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O dia começou bem cedo para as dezenas de feirantes que esta quinta-feira montaram uma vez mais as bancas em Monção. E desde as primeiras horas que se notou uma maior afluência de público relativamente à semana passada, em que se deu a retoma desta feira neste concelho.
Foi também às primeiras horas do dia que chegou aquilo que parecia uma boa notícia: a ministra espanhola do Turismo, Reyes Maroto, tinha acabado de afirmar que todas as restrições aos postos fronteiriços com França e Portugal seriam levantadas a partir de 22 de junho.
O ânimo durou apenas algumas horas. A incredulidade tomou conta da região e provavelmente do país inteiro quando o Governo espanhol se corrigiu a si próprio e assegurou que irá reabrir as fronteiras apenas a 1 de julho.
Manuel Barbosa vende legumes e flores nesta feira há mais de cinco anos. Veio de Esposende. A expressão preocupada com o olhar a percorrer o recinto deixa transparecer a saudade dos galegos. “Sem as fronteiras abertas isto é muito complicado. Está fraco”, desabafou. “Isto tem de melhorar mas para isso têm de abrir as fronteiras. Não conseguimos viver só com os nossos de cá. Os espanhóis fazem-nos muita falta!”, disse.
Metros mais à frente, Fátima Oliveira ajeitava a sua banca onde vende roupa. Natural de Monção, é já uma veterana nesta feira. “Já vendo aqui há mais de 30 anos”, disse-nos com orgulho. No entanto, em mais de três décadas, a feirante nunca viu um cenário semelhante.
“Vendemos muito mais aos espanhóis. Ainda ontem estive na feira de Valença e não se vendeu quase nada. Faltam-nos os espanhóis para tudo”, disse a feirante à Rádio Vale do Minho. “Isto é preocupante e não sei se vamos aguentar tanto tempo. Hoje está aqui mais um pouco de gente mas vende-se pouco”, lamentou.
O controlo das fronteiras terrestres com Espanha está a ser feito desde as 23h00 do dia 16 de março em nove pontos de passagem autorizada, devido à pandemia da COVID-19.
Os pontos de fronteira em funcionamento são Valença-Tuy, Vila Verde da Raia-Verín, Quintanilha-San Vitero, Vilar Formoso-Fuentes de Oñoro, Termas de Monfortinho-Cilleros, Marvão-Valência de Alcântara, Caia-Badajoz, Vila Verde de Ficalho-Rosal de la Frontera e Castro Marim-Ayamonte.
No âmbito do controlo das fronteiras, estão impedidas as deslocações turísticas e de lazer entre os dois países, sendo apenas permitida circulação de transportes de mercadorias e de trabalhadores transfronteiriços.
Veja as fotos de mais uma Feira Semanal de Monção… com fronteiras fechadas:
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