A Pesqueiras, Associação de Pescadores do Rio Minho em colaboração com Projeto Raízes lançam uma iniciativa inédita: uma oficina para ensinar a fazer as redes de pesca usadas nas pesqueiras do Rio Minho.
Esta oficina, que decorreu em 20 sessões nas instalações da Associação A Batela, em Alvaredo, teve como “formadores” os mestres redeiros que transmitiram esta “tradição quase em extinção”.
Uma preocupação que acompanha os pescadores do rio Minho uma vez que, num universo de quase 250 pescadores, menos de 5% sabe produzir as redes de pesca e o saber-fazer que lhe está inerente.
[Fotografia: cedida à Rádio Vale do Minho]
[Fotografia: cedida à Rádio Vale do Minho]
O objetivo e desafio desta oficina visou “ensinar esta arte secular e transmiti-la às gerações futuras de modo a assegurar o futuro da pesca e das pesqueiras do rio Minho”, explica a organização.
O rio Minho, fronteira natural entre os dois países, concentra nas duas margens, só no troço de 37 quilómetros (entre Monção e Melgaço) cerca de 900 pesqueiras.
Destas, em Portugal estão ativas 160 e, do lado espanhol, cerca de 90.
[Fotografia: cedida à Rádio Vale do Minho]
As artes de pesca do rio Minho são, no seu conjunto, idênticas nos dois lados do rio. Os pescadores portugueses e espanhóis mantêm uma relação de proximidade que vai para lá das relações pesqueiras (embora a pesca potencialize ainda mais essas relações).
“As artes de pesca são testemunhas do conhecimento e vida das comunidades ribeirinhas e do seu sentimento de pertença a uma unidade cultural e identitária. Os pescadores são peças fundamentais para a preservação do saber e do conhecimento que as pesqueiras encerram e para garantir a passagem às gerações futuras deste conhecimento imemorial que constitui uma parte incontornável da história do rio Minho”, consideram.
[Fotografia: cedida à Rádio Vale do Minho]
“A idade média dos pescadores anda à volta dos 65 anos, pelo que a transmissão às gerações mais novas é um dos problemas que preocupa os atuais pescadores. Transmitir o legado e as artes de pesca ligadas às pesqueiras é um processo demorado e requer a participação contínua das camadas mais jovens, cada vez mais desligadas deste processo”, prosseguem os organizadores.
Esta primeira oficina excedeu o limite máximo previsto inicialmente, com a participação de um grupo variado de 20 pessoas com idades compreendidas entre os 30 e os 64 anos: pescadores, familiares, proprietários de pesqueiras e curiosos de Melgaço e dos concelhos vizinhos de Arbo (Galiza) e Monção.
Sobre o Projeto Raízes
Trata-se de um projeto que pretende “potenciar o conhecimento tradicional de Melgaço pela voz de quem viveu/vive, construiu e percorreu este território”.
Os investigadores deste projeto têm como prioridade andar de mão dada com aqueles que são os detentores do saber fazer e com aqueles que querem preservar as tradições locais.
Com a inventariação de memórias, costumes e saberes locais, este projeto “pretende (re)descobrir a identidade da comunidade Melgacense, salvaguardando o património imaterial, em risco de sobrevivência, partindo do individual para construir o coletivo”.
O projeto Raízes visa “reforçar o espírito comunitário para que a comunidade civil se apodere do que é seu, e que a define, e que, de alguma forma, a liga pelo fio do tempo….só assim esse espírito continua vivo”.
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