A feira semanal de Viana do Castelo vai concluir na próxima sexta-feira a mudança para o novo espaço provisório, enquanto decorrem obras de requalificação no Campo d’Agonia, mas o processo é fortemente contestado pelos feirantes.
A mudança dos 150 feirantes começou a 14 de setembro, decorrendo, de forma faseada, todas as sextas-feiras até final do mês.
Contudo, esta sexta-feira vários comerciantes indignaram-se com as condições provisórias disponibilizadas.
“Pago os mesmos 60 euros, tenho menos espaço e estou em cima da terra, com pó pelo ar e os clientes a fugirem. Querem é que eu vá embora daqui”, comentou à agência Lusa Albano Júnior, de Barcelos, que há mais de trinta anos vende calçado em Viana do Castelo.
Em causa está uma área provisória de 5.000 metros quadrados, em terra batida, que nos próximos meses vai acolher os feirantes, numa mudança que ficará completa na próxima sexta-feira, dia 28.
“Se hoje já foi a confusão total, para a semana vai ser pior ainda. Com muito menos espaço, querem meter aqui todos os feirantes, mas vão é acabar com a nossa feira”, apontou Maria de Fátima, de 77 anos, que todas as semanas viaja de Vila de Conde para Viana.
“Tive que mandar a minha filha embora porque não aguentava respirar com o pó que havia no ar”, disse ainda.
Segundo várias testemunhas no local, a feira semanal chegou a viver, durante a manhã [sexta-feira], momentos de exaltação entre feirantes, revoltados com a mudança e com as condições do novo espaço.
Fonte da PSP, cuja presença no recinto provisório da feira foi reforçada preventivamente a pedido da Câmara, afirmou à agência Lusa não ter registado qualquer incidente no local.
Na origem da mudança está uma obra de 2,9 milhões de euros lançada pela sociedade Polis do Litoral Norte e que deverá decorrer durante oito meses, prevendo o redesenho e valorização dos espaços da frente ribeirinha daquela zona da cidade e área envolvente ao Forte de Santiago da Barra, além do Campo d’Agonia, que também deixará de ter estacionamento automóvel.
Contactado pela agência Lusa, o presidente da Câmara de Viana do Castelo assumiu que o processo de mudança e escolha de um espaço provisório, que fica a poucas dezenas de metros do anterior, foi “acompanhado e participado” pela associação do setor e feirantes locais.
“Mas temos que ter consciência que é um espaço provisório, provavelmente até fevereiro, e que por isso reunirá as condições possíveis, não as ideais. E não podemos esquecer que um dos propósitos desta intervenção é precisamente dar condições para os feirantes, que também reclamam por isso há muito tempo, no espaço definitivo”, sublinhou José Maria Costa.
Acrescentou que a intervenção de requalificação do Campo d’Agonia “até começou pela parte norte”, precisamente a área da feira, de forma a ser a “primeira a ficar concluída e disponível para utilização”.
“Tivemos de alugar um terreno e compramos outro para manter todos os feirantes juntos e para que a feira não perdesse o interesse que tem. Ainda vamos colocar um piso drenante para minimizar os problemas, mas nesta fase transitória não podemos fazer muito mais”, rematou o autarca.
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