A tradição secular voltou a cumprir-se esta quarta-feira na freguesia de Penso, em Melgaço.
Ao cair da noite, o povo da freguesia juntou-se por lugares.
Acenderam-se as fachuqueiras (palha centeia). Num ápice, fogueiras iluminaram a noite e o povo deu vivas a S. Tomé.
Ninguém sabe como começou. Ou quando começou esta tradição em Penso.
As origens da Alumiada a S. Tomé na freguesia de Penso, em Melgaço, serão tão remotas que tudo aponta para uma tradição de vários séculos de existência. O ritual atravessou gerações.
Em pleno século 18, escreveu o Padre Carvalho da Costa que “lá no alto da serra desponta a capelinha de S. Tomé. (…) Nesse dia, pobres e ricos, mal a noite cai, iluminam, com feixes de palha [centeia] a arder [as fantocheiras] a visita que este santo faz ao seu visinho S. Fins, na serra da Galiza, na outra margem. Apagado o lume, em grande algazarra, come-se a ceia que é, por assim dizer, uma antecipação à consoada. Há todas [rabanadas], arroz-doce e vinho quente açucarado”.
É único e ali se repete todos os anos, na noite de 20 de dezembro.
Veja a galeria de fotos [gentilmente cedidas pela Associação S. Tiago de Penso]
Cumprida a tradição, seguiu-se a tradicional ceia. Este ano com petingas fritas, pataniscas, sardinhas assadas, barriga de porco e bifanas, caldo à moda antiga, rabanadas e bolo rei. Teve lugar na Associação de S. Tiago de Penso.
S. Tomé também celebrado noutros locais
Conforme referido, não é conhecida tradição semelhante à de Penso. No entanto, S. Tomé é bastante celebrado e festejado em cidades espanholas, também a 21 de dezembro. Nomeadamente em São Sebastião, Bilbau, Mondragón e Azpetizia, todas no País Basco.
S. Tomé, reconhecido pela Igreja Católica, é popularmente conhecido com o santo que precisou de ver para crer.
“Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos, estende a tua mão e mete-a no meu peito. Não sejas descrente! Acredita!”, lê-se na Bília [Jo 20,27]
Diz-se que deste instante, São Tomé passou a crer, e não duvidou mais.
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