Lurdes Gonçalves, diretora de serviços do Centro Social de Paderne, em Melgaço, que no domingo de Páscoa deu a cruz a beijar a 17 utentes da instituição, foi notificada e deverá esta semana ser constituída arguida no âmbito de um processo em que pode ser acusada por crime de propagação de doença. A notícia está a ser avançada pela edição on-line do Jornal de Notícias (exclusiva para assinantes).
Recorde-se que foi no passado mês de abril, no Dia de Páscoa, que vários utentes do Centro Social de Paderne, em Melgaço, foram filmados este domingo a beijar uma cruz num Compasso Pascal improvisado.
Nas imagens é possível ver vários idosos, sem qualquer proteção, a beijar a cruz, enquanto a diretora vai limpando ou desinfetando com um pano.
O vídeo foi partilhado nas redes sociais e foi imediatamente reprovado não só por pela maior parte dos internautas como também pelo próprio Município de Melgaço.
“O Município de Melgaço considera que a iniciativa levada a cabo pelo Centro Social de Paderne foi “desadequada, injustificada e atentatória da saúde dos utentes e da saúde pública”, disse a edilidade presidida por Manoel Batista.
“Gesto de carinho”
Lurdes Gonçalves acabou por admitir que ignorou as normas recomendadas pela Direção-Geral da Saúde. No entanto, em declarações ao jornal O Minho, a responsável explicou que foi a única autora da iniciativa.
“Era a minha vez de levar os pequenos-almoços ao domicílio e decidi levar um pouco de alegria a casa destas pessoas”, explicou Lurdes Gonçalves.
“A intenção era melhorar o estado anímico dos utentes, nunca pensei que as pessoas fossem levar para o lado de querer fazer mal”, desabafou.
Ainda em declarações a O Minho, a diretora referiu que , no domicilio, todos os utentes utilizaram uma máscara cirúrgica diferente, para poderem seguir com a veneração a “cristo ressuscitado”. Dentro do lar, a diretora aplicou álcool/gel desinfetante na cruz por cada vez que a deu a beijar.
“Fiz isto porque muitos deles não têm ninguém, a família não os pode visitar e andaram a semana toda a queixar-se de que não iam ter Páscoa este ano”, disse Lurdes Gonçalves, acrescentando que todos são “muito católicos” e que seria “uma pena” que não tivessem este “carinho”. O vídeo foi, entretanto, apagado da página de facebook do Centro Social de Paderne.
A diretora do Centro Social de Paderne pode incorrer em crimes de desobediência ou de propagação de doença contagiosa, cujo quadro penal pode ir até dois e até oito anos de prisão, respetivamente.
Recorde o vídeo
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