O secretário-geral do Eixo Atlântico disse hoje que o Governo português deverá revelar na Cimeira Ibérica de 13 de maio, em Madrid, se avançará ainda este ano com a modernização da ligação ferroviária entre Porto e Vigo (Espanha).
“Chegamos à hora das decisões, ou é sim ou não. Não podemos esperar mais”, afirmou à agência Lusa Xoán Mao, após reunir-se ontem à tarde, em Lisboa, com o presidente do conselho de administração da Refer – Rede Ferroviária Nacional, Rui Lopes Loureiro.
“Percebemos que, sem citar a data por delicadeza política com o Governo, sugeriu o horizonte de 13 de maio para Portugal revelar se pretende avançar ou não com a obra. Concluímos que vamos saber se o compromisso se mantém na Cimeira Ibérica”, disse o secretário-geral do Eixo Atlântico.
Segundo Xoán Mao, a administração da empresa pública responsável pela rede ferroviária nacional assegurou que está “pronta” para avançar com os primeiros estudos e trabalhos de modernização e eletrificação da Linha do Minho – entre Nine, Viana do Castelo e Valença -, integrada na ligação ferroviária até Vigo, na Galiza.
Além disso, o compromisso do Governo português de avançar com a obra em 2013, transmitido na anterior Cimeira Ibérica, realizada há um ano no Porto, “ainda se mantém” e “existem verbas”, nomeadamente através dos últimos fundos do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), sendo o “problema saber para quê” e “quando poderão ser disponibilizadas”.
“Se no dia 13 de maio entrarmos no plano operacional dos trabalhos, vamos [Eixo Atlântico] ser os melhores aliados do Governo português nesta matéria. Se não começar, vamos fazer uma guerra até o conseguirmos. Seja com este Governo, seja com outro”, afirmou Mao.
O Eixo Atlântico diz que Portugal reservou para este ano apenas quatro dos 50 milhões de euros previstos na reprogramação dos fundos QREN, necessários à obra. Contudo, esclareceu o responsável após as explicações da Refer, as verbas restantes poderão ser garantidas “através de outras rubricas”.
Entretanto, o Governo espanhol já afirmou que só faz sentido avançar com a eletrificação no troço galego da linha Porto-Vigo se avançarem idênticos trabalhos na parte portuguesa.
Numa resposta enviada ao Eixo Atlântico em março, o secretário-geral de Infraestruturas do Ministério do Fomento de Espanha esclarece que, integrada na ligação Porto-Vigo, já está orçamentada a verba necessária para arrancar com os estudos e projetos referentes à eletrificação e modernização do único troço em falta na Galiza, de cinco quilómetros, entre Tui (fronteira com Valença) e Guillarei.
Contudo, adverte Manuel Nino González na mesma carta, em que responde às preocupações levantadas pelo Eixo Atlântico sobre a concretização da modernização da ligação ferroviária entre Porto e Vigo, essa intervenção “não tem sentido sem continuidade” do lado português.
“Portanto, se no futuro queremos vê-la materializada [a modernização], é necessário que Portugal decida levar a cabo a eletrificação do trajeto de Guillarei ao Porto, para concretizar o objetivo de ambos os países”, lê-se na mesma missiva, tornada pública pelo Eixo Atlântico, entidade que defende os interesses das 34 maiores cidades do Norte de Portugal e da Galiza.
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