
Socialistas saudaram aparecimento de património
A conservação de todo o património que surja durante obras tem sido constantemente defendida pelo PS, oposição na Câmara de Monção. Logo após ter tido conhecimento dos muros seculares, o vereador Augusto Domingues fez imediatamente questão de marcar a posição dos socialistas. “É bom que apareça património. Temos é de dar-lhe funcionalidade”, disse lembrando o poço descoberto durante obras de recuperação feitas no Arquivo Municipal. O achado está datado da época medieval.
Estava associado ao sistema de fornecimento de água da povoação que vivia dentro do casco amuralhado. Devidamente recuperado e delimitado, o referido poço, com cerca de 1,5 metros de diâmetro e escavado até aos 8 metros de profundidade, pode ser visto pelo público que visite o Arquivo Municipal de Monção.
A Rua 25 de Abril, cujos trabalhos foram adjudicados à empresa Armindo Afonso, Lda, pelo valor de 749.083,52 euros, vai tornar-se “mais funcional e vistosa”, garante a autarquia. Substituindo-se o inestético muro de suporte de terra atual por um espaço comercial com acesso à zona da antiga estação da CP.
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