“Luta”… “Respeito”… “Dignidade”. Estas foram algumas das palavras de ordem ouvidas durante a manhã desta quinta-feira nas ruas de Monção e de Melgaço, no distrito de Viana do Castelo, por dezenas de professores que saíram à rua em manifestação. Escolas encerradas nos dois concelhos.
“Há um conjunto de políticas educativas há muito tempo reclamadas por toda a classe docente. Há ultrapassagens na carreira. O professor anda anos e anos para chegar ao topo da carreira e ou sou uma das que, por exemplo, não vai chegar e tenho 53 anos”, lamentou à Rádio Vale do Minho Marlene Pires, professora do 1º Ciclo em Monção.
Visivelmente revoltada, a docente considera que “há uma falta de dignidade pela profissão”.
“Somos a classe que mais contas presta e somos constantemente desrespeitados pela política nacional. Não é só de agora. Já há muitos anos a esta parte”, sublinhou. “Há sempre mudanças e nós somos sempre as cobaias das mudanças das políticas educativas”, atirou.
A partir da Escola Secundária de Monção, as dezenas de docentes iniciaram a descida da Avenida das Portas do Sol em direção à Praça Deu-la-Deu. “Monção pela educação!”… “Monção pela educação!”, exclamavam em uníssono.
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Passaram pela entrada da Feira Semanal. As pessoas paravam para assistir à manifestação. Uns davam alento. Outros perguntavam do que se tratava. Mas havia também quem mandasse a alfinetada política.
“Deram-lhe a maioria absoluta e agora reclamam”, ouvia-se.
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Pelo cortejo, a indignação seguia pelas ruas. “Esta é a luta por uma educação justa e responsável. Pela valorização dos professores e do trabalho que fazemos nas escolas todos os dias, desde que entramos pelo portão até cairmos esgotados na nossa cama”, disse Paula Costa, professora de Educação Visual em Monção, à Rádio Vale do Minho.
“Lutamos pelo respeito e pela dignidade dos professores. Toda a gente dá palpites sobre os professores!”, lamentou.
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Revolta também em Melgaço
No concelho vizinho de Melgaço, cenário semelhante às portas da Escola Básica e Secundária da vila, onde os docentes lamentaram a “desconsideração” de que são alvo.
“Respeito” foi também palavra de ordem nesta paralisação que encerrou também estabelecimentos de ensino neste concelho.
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Os docentes dizem-se “esquecidos” pelo Ministério da Educação e saturados pela falta de condições para exercer a profissão. Afirmam que esta luta é “pela educação e pela escola pública”.
O secretário-geral da Fenprof apelou na quarta-feira a uma “grande manifestação” no próximo dia 20 de janeiro em Lisboa, à margem da reunião negocial com o Governo, porque a probabilidade de as reivindicações serem atendidas é maior se os docentes mantiverem uma “pressão forte”.
À entrada para um plenário de professores do Agrupamento de Escolas Rainha Santa Isabel, em Coimbra, Mário Nogueira admitiu aos jornalistas que tem poucas expectativas para a reunião negocial sobre a revisão do regime de recrutamento e mobilidade, agendada para dia 20 de janeiro, no Ministério da Educação.
“É evidente que se, no dia 20, as respostas forem as que se exigem, obviamente que a luta poderia parar. Não sendo, e sinceramente tenho muito pouca expectativa nisso, tendo em conta o que foram as outras reuniões, a luta irá continuar”, prometeu, lembrando ainda que para dia 11 de fevereiro está também agendada uma manifestação nacional, em defesa da profissão.
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