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Era considerado um dos hotéis mais luxuosos do seu tempo. Os preços elevados tornavam-no acessível apenas a algumas carteiras. O Grande Hotel do Pezo [com z na ortografia da altura], em Melgaço, era assim um lugar somente reservado à classe mais alta e à fina-flor portuguesa no princípio do século passado.
Ficaram testemunhos escritos das luxuosas divisões. “Água corrente em todos os quartos e magníficos apartements com quarto de banho e WC privativas. É o que oferece as melhores condições de higiene. Suntuoso parque, primoroso serviço de mesa; dieta sem aumento de preços nas diárias”, descreve um cartão publicitário emitido nos primeiros anos de vida deste hotel, divulgado pelo professor Valter Alves no blog Melgaço, Entre o Minho e a Serra.
No entanto, através de fotografias tiradas na época, é possível saber-se mais sobre o luxo deste hotel que ia muito além dos quartos.
Começou a ser construído em 1901. Em 1902 já era uma referência em todo o país e além-fronteiras. Era dos poucos que dispunha de uma Estação Telegráfica Postal. Os clientes não precisavam de ausentar-se do hotel para enviar correspondência para onde quer que fosse.
Serviço de telégrafo já era anunciado às portas do Hotel em 1903 – Postais eram ilustrados com fotos do edifício
Fonte: Blog Melgaço, Entre o Minho e a Serra
Mostram também outras fotografias desses primeiros anos que a unidade hoteleira apresentava um espaço próprio e arejado para reserva e conservação de alimentos. Era a “despensa”, conforme aparecia escrito na fachada do edifício. Ao lado estava o “escriptorio”, que seria reservado apenas à administração do hotel.
Havia venda de tabaco. E até serviço de barbearia, bem visíveis na fachada principal. Mas, para ajudar aos momentos de lazer, existia também uma sala destinada aos apaixonados pelo bilhar.
Mas não é tudo. Conforme documenta uma outra fotografia tirada em 1903, existia também uma Salla de Jantar e até uma Salla de Vezitas onde a élite receberia convidados como se na sua casa estivesse.
Várias regalias dadas aos clientes visíveis nas paredes do edifício em 1903/1904
Fonte: Blog Melgaço, Entre o Minho e a Serra
Durante a primeira metade do século passado, o Grande Hotel do Pezo foi uma enorme referência em todo o país e até mesmo na Europa. A época dourada das termas trouxe até Melgaço ilustres figuras que ficaram alojadas nesta unidade. O primeiro cliente, ainda de acordo com Valter Alves, foi o conselheiro Manuel Francisco Vargas, ministro das Obras Públicas.
O grande rival era o Hotel Ranhada, na mesma rua. Foram anos a fio de concorrência e a ver quem dava os melhores bailes de caridade. A chegada da luz elétrica intensificou ainda mais o braço de ferro.
No entanto, os preços excessivamente elevados e o aparecimento de novos processos terapêuticos ditaram a queda dos tempos áureos do termalismo. Com a falta de clientes, os grandes hotéis daquele tempo viram-se obrigados a fechar e o Grande Hotel do Peso não foi exceção.
Nunca mais abriu. O edifício ali ficou ao longo dos anos exposto à degradação. Resta apenas uma ruína que lembra dias em que Melgaço foi mesmo muito feliz.
70 anos depois… o regresso
Cerca de 70 anos depois, é oficial. O Hotel do Peso vai mesmo renascer. A reabertura está marcada para 2022 – precisamente um século após os grandes tempos de glória.
A garantia foi deixada esta sexta-feira pelo presidente da Câmara de Melgaço, Manoel Batista. Conforme a Rádio Vale do Minho já tinha avançado, será uma unidade de luxo [apontam-se quatro estrelas] com 74 quartos.
O investimento vai rondar os 7,2 milhões de euros. Estará a cargo da sociedade OCRAM Hotel Management, de capitais luso-franceses.
Foi aprovado pelo Turismo de Portugal, e é financiado pelo Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (COMPETE).
Para além da recuperação das ruínas do antigo hotel, explicou o presidente da Câmara, o projeto prevê ainda uma ampliação nos terrenos atrás do imóvel. A traça será respeitada.
Conheça toda a história deste hotel AQUI
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Há alguns anos passei pelas ruinas do Hotel. Desconhecia por completo. Fotografei o azulejo principal. Fiquei triste. Ontem fiquei muito feliz ao visitar a região e ver as obras de reabilitação.! Quanfo abrir vou visitar, em duvida.
Que bom ver renascer este hotel. Tenho 73 anos e já não me lembro de o ver a funcionar . Lembro-me sim do hotel Ranhada onde estive algumas vezes com o meu pai que aí fez termas. Na altura essa rua tinha bastante movimento. Depois foi decaindo até hoje. De 2002 até 2015 tive casa aí proximo e quando ia até ao parque das termas parecia que por aí tinha passado a guerra. Melgaco cresceu imenso a todos os níveis e transformou-se numa linda vila com muito turismo e enoturismo. Faltava realmente recuperar a zona das termas. Pode ser que a seguir se pegue no hotel ranhada e o lugar do Pezo renasca das cinzas. Parabéns ao presidente da Câmara e às suas gentes.
ENQUANTO VIVI POR UM ANO EM MELGAÇO PASSAVA POR FRENTE DESTE MONUMENTO E PROCURAVA IMAGINAR O QUANTO HISTÓRICA FOI , AGORA ESTOU CONTENTE EM SABER QUE SERÁ RESTAURADA PARA SER MAIS ADMIRADA AINDA POIS O QUE VALE É A ARQUITETURA DO SÉCULO RENASCER E A HISTÓRIA SE RENOVAR.
SUGIRO QUE HAJA UMA SALA COM FOTOS DA ÉPOCA EXPOSTA AOS CLIENTES RECORDAREM DA MEMÓRIA DO HOTEL DO PESO COM OBJETOS TAMBÉM.