Poucos estudos de antropologia explicarão tão criteriosamente a comunhão entre as romarias populares das aldeias minhotas e o rock mais alternativo como o Festival de Paredes de Coura, que pode reclamar sucesso no encerramento da sua 20.ª edição.
À espera da confirmação oficial do sucesso material do certame – a organização prepara-se para apresentar números no final da noite de hoje -, a verdade é que nem o dilúvio de terça-feira conseguiu demover milhares de espetadores, que acorreram ao recinto junto à praia fluvial do Taboão.
E são milhares que ajudam consideravelmente a economia local e a hotelaria (entre a institucional e a clandestina) dos municípios das cercanias, de Ponte de Lima a Viana do Castelo.
Uma multidão que, durante uma semana, oferece ao tradicional “meu querido mês de agosto” minhoto, o habitual momento do regresso de migrantes e emigrantes, um colorido diferente.
Com a mesma alegria nos olhos, há jovens que querem ver os Ornatos que nunca viram e gente mais crescida que espera ansiosamente pela confirmação da Ana Malhoa no centro da vila.
No fundo, um sentido pop [na essência da palavra “popular” da cultura britânica] que, afinal, mais não é do que o estar tudo em festa, goste-se do que se gostar, que o importante é a música.
Nas margens do festival, o campismo ganhou dimensão e na semana anterior ao início dos concertos já havia centenas de pessoas com a tenda erguida.
Tal como a organização explicou à Lusa, ainda antes do arranque do festival, há muita gente que encontra neste certame motivação para deslocação turística.
Em resumo, há um “enquadramento paisagístico” entre o rock alternativo e as tradições seculares dos minhotos que poucos acreditariam ser possível há 20 anos.
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