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Melgaço

Melgaço acredita que antigo Hotel Ranhada (eterno rival do Pezo) pode também renascer

28 Agosto, 2024 - 02:17

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“Há vários anos que existe esse projeto para o antigo Hotel Ranhada”.

O Município de Melgaço acredita que o antigo Hotel Ranhada, à semelhança do que está a acontecer com o Grande Hotel do Pezo, pode também vir a ser recuperado.

 

“Há vários anos que existe esse projeto para o antigo Hotel Ranhada. Mas é fundamental que se encontre um investidor”, disse o Presidente da Câmara de Melgaço, Manoel Batista, à Rádio Vale do Minho.

 

“Os proprietários maioritários estão a procurar e nós, Município, estamos a colaborar também nessa procura. Acredito que a recuperação do Grande Hotel do Pezo venha dar um novo dinamismo àquela zona e, consequentemente, mais investimento”, acrescentou.

 

 

Hotel Ranhada no início do século 20

[Fotografia: DR/Via Blog Melgaço Entre o Minho e a Serra]

 

 

 

 

Dois eternos rivais

O Ranhada, recorde-se, foi o eterno rival do Pezo durante as primeiras décadas do século passado, durante os anos de ouro das Termas do concelho.

 

Conforme conta Valter Alves, professor e investigador da história de Melgaço no blog Melgaço Entre o Minho e a Serra, o Hotel Ranhada, foi construído ainda em finais do século XIX, por volta de 1890.

 

“Foi o primeiro hotel de referência a ser edificado no Peso, em Melgaço, depois de ser descoberta a nascente de águas termais. Esteve aberto um pouco menos de um século e fechou numa época em que o turismo termal estava em profunda decadência e os aquistas já não afluíam a Melgaço como noutras décadas do século passado”, refere.

 

“É lembrado como um hotel de elevada qualidade e chegou a acolher ilustres personalidades da alta sociedade portuguesa”, aponta Valter Alves.

 

 

 

[Fotografia: DR/Via Blog Melgaço Entre o Minho e a Serra]

 

 

[Fotografia: DR/Via Blog Melgaço Entre o Minho e a Serra]

 

 

 

Batalhas diárias entre Pezo e Ranhada

O braço de ferro era constante. Os dois maiores hotéis de Melgaço – Hotel do Pezo e Hotel Ranhada – envolveram-se numa batalha sem tréguas.

 

Todos os dias, a ver que tinha maior número de clientes.

 

Começaram a surgir ideias inovadoras. Conta ainda Valter Alves que não tardou até que os hotéis começassem a organizar festas e bailes para os aquistas.

 

“Os hóspedes mais entusiasmados são os da Quinta do Peso e Ranhada. Os do Rocha são mais sossegados, mais maduros, a cuja cura de repouso se entregam sob o mais rigoroso preceito, tendo apenas por distração algum canto, música e o indispensável quino”, escreveu o jornal Melgacense em setembro de 1926.

 

 

 

Hotel do Peso, na primeira metade do século passado

[Fotografia: DR/Via Blog Melgaço Entre o Minho e a Serra]

 

 

 

[Fotografia: DR/Via Blog Melgaço Entre o Minho e a Serra]

 

 

 

O mesmo periódico registou ainda uma grande festa realizada no Ranhada a 1 de setembro desse ano. 

 

“Uma festa elegante. Música no parque, danças populares, jogos de rapazes e à noite no Salão de baile, dança, música, canto e versos recitados a primor”, descreve.

 

 

 

 

[Fotografia: DR/Via Blog Melgaço Entre o Minho e a Serra]

 

 

 

[Fotografia: DR/Via Blog Melgaço Entre o Minho e a Serra]

 

 

 

 

Preços exorbitantes… e o princípio do fim

No final da década de 30 do século passado, a sede de riqueza parecia já não conhecer limites em Melgaço.

 

A imprensa da altura, nomeadamente o Notícias de Melgaço, dava conta dos “protestos dos hóspedes que juram não voltar cá mais devido ao elevadíssimo preço porque lhe fazem pagar a inscrição de banho”.

 

“Não há razão alguma de uma inscrição custar 110$00 quando em outras termas, em que nada falta ao hóspede, custa menos de metade desta importância. Não há razão alguma de um enchimento custar um escudo quando é certo que a maior parte da água mineral corre para o regato”, contava o correspondente daquele jornal.

 

Os anos dourados das Termas de Melgaço chegariam ao fim durante a década de 50.

 

Começavam a aparecer novos processos terapêuticos – como a quimioterapia. Surgiam também novos destinos turísticos, sobretudo as praias.

 

A água termal passou a ser substituída pelo sol e pela água do mar.

 

O Hotel Ranhada esforçava-se para não sucumbir à triste realidade que teimava em impor-se. Conseguiu alcançar a década de 70.

 

 

[Fotografia: DR/Via Blog Melgaço Entre o Minho e a Serra]

 

 

O calvário tornou-se demasiado doloroso e o hotel acabou mesmo por fechar.

 

O edifício, à semelhança do rival Grande Hotel do Pezo, acabou por tornar-se uma ruína e assim permanece até hoje.

 

Na fachada, que é o que resta, é possível ainda vislumbrar-se um ou outro sinal de um passado mais glorioso.

 

 

 

[Fotografia: Google Maps]

 

 

[Fotografia: Google Maps]

 

 

O Grande Hotel do Pezo vai brevemente renascer para uma nova vida.

 

Conforme noticiou a Rádio Vale do Minho, vai acontecer em junho do próximo ano. 

 

A rede hoteleira galega Oca Hotels vai estrear-se em Melgaço com a abertura do futuro Oca Grande Hotel do Pezo. 

 

Com quatro estrelas, vai ter 60 quartos, um bar, restaurante, spa e um ginásio, além de acesso direto às termas. 

 

“É um grande orgulho ter participado e acompanhado este projeto e ver hoje este hotel quase pronto. Terá enorme qualidade. Serão quatro estrelas, com um detalhe e com um acabamento extraordinários”, disse Manoel Batista.

 

“Será certamente um ponto de viragem para o turismo em Melgaço. Há vários anos que estamos a fazer um excelente percurso nesta área. Acredito que este novo hotel vai trazer um incrimento no turismo de qualidade para o nosso território”, considera o Presidente da Câmara.

 

E o Ranhada? Irá pelo mesmo caminho? Voltaremos a ter os dois rivais de volta? “Isso era ótimo”, concluiu Batista.

 

 

 

[Fotografias capa: Google Maps | DR/Via Blog Melgaço Entre o Minho e a Serra]

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