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Monção

Monção: Eis a ‘nova’ Igreja da Misericórdia – Templo totalmente renovado [FOTOS]

30 Maio, 2022 - 17:12

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Primeira intervenção profunda em séculos.

A Igreja da Misericórdia, em pleno centro histórico de Monção, encheu este domingo para a inauguração das obras de requalificação do templo, com uma Eucaristia presidida pelo Bispo de Viana do Castelo, D. João Lavrador.

 

Os trabalhos, conforme deu conta a Rádio Vale do Minho na altura, arrancaram em abril do ano passado. Um ano depois, a centenária igreja está como nova e deslumbrou os olhos dos fiéis a cada recanto.

 

Uma obra levada por diante pela Santa Casa da Misericórdia de Monção (SCMM), cujo investimento ronda um milhão e trezentos mil euros.

 

 

Trabalhos na Igreja da Misericórdia, em Monção, arrancaram em abril de 2021
[Fotografias: Rádio Vale do Minho]

 

 

 

Mas ninguém cuidou do templo ao longo de tanto tempo? Sim. No entanto, conforme deu conta o Provedor da SCMM, Armindo Ponte, “sucederam-se longos anos sem intervenção apropriada, ou com atos desenquadrados, que deterioraram traços originais, alguns impossíveis de repor, pelo que a Igreja necessitou de profunda intervenção em todos os setores”.

 

Assim aconteceu nos últimos doze meses.

 

 

 

Intervenção de alto a baixo

Conforme tinha avançado Armindo Ponte à Rádio Vale do Minho no início dos trabalhos, o templo foi alvo de uma “profunda intervenção”. Um telhado novo, teto restaurado, paredes e chão intervencionados e também as esplendorosas talhas.

 

“Para que possa exercer a sua função, com dignidade, e não se continue a delapidar património tão valioso, há necessidade de estabelecer regras e normas de funcionamento, que visem a preservação das condições”, defendeu Armindo Ponte.

 

“Simplesmente, disciplinar a utilização, sem grandes adornos pomposos que até serão prejudiciais pelos danos a causar e pela sobreposição à beleza das talhas”, referiu o Provedor no seu discurso.

 

 

Provedor da Santa Casa da Misericórdia defende mais cuidados por forma a preservar o templo

[Fotografia: Cortesia Foto Aliança]

 

 

Contributo “indispensável” do Fundo Rainha D. Leonor

Um dos primeiros agradecimentos da SCMM foi para a Presidente do Conselho de Gestão do Fundo Rainha D. Leonor, Inês Dentinho, criado pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Um apoio a rondar os 200 mil euros.

 

“Foi indispensável o vosso contributo, mas o seu entusiasmo, o seu empenho, dedicação, direi tanto carinho e incentivo que lhe vimos desde o primeiro dia em que visitou, ainda sob perigo, esta obra, passando pelos elogios que foi deixando, em visitas intermédias, à forma como se vinham desenvolvendo os trabalhos, até este momento de júbilo, constituiu o verdadeiro elo motivador entre os mesários, garantindo-lhe que daqui a anos, mormente quando a obra estiver toda paga, talvez se tenham esquecido os milhares de euros com que nos distinguiu (o vil metal é passageiro), mas a sua figura permanecerá nos nossos corações”, assegurou Armindo Ponte.

 

 

Um Município de “contínua disponibilidade”

Agradecimento também ao Município de Monção, presidido por António Barbosa, “cujos apoios somados constituem grandes contributos e ainda pela contínua disponibilidade, nesta como noutras valências. Mormente na área social, prosseguindo pela Paróquia de Santa Maria dos Anjos, desta Vila, passando por algumas das nossas Juntas de Freguesia e diversas empresas”, destacou.

 

 

Provedor agradeceu ao Município de Monção pela “contínua disponibilidade, nesta como noutras valências”

[Fotografia: Cortesia Foto Aliança]

 

 

O Provedor enalteceu também todo o pessoal da SCMM, pelo “esforço suplementar que tiveram, além das horas de trabalho, nos ensaios preparatórios e mormente as mãos habilidosas dum grupo mais dinamizador que, entre outros dias, aqui estiveram ontem, manhã, tarde e noite, no adorno e na criação das condições devidas, então acompanhadas das nossas mesárias”.

 

 

Ainda não está tudo

O essencial está feito mas, ainda de acordo com Armindo Ponte, há ainda duas intervenções a cumprir. Uma delas prende-se com o mobiliário litúrgico – altar, ambão e cadeiral.

 

“Apesar dos 30.000 euros envolvidos, o esforço adicional está em cumprimento, metade do valor já liquidado com a encomenda e admitimos (sem deixar dúvidas) a sua presença para a Festa em Honra da Virgem, Senhora das Dores. A não ser que a COVID continue, por vezes, a justificar o injustificável”, referiu.

 

 

 

Igreja da Misericórdia, em Monção, totalmente requalificada

[Fotografia: Cortesia Foto Aliança]

 

 

A outra, mais a longo prazo, prende-se com um emblemático instrumento naquele templo.

 

“Após saldarmos os compromissos assumidos ou a menos que surja algum ou alguns mecenas, pelo envolvimento de mais de centena e meia de milhares de euros – o restauro total, para colocar em funcionamento o majestoso órgão de tubos”.

 

“Reitero graças a Deus, e solicito, para todos nós, neste momento de alegria e exaltação, a intercessão da Virgem, Senhora das Dores, que aqui veneramos, e o acolhimento da patrona, Senhora da Misericórdia, de Largo e Grande Manto”, concluiu o Provedor.

 

 

 

Mais de 400 anos de história

A primeira referência à Misericórdia de Monção consta de um alvará de 1576 em que D. Sebastião autorizava que lhe fosse anexada a ordem e gafaria de S. Gião.

 

Situada na Praça Deu-la-Deu, em pleno centro histórico de Monção, a Igreja encontra-se anexada à Casa da Irmandade.

 

Foi construída em alvenaria autoportante de granito com paramentos rebocados e pintados a branco, embora o embasamento, os cunhais, as cornijas, molduras e ornamentos tenham pedra à vista. Tem a planta composta por nave e capela-mor retangulares e cobertas de duas águas.

 

 

 

Igreja da Misericórdia, em Monção, conta já mais de 400 anos de história

[Fotografia: Cortesia Foto Aliança]

 

 

Salienta-se a sua fachada principal, orientada a norte, o amplo portal muito semelhante ao da Paroquial da freguesia de Mazedo, também neste concelho, arco pleno estriado assente em impostas que repousam sobre pés direitos também estriados e enquadrado por dois pares de pilastras jónicas sustentado o entablamento.

 

Este é encimado por frontão de enrolamentos interrompido para alojar o nicho da padroeira ladeada de dois óculos avalizados com molduras decoradas.

 

O seu interior, com nave e capela-mor, é um espaço sacro repleto de obra em talha de referência. O retábulo-mor em estilo nacional com as suas arquivoltas assentes em pares de colunas espiraladas encerra a tribuna onde no cimo do trono se encontra a imagem de Nossa Senhora da Misericórdia.

 

Um outro retábulo aloja a imagem do Senhor da Cana Verde, de grande devoção popular.

 

 

[Fotografias capa: Cortesia Foto Aliança]

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