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Monção

Monção: “Fiquei cercado pelas chamas… vi a vida a andar para trás”

15 Outubro, 2018 - 08:19

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Luís Manuel Cunha tinha sido eleito presidente da Junta da freguesia da Bela (ind.), em Monção, há apenas duas semanas. Não vai esquecer tão cedo o dia 15 de outubro […]

Luís Manuel Cunha tinha sido eleito presidente da Junta da freguesia da Bela (ind.), em Monção, há apenas duas semanas. Não vai esquecer tão cedo o dia 15 de outubro do ano passado. A tarde começou logo com um sobressalto. Disseram-lhe que uma das suas propriedades, na freguesia de Longos Vales, estava a arder. Foi para lá a toda a velocidade e, envolvido nas chamas, tentava com familiares salvar o que era possível. Mas o desespero fez com que o autarca não se apercebesse do que acontecia ao seu redor. “Fiquei praticamente cercado pelas chamas. Eu e os meus filhos”, contou aos microfones da Rádio Vale do Minho.

O recém-eleito presidente de Junta teve mesmo de pensar rápido. “Vi a vida a andar para trás”, confessou. Chegou a temer pela vida num inferno que se tornava cada vez mais gigantesco e destruidor. “Decidimos meter por um caminho em que não víamos nada. Apenas fumo”, recordou. O instinto passou a guiá-lo. Sentiu que a única maneira de escapar era por ali. Estava certo.

 

 

Para trás ficava o fogo que levava tudo à frente. “Arderam-me as vinhas quase todas. Tentei salvar apenas o que foi possível”, prosseguiu. Voltou à freguesia da Bela, mas o cenário tornava-se dantesco. “Os bombeiros tinham cada vez mais dificuldade em intervir. Falhou a água e depois falhou a luz! Foi um inferno”. Enquanto isso, Monção ardia.

Cortada ao trânsito, a EN 202 tornava-se uma das portas para um cenário em que muitos se perguntam hoje como foi possível ter acontecido. Labaredas à esquerda e à direita. Gritos de aflição e sirenes de ambulâncias que não paravam de acudir. “Acho que vai levar bastante tempo até toda esta paisagem voltar a ser o que era antes. Talvez mais do que 10 anos e o que vai proliferar são os infestantes”, anteveu. “Muitos eucaliptos… giestas”, exemplificou o presidente de Junta que defende que a Câmara Municipal deveria realizar um plano de reflorestação nestas zonas mais afetadas através de árvores autóctones.

Recorde-se que os incêndios do passado dia 15 de outubro provocaram, só concelho de Monção, uma área ardida de 4.300 hectares. Foram atingidas 20 das 33 freguesias (antiga denominação administrativa).
Além de animais mortos e alfaias agrícolas destruídas, contabilizaram-se 5 casas de primeira habitação ardidas mais um anexo com recheio de habitação, 28 edifícios devolutos, 51 anexos de apoio à agricultura e algumas empresas dedicadas à transformação de madeira e de pedra. Foram afetados 15 postos de trabalho.

 

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