Chamava-se Pêro de Castro. Foi Alcaide de Melgaço, de Castro Laboreiro e também Provedor da Santa Casa da Misericórdia deste concelho. No dia 4 de agosto de 1578 encontrava-se em Marrocos, ao lado do Rei D. Sebastião.
Pela frente, 40.000 homens pertencentes a um grande exército marroquino saadiano liderado pelo sultão Mulei Moluco. Do lado português, o número de homens não ultrapassava os 24.000.
As forças marroquinas venceram. O rei de Portugal foi dado como desaparecido, assim como o Provedor da Santa Casa da Misercórdia de Melgaço (SCMM).
Durante séculos acreditou-se que o monarca regressaria numa manhã de nevoeiro. Nunca aconteceu.
Este episódio é relatado pelo investigador Valter Alves no novo livro da SCMM, intitulado Misericórdia de Melgaço 1517-2022 – Um Compromisso com mais de Cinco Séculos.
Trata-se de uma segunda edição de um primeiro volume lançado há cinco anos intitulado Misericórdia de Melgaço 1517-2022 – Um Compromisso com Cinco Séculos, mas com mais informação.
“Nesta edição temos vários capítulos novos e o aprofundamento de outros que constavam no livro da primeira edição”, contou Valter Alves à Rádio Vale do Minho.
Um dos capítulos, por exemplo, é dedicado à Quinta do Reguengo. Fala sobre “a história e a ligação que esta Quinta teve à Misericórdia de Melgaço”. Em mais de 500 anos de história, referiu, oito Provedores da instituição tiveram ligação a esta Quinta. Um deles foi, precisamente, o desaparecido Pêro de Castro.
Segunda edição foi apresentada na Quinta do Reguengo
[Fotografia: SCMM]
O Banco dos Aflitos
Um outro novo capítulo debruça-se sobre o então chamado Banco dos Aflitos. “Trata-se de uma valência que a Santa Casa desenvolveu durante os séculos 17, 18 e também 19 onde existiam formas de financiamento, empréstimos de dinheiro à comunidade”, referiu o investigador.
“Empréstimos que nem sempre eram bem geridos. Houve Provedores de contas certas e outros um bocadinho desleixados”. Chegaram a existir dívidas que alcançaram “mais de uma geração de famílias”.
Como não podia deixar de ser, a obra foi apresentada na Quinta do Reguengo, em Melgaço, hoje propriedade da família Cardadeiro.
Visivelmente orgulhoso, o atual Provedor da SCMM, Melgaço, sublinhou que o lançamento desta 2ª edição “foi uma grande honra e sentimento de dever cumprido”.
“Quando temos a grata missão de fazer parte, ainda que por breves instantes, do percurso de uma organização com mais de cinco séculos, tão impactante no território em que se insere, a preocupação com os registos e documentos históricos a deixar para as gerações futuras deve estar presente nas nossas ações”, acrescentou o Provedor.
A obra já pode ser adquirida nas instalações da SCMM.
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