PUBLICIDADE
3
AVANÇAR

Menu

+

0

0

Destaques
Monção

Monção: Barbosa compromete-se a colocar ponto final na certificação da Foda [c/FOTOS]

11 Março, 2018 - 03:17

301

0

O presidente da Câmara Municipal de Monção garantiu este sábado que a autarquia vai continuar empenhada em conseguir a certificação do prato Cordeiro à Moda de Monção, tipicamente conhecido como […]

O presidente da Câmara Municipal de Monção garantiu este sábado que a autarquia vai continuar empenhada em conseguir a certificação do prato Cordeiro à Moda de Monção, tipicamente conhecido como Foda à Monção. A certeza foi deixada por António Barbosa no discurso da sessão de abertura da II edição deste evento que arrancou sexta-feira e termina este domingo. “O nosso desafio, e vosso também, é reforçar a presença deste prato na ementa da gastronomia nacional. Daí a importância do processo de certificação. Temos o dossier em cima da mesa e digo-vos, em cima deste palco, que estamos comprometidos com a sua conclusão”, assegurou o presidente da Câmara. “Só dessa forma conseguiremos assegurar a autenticidade deste prato. Só dessa forma seremos capazes de o inscrever em qualquer Roteiro Gastronómico, quer nacional quer internacional”.

 

Sete anos de processo… ou mais

 

O processo arrasta-se há vários anos. Pelo menos desde 2011. Mas foi em abril de 2013 que a diretora da Escola Superior Agrária (ESA) do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC), Ana Paula Vale, disse  que o processo estava “praticamente fechado”. Referiu então a responsável que o caderno de especificações já tinha sido elaborado e entregue ao município de Monção para que este, em conjunto com as Associação Comercial local, o enviasse para o Ministério da Agricultura, a fim de ser sujeito a avaliação final. Nesse mesmo ano, ainda com José Emílio Moreira (PS) a presidir à Câmara de Monção, Ana Paula Vale adiantou que o nome Cordeiro à Moda de Monção não foi consensual, numa fase inicial, já que a população o designava popularmente de Foda à Monção.

 

Mais de um ano depois, em setembro de 2014, a mesma diretora da ESA do IPVC anunciou em Monção que o prato Foda à Monção teve mesmo de mudar de nome para continuar a lutar pela certificação. Apesar de assim ser conhecido, a lei obrigou o prato a ser designado como Cordeiro à Moda de Monção. “Temos um nome utilizado na gíria, mas que não pôde ser utilizado em termos de certificação. O Decreto Lei 57/2008 aborda dois princípios: o da Licitude, o qual refere que não pode ser utilizada em termos promocionais linguagem obscena em produtos agro-alimentares; e o da Veracidade, onde temos de dizer qual a matéria prima com que estamos a trabalhar. Fizemos um levantamento histórico e chegámos a conclusão que se trata de ovino e não caprino”, explicou Ana Paula Vale. Na mesma sessão, a responsável alertou que a conclusão poderia ainda demorar algum tempo, mas os argumentos ofereciam bastante otimismo.

 

Um Secretário de Estado que confundiu Foda com Borrego

 

Em maio do ano seguinte, a visita do então Secretário de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza (PSD/CDS-PP) ficou marcada pela gaffe cometida no discurso de inauguração da XXV edição da Feira Agrícola do Vale do Mouro, na freguesia de Segude. Numa primeira ‘tentativa’, Miguel de Castro Neto evitou dizer a forma mais brejeira do prato mais famoso do concelho mas o lapso acabou por acontecer. “Ainda agora me diziam que a Escola Superior Agrária de Ponte de Lima está a trabalhar na certificação do prato típico daqui que é o borrego…”. Foi então que o governante fez uma pausa. Uma voz atrás corrigiu-o imediatamente e Miguel de Castro Neto lá emendou e prosseguiu. “… o cordeiro. Eu hei-de acertar qualquer coisa, mais momento menos momento”, disse o Secretário de Estado com um sorriso. Seguiu-se a gargalhada geral. “Eu já vou provar para ter a certeza do que é”, garantiu.

 

Em 2015 na Direção Regional da Agricultura…

 

Cinco meses depois, em outubro de 2015, Ana Paula Vale anunciou que o Cordeiro à Moda de Monção estava mais perto da certificação. “Chegámos a um conjunto de receitas e apurámos a receita que, de acordo com o que fomos fazendo em entrevistas, se aproxima do tradicional. Esta receita deixa obviamente alguma margem à criatividade de cada um. No entanto, há requisitos que são necessários cumprir para não adulterar a receita tradicional”, explicou na altura Ana Paula Vale. “O processo foi fechado com a elaboração do Caderno de Especificações para submeter como especialidade associada a Monção. Está neste momento na Direção Regional de Agricultura. É o Ministério de Agricultura que tem de validar este processo submetido pela Associação Comercial e Industrial dos Concelhos de Monção e Melgaço que representa os produtores, que neste caso é a restauração”, continuou a responsável. “Esperamos agora que o Ministério da Agricultura nos dê rapidamente uma resposta. Após aprovação, o processo segue para a Comunidade Europeia (CE), uma vez que tem de ser publicado no jornal oficial da CE. Acreditamos que é um prato único em Portugal e que tem caraterísticas muito específicas deste território. Tem todas as condições para ser-lhe atribuída esta menção honrosa”.

 

Em 2017 também

 

Passou-se mais de um ano. Em janeiro de 2017, formou-se na freguesia de Pias, em Monção, a Confraria da Foda. Na direção deste grupo, como vogal, foi então colocada Ana Paula Vale. “O processo está neste momento na mão da Direção Regional de Agricultura (DRA). Houve alguns atrasos devido à questão da entidade promotora, mas neste momento acho que o processo está a correr bem. Em dezembro tivemos uma reunião com a DRA e penso que agora está tudo encaminhado”, contou Ana Paula Vale à Rádio Vale do Minho. Questionada sobre prazos, a diretora da ESA sublinhou que “isto nunca depende de nós. Da Direção Regional vai para Lisboa onde terá de ser assinado pelo Ministro e só depois é que será publicado no Jornal da Comunidade Europeia. São sempre processos muito longos mas penso que neste momento está encaminhado”, finalizou.

Dois meses depois, na sessão de abertura da I edição da Feira da Foda, na mesma freguesia, o então presidente da Câmara de Monção soltou uma mensagem de esperança. “Espero que brevemente eu possa dar a boa notícia de que o Cordeiro à Moda de Monção está certificado”, disse Augusto Domingues (PS). E foi mais longe. “Muito em breve darei essa notícia à imprensa”. Até hoje, essa notícia nunca chegou.

 

Três presidentes já pegaram no dossier

 

Passaram-se, seguramente, mais de sete anos após a abertura do processo para certificação deste prato. De ano para ano os avanços têm manifestamente sido poucos. Ou por vezes nenhuns. A espera tem sido tão longa que Monção já conheceu três presidentes de Câmara a braços com este dossier: José Emílio Moreira (PS) [1997-2013]; Augusto Domingues (PS) [2013-2017] e António Barbosa (PSD) [2017 em diante]. Foi criada uma confraria e até um evento que nasceu talhado para o êxito. A primeira edição da Feira da Foda, realizada no ano passado, encheu as medidas à autarquia. Este ano, devido às adversidades climatéricas, o evento corre risco de obter menor número de visitantes mas o mediatismo e a projeção dada à freguesia de Pias e ao concelho continuam os mesmos. Provavelmente maiores com a inauguração, durante a edição deste ano, de um monumento alusivo a este prato numa das principais artérias de Pias. A obra é da autoria de Edmundo Correia, antigo presidente da Junta e hoje Grão-Mestre da Confraria. “Uma marca para conseguirmos que os nossos visitantes vejam, tirem fotografias e digam que estiveram em Pias”, referiu o autor durante o discurso de abertura da Feira.

 

Veja algumas fotos da cerimónia de inauguração da II Feira da Foda

 

 

 

 

 

Últimas