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Monção

Monção: Antigo autarca mostra histórica grade de refrigerantes

16 Dezembro, 2024 - 11:15

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Histórica fábrica de Barbeita.

José Emílio Moreira, antigo Presidente da Câmara Municipal de Monção, publicou recentemente uma fotografia nas redes sociais que encheu internautas de nostalgia.

 

Trata-se de uma grade dos já extintos refrigerantes Alto Minho, com fábrica em Barbeita.

 

“Quem se lembra desta empresa de Monção?! Quanto vale esta caixa “recordação?”, questionou o antigo autarca.

 

“O preço é relativo, o valor é incalculável… Barbeita sempre…”, lê-se num dos comentários.

 

 

 

 

 

 

A fábrica, que atingiu o seu auge na década de 60 do século passado, tinha Américo Ferreira como proprietário. Diz quem o conheceu que “era um homem muito justo, muito bom e muito honrado”.

 

A empresa terá encerrado na década de 70. Altura em que refrigerantes produzidos no estrangeiro começaram a entrar em força no nosso País.

 

 

 

 

 [fotografia: Blogue Garrafas com História]

 

 

 

 

Monção também já teve uma Coca-Cola

A Coca-Cola original surgiu nos Estados Unidos da América, em 1927. Até aos anos 70, teve sempre dificuldades em entrar em Portugal.

 

No poder estava António de Oliveira Salazar que não via com bons olhos esta bebida vinda do lado de lá do Atlântico.

 

O então senhor da nação considerava os americanos “um povo bárbaro e iluminado não por Deus mas pela luz elétrica”, conforme descreveu uma reportagem da edição em papel da Revista do Expresso.

 

No dia 25 de fevereiro de 1959 é publicada a lei que proibia refrigerantes com alcaloides (caso da cafeína), pelo que eram oficialmente banidas as colas, desde que contivessem aquele alcaloide.

 

Sublinhou o Expresso que “a perseguição de Salazar não era aos refrigerantes de cola mas aos símbolos de uma certa visão do mundo” que a Coca-Cola e a própria Pepsi representavam.

 

 

Jota Cola de Monção

Havia que cumprir a lei. Enquanto a Coca-Cola batia com o nariz na porta de Portugal, cá dentro explodia a produção de refrigerantes parecidos com a Coca-Cola… mas sem os tais alcaloides proibidos por Salazar.

 

Eram assim considerados gasosas… ou, simplesmente, refrescos.

 

Em Monção, na Rua D. Pedro V, existia a Fábrica Estrela que se dedicava à produção de bebidas gaseificadas.

 

Entre elas estava a Jota Cola de Monção. Uma garrafa de vidro incolor, com letras brancas e a fazer lembrar a tão almejada bebida norte-americana que não podia entrar nem ser fabricada em Portugal.

 

Era designada como refresco. Ninguém queria problemas com o Senhor Presidente do Conselho.

 

“Engarrafado e capsulado pela fábrica Estrela Rua D. Pedro V – Monção”, lia-se no verso da garrafa. “Esta deliciosa bebida é para ser servida de preferência gelada“, constava ainda.

 

 

 

Garrafa de Jota Cola Monção [créditos: Blog Garrafas com História/Pedro Ferreira]

 

 

Não se sabe ainda quanto tempo durou a produção deste refresco.

 

No entanto, apurou a Rádio Vale do Minho que esta fábrica não teve vida longa.

 

O carro de distribuição acabou por ser vendido aos Bombeiros Voluntários de Monção e adaptado ao combate de incêndios.

 

 

 

 

[Fotografia: Google Street View]

 

 

Finalmente… aquele ano de 1977

Chegou a Revolução dos Cravos e o regime ditatorial foi derrubado.

 

No dia 3 de março de 1977 foi constituída a Refrige – Sociedade Industrial de Refrigerantes SA.

 

Quatro meses depois, no dia 4 de julho, venderam-se na baixa de Lisboa as primeiras garrafas de 200ml de Coca-Cola.

 

Neste ano, é emitido o primeiro anúncio Coca‑Cola em Portugal com o slogan Coca‑Cola, a Tal.

 

 

 

[crédito fotografia capa: José Emílio Moreira]

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